Capítulo 5

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JIMIN


Tenho minha cerveja por conta da casa como prometido; fria, leve e amarga na minha língua. Era refrescante, mas não consegui relaxar.

Qual era a intenção de Jeon? Por que ele estava tão decidido a me manter no bar?

Deslizei meu dedo pela condensação que se formava no copo.

Mesmo se Ankhor do Inferno tivesse um informante próximo ao Ninho, eu não tinha usado meu sobrenome, por isso não deve ser perigoso agora. Não mostrei meu rosto em nenhum negócio do Ninho e, definitivamente, não fui incluído em nenhuma reunião social ou função da igreja.

A igreja deveria ser uma reunião séria dos membros seniores do clube, mas, como eram liderados por meu pai, elas frequentemente se transformavam em disputas e brigas de bêbados.

Agora que o barulho acabou, o bar voltou ao seu zumbido de baixo nível de atividade. Jeon se foi. Os dois guardas que haviam bloqueado a porta haviam ido para uma cabine para fazer suas merdas.

Agora que concordei em sentar e descansar, ninguém parecia ter interesse em mim. Na porta, um membro de meia-idade com o rosto de um pug me observava com algum interesse, antes que seus olhos notassem algo e mudassem de direção. O reconhecimento me incomodou, porém não consegui identificá-lo.

Até o membro do clube sentado a alguns banquinhos, com cabelos listrados prateados e barba grisalha, parecia muito mais interessado no filme de terror dos anos sessenta, exibido na pequena TV atrás do bar.

Tinha que haver alguma razão para Jeon querer que eu ficasse na cidade.

Eles estavam apenas checando todos os clientes que entravam no bar? Estavam fechando as fronteiras do território por algum motivo e questionando transeuntes não afiliados? Ele precisava que alguém fizesse algum tipo de tarefa que um membro do clube não poderia fazer — como obter informações sobre um clube vizinho —, e eu era o cara azarado que apareceu? Jeon só queria procurar no meu carro? Ou ele sabia que eu estava conectado ao Ninho da Víbora?

Não. Isso era impossível. Eu estava sendo paranoico.

Bem, não era impossível. Mas era improvável. Altamente improvável.

Eu me mexi nervosamente no meu lugar.

Se de alguma forma chegasse à Ankhor do Inferno sobre o plano de meu pai, Jeon esperaria que alguém como eu aparecesse. Até onde papai sabia, eu estava em Elkin Lake, por ordem dele. Esse foi o acordo que ele impôs a mim. Eu deveria dirigir até Elkin Lake, infiltrar-me na Ankhor do Inferno, reunir o máximo de informações possíveis e voltar com elas ao Ninho da Víbora para que eles pudessem dominar o clube e assumir o controle do território.

Ankhor do Inferno é um clube de fadas. — Meu pai cuspiu na minha cara aquele dia. — Então, você vai se encaixar. Você finalmente será bom em alguma coisa.

Uma vez cumprido meu dever, ele me disse que me deixaria em paz para viver minha vida.

Eu não era estúpido. Se o plano funcionasse, seria obrigado a fazê-lo novamente. Nunca estaria livre do meu pai e do Ninho da Víbora, a menos que fosse nos meus termos. Eu tinha que ficar o mais longe possível do Ninho da Víbora. Minha única chance de liberdade era o desaparecimento. E tudo estava indo perfeitamente bem até que meu carro me traiu.

Pressionei as palmas das mãos nos meus olhos e respirei fundo.

Era quase engraçado como tudo já estava errado. Eu deveria estar enroscado em um quarto de motel de Los Angeles, assistindo TV de acesso público e comendo comida de tele-entrega. Em vez disso, estava preso aqui, neste bar terrível, sem maneira de sair. Estava basicamente iniciando o plano do meu pai por acidente. Talvez eu estivesse fadado a ser um Viper, afinal.

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