Não faça sexo!

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Lee está nervoso. Não só porque sua mão suada aperta demais a minha quando deixa que eu o conduza escada acima, mas porque o ar fica viciado conforme sua respiração suspende.

Será que algum dia ele não reagirá a qualquer coisa que eu faça como se precisasse chamar o esquadrão antibombas?

Eu o empurro para dentro do quarto, fecho a porta com o pé. Meus olhos estão fixos nele. Percebo que se preparou para uma nova rodada de conversa. Porque foi o que eu disse afinal, no barranco.

"Podemos conversar?"

Lee tem uma ótima memória. Exceto para se agarrar ao pensamento de que o que ele queria pegar da gaveta era uma camisinha. Tomarei cuidado para o resto da vida com o quão fácil consigo fazê-lo se distrair.

Eu não quero mais conversar.

E odeio que a expectativa dele pelas minhas palavras tenha se tornado uma premonição ruim.

Não quero mais me lamentar.

Quero acabar com isso. Quero destruir a tensão crescendo ao nosso redor, nos embolhando em incerteza.

Quero transformar a pulsão de morte em pulsão de vida.

Felizmente, isso eu sei fazer.

Caminho para a frente, sua expressão nubla, confusa, transmuta para uma hipótese, com a qual ele nada faz, porque faço primeiro. Espalmo as duas mãos em seu peito e o empurro. Não sou bruto dessa vez, ele me ajuda e anda para trás, se deixa cair sentado na beira da cama.

Ele tenta impedir que eu me abaixe, mas lhe dou meu mais afiado olhar de "não se atreva". Sento sobre meus calcanhares e puxo a perna dele para cima das minhas coxas. Primeiro à esquerda. Desamarro seu tênis e o arranco, jogo a meia sem ver para onde. Repito o processo no lado direito. Há uma manchinha de sangue pisado no dedão. Eu aperto. Ele exclama um susto dolorido e puxa o pé. Eu o olho com sarcasmo e quando ele julga, paro. Às vezes esqueço que não é porque Lee sabe administrar suas dores físicas, que não as sente.

Espero que me ensine a fazer isso.

Me levanto. Ele tenta ajudar e eu ignoro. Quero deixar isso para quando for inevitável. Começo a caminhar para o banheiro e paro quando percebo que ele não está me seguindo.

— Não vai tomar banho antes de irmos?

Ele balbucia um protótipo de resposta. Eu corto.

— Prefere que eu te ligue?

Me viro. O canto de seus lábios se curvam, seus olhos sorriem. Finalmente. Eu respiro. A nuvem negra começa a sair da nossa bolha e ir se juntar ao mau tempo lá fora.

— Eu podia ter me esforçado mais no seu presente de aniversário.

Estendo a mão e ele aceita. Por que sou sempre eu, como um demônio, puxando Lee para os cantos? Bom, não é uma reclamação desde que ele continue vindo.

Mas quando ele entra no banheiro, minha mente estala, eu viro o braço e o afasto para abrir passagem, me apresso até a porta do quarto e chaveio. Retorno ainda apressado. Chaveio a segunda barreira. Lee me olha com uma interrogação.

— Podemos ter visitas.

Ele continua sem entender e sei que está pronto para me explicar que Neji nunca faria isso e os outros vão demorar, mas estou pensando na Shijima e na possibilidade dela trazer o Shinki, o que é uma longa história. Envolvo as mãos na gola da camisa dele, o puxo para mim e invado sua boca com minha língua.

A princípio com fúria. Sei que nos beijamos a poucos minutos atrás, porém agora estamos sozinhos e não estou sendo pego de surpresa. Ele ainda está aqui comigo, ele não me odeia.

como sobreviver ao fim de ano [GAALEE]Onde histórias criam vida. Descubra agora