Capítulo 7

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JIMIN


Na neblina matinal de meio sono, eu sabia que estava somhando, mas isso não impediu que ele se desenrolasse:

Vamos, Jimin! — Minha mãe me puxou para perto de seu corpo.

Estávamos andando lado a lado pelas ruas montanhosas de São Francisco.

Acabamos de ver o sol se pondo, refletindo as nuvens, então mamãe usava seus grandes óculos de sol e seus cabelos castanhos ondulados estavam soltos na altura dos ombros. Ela tomou um gole de refrigerante e depois me ofereceu, a doçura explodiu em minha língua.

— Temos que chegar em casa rapidamente, então tenho tempo para fazer o jantar.

— Pizza! — Exclamei. Eu não poderia ter mais de nove anos.

— Pizza? Depois de toda essa pipoca? Que tal frango assado? Seu pai sempre gosta disso.

Eu coloquei minha língua para fora.

— Chato.

Mamãe olhou para o relógio e nós aceleramos o ritmo.

— Depressa, agora.

Quando chegamos à porta de nossa pequena casa anexa, a motocicleta de papai estava na garagem.

— Espere aqui, ok? — Mamãe bagunçou meu cabelo. — Vou mandar seu irmão vir brincar com você. Só vai demorar um minuto. — Ela mordeu o lábio enquanto olhava para mim por um longo momento, depois ergueu os ombros e foi enfrentar a besta.

Jihyun saiu alguns momentos depois. Ele se inclinou contra a caixa de correio entediantemente, como todas as crianças de 13 anos.

— O que está acontecendo? — Eu perguntei.

— Cale a boca. — Mandou.

Então ouvimos o som familiar do rugido de papai e a voz de mamãe aumentando de volume como uma onda.

Então o som de algo duro batendo em algo suave.

Comecei a chorar. Jihyun suspirou, depois se sentou ao meu lado na grama do nosso minúsculo gramado da frente.

— Ei. — Me chamou. — Não chore. Papai ficará chateado se ele ver você chorar.

Limpei meu nariz escorrendo, mas as lágrimas não paravam. Embora agora eles estivessem em silêncio, eu tinha aperfeiçoado meu choro por muitas noites para impedir que papai ouvisse. Jihyun bateu o ombro no meu.

— Mamãe é dura. Ficará tudo bem. Ela só não deveria estar atrasada.

— Nós estávamos no cinema. — Abracei meus joelhos no meu peito. — Ela disse que tudo ficaria bem.

— Papai chegou em casa mais cedo. — Ele esclareceu. — Você sabe que não pode dobrar as regras com ele. Você não deveria ir ao cinema. Papai diz que mamãe leva você a muita merda feminina.

— Mas eu gosto dessas coisas. — Falei miseravelmente.

— Papai quer o melhor para você. — Afirmou. — O mundo é um lugar difícil. Ele só quer que todos nós possamos nos defender.

Eu não disse nada. Como poderia explicar a meu irmão a diferença na maneira como papai nos olhava? Ele gostava de Jihyun. Ele estava orgulhoso dele. E eu era o problema.

Papai saiu de casa. Ele ficou parado na porta, os olhos ardendo de raiva, as veias saltando na testa e no pescoço. Mesmo com o pequeno quintal entre nós, eu podia sentir o cheiro de bebida irradiando dele. Jihyun ficou de pé como um soldado chamado à atenção.

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