capítulo 14.

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Eu ignorava a conversa dos outros quatro na mesa me concentrando em dar comida para minha filha que continuava alheia a todos e brincava com sua boneca nova que Ryujin deu a ela enquanto mastigava, mesmo eu sentindo os olhares de ambas mulheres em mim eu sorria para a mais nova toda vez que ela apontava na mesa o que ela queria na colher, era bom ver ela comendo bem.

Comecei a comer em silêncio depois que Eunji se sentiu satisfeita, só parei quando eu vi ela quase dormindo no sofá, me levantei pegando ela no colo e de quebra tendo que levar seus brinquedos junto, a levei pro quarto e a coloquei na cama.

– Eu gostei de vir morar aqui - ela disse bem sonolenta quase dormindo, rio fraquinho dizendo baixo.

– Porque você ganhou brinquedos novos? - ela negou.

– Porque agora eu tenho uma família maior e conheci a praia bem de pertinho - perco o sorriso me sentindo péssimo por não ter deixado ela ter contato com o resto da família dela.

– Então você está feliz filha? Você jura?

– Uhum, estou muito feliz, eu não preciso daqueles papais, eu tenho você, o tio Kota, tia KoKo e agora avós e tias, eu gosto da nossa família - ela terminou de resmungar caindo no sono, mordi o lábio segurando o choro, mas engoli a grande vontade de deixar escapar.

Respirei fundo mais umas três vezes antes de cobrir o corpo minúsculo e sair do quarto deixando a porta semiaberta, ao me virar me deparo com Yuna encostada na parede do outro lado do corredor me olhando.

– O que você quer? - perguntei curioso, não escutei ela subir, eu ia continuar falando até ser interrompido pela mais velha.

– Ela é tem seus olhos - fiquei quieto surpreso - Eu queria trazer um presente melhor para ela, mas a mamãe nos convidou de última hora então só consegui buscar a Ryujin no trabalho e passar numa lojinha no caminho.

– Não precisava trazer nada, mas agradeço pelo gesto.

Ficamos em silêncio até eu suspirar e tentar passar por ela para ir em direção a sala, meu braço foi segurado por ela, olhei para onde eu sentia o aperto e rapidamente fui solto escutando ela lamentar.

– Me desculpa, não queria te machucar….podemos conversar? Por favor - olhei pensativo antes de assentir, segui ela até o antigo quarto dela que agora estava mais maduro no visual, nesses quinze dias que passei aqui não havia entrado nesse cômodo e nem no quarto dos meus pais em respeito a privacidade deles, fiquei encostado na porta esperando ela começar a falar.

– Queria começar pedindo perdão, por todos esses anos e pela forma que eu agi.

– Está perdoada - sua surpresa não foi escondida.

– Está me perdoando? Sério? 

– Eu acabei de perceber que é inútil eu tentar manter a Eunji afastada do resto da família dela, para isso preciso perdoar vocês, mas não quer dizer que eu irei agir como se nada tivesse acontecido, mas vou tentar deixar de lado por enquanto.

– O que te fez mudar de ideia? Sabe, antes da terapia eu era orgulhosa ao ponto de realmente nem ter essa conversa com você e fingir que nada aconteceu, mesmo tendo te machucado.

– A minha filha mudou minha opinião, ela acabou de me dizer que está feliz que nossa família aumentou e isso me fez me sentir um péssimo pai por tê-la criado longe dos parentes.

Vi em sua feição algo que nunca imaginaria ver, era uma cara de empatia.

– Não acho que você seja um pai ruim, isso soa estranho mas ... .eu acredito que seja um desses motivos que eu mais tinha inveja de você, você tem a capacidade de gerar uma vida e as crianças sempre adoravam ficar perto de você, eu acho que o lance de não poder ser mãe me frustrava muito mais do que eu imaginava.

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