Capítulo de Interlúdio

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Já faz dois dias desde que Katsuki foi sequestrado. Kirishima tentou manter seu ânimo leve de início, ele voltaria, ele sempre volta. Katsuki é forte, ele não sucumbiria para os vilões sem uma luta primeiro e isso daria aos heróis uma pista de onde eles estavam o mantendo.

Mas... não fazer nada para procurá-lo parecia errado. Era como se ele constantemente estivesse carregando pesos por aí e sua mente, que normalmente sempre procura pelo lado bom das coisas, estava... em silencio.

E isso o consumia, ele tentou conversar com Kaminari e Mina, seus amigos mais próximos, em uma tentativa de sair dessa bolha de depressão que ele entrou.

Mas seu riso era claramente forçado, nunca alcançava seus olhos. Ejirou constantemente sentia um aperto forte no peito, bem onde seu coração se localizava.

Realmente... distrações não funcionavam. Seu cérebro sempre achava um jeito de voltar para Katsuki. E ele não poderia deixar de se culpar pelo que aconteceu.

Se ele tivesse ouvido Sensei e ficado na casa em segurança, nada disso teria acontecido.

Foi porque ele apareceu que Katsuki imediatamente foi defendê-lo e essa distração causada foi o principal motivo da captura dele.

Se Ejirou não estivesse lá, Katsuki ainda poderia estar entre eles

Se Ejirou tivesse ouvido, Katsuki não teria se distraído.

Se Ejirou não fosse tão fraco, ele poderia ter sido de alguma ajuda.

E seu namorado estaria dormindo ao seu lado.

Mas tudo o que ele fez naquela luta foi atrapalhar. Ele não conseguiu enxergar o quão perigosos aqueles vilões eram. Por mais que devesse estar na cara.

Os sons de seus passos ressoaram alto naquele corredor silencioso do hospital. Uma sacola repleta de frutas balançava ao seu lado conforme ele andava com o olhar colado no chão branco e limpo.

Ele pode não ser capaz de fazer nada por Katsuki mas ele ainda pode ajudar seus colegas de classe.

Yaoyorozu havia sido muito ferida no Acampamento, e atualmente ele estava indo levar frutas e palavras de melhoras de toda a turma para ela, já que o hospital não permite mais de um visitante que não seja da família.

Ele levantou a cabeça minimamente, apenas o suficiente para que os números nas portas se tornassem visíveis através de seus fios vermelhos caídos em seu rosto pela falta de gel em seu cabelo.

O quarto dela possuía um número qualquer, ele educadamente bateu algumas vezes antes de entrar.

— Momo? —

— Kirishima-kun? Que surpresa! Entre. — Ela respondeu de seu lugar na cama. Ela estava sentada e apoiada no encosto, exausta, mas ainda com um livro na mão

A parte superior de seu pijama hospitalar estava desabotoada na parte da frente, o que permitiu a visão de todo o seu tórax coberto de ataduras brancas. Vários fios a ligavam as máquinas ao seu redor, checando sua frequência cardíaca e diversas outras coisas cujo Kirishima não tinha nenhum conhecimento.

Kirishima se aproximou com a sacola em mãos, depositando-a na cômoda minúscula a lado da cama.

— Como vai? Melhorando? — perguntou

— O progresso é um pouco mais lento do que eu esperava, mas eu não estou mais em risco de vida. Tenho que agradecer a Aizawa por isso. — Momo respondeu fechando o livro

— Sensei ou Izuku? —

— Izuku. Se ele não tivesse agido rápido e cauterizado a ferida eu poderia estar morta antes da ajuda chegar. —

E se Izuku tivesse uma quirk demoníaca?Onde histórias criam vida. Descubra agora