Dois • Quatro Números

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Dias de treinamento para preparo físico. Eram os piores.

Após horas sendo pressionado por Danilo, Louis sentia apenas um desejo: Voltar para casa e jogar-se no sofá. Qualquer coisa relacionada a Harry Potter seria muito bem-vinda em sua televisão. Desde muito jovem, Louis sempre gostou da saga.

No entanto, antes que cumprisse seu desejo, as obrigações de morar sozinho lhe chamaram. Era uma terça-feira, dia de ir ao mercado. Como morava em Cidade Jardim, e unindo a necessidade de comprar alguns pares de meias e um novo vidro de seu perfume, optou por ir ao Shopping localizado em seu bairro.

É claro que o custo era maior, as coisas eram mais caras, porém lhe parecia mais prático e próximo ao Morumbi. Ademais, a situação financeira de Louis era bastante confortável, afinal poucos ganhavam tanto quanto um jogador de futebol. Cerca de quatrocentos mil reais por mês.

E, segundo seu agente, sendo seu primeiro ano jogando na Série A, aquilo era uma grande vitória. Era garantido que o valor aumentasse na próxima temporada.

Após as compras, Louis fez sua última parada ao entrar no Mercado Varanda. Deveria fazer as compras da semana. Viver de Ubereats e Ifood não era exatamente o recomendado pelos preparadores do clube. Além do mais, ele havia crescido em um lar humilde, tarefas do lar não eram estranhas à sua realidade.

E embora dinheiro não lhe faltasse, vivia sozinho e era desnecessário morar em um local exageradamente grande para uma só pessoa. Seu apartamento era alto padrão, mas sem tremendos exageros. A sua família vivia na cidade, em uma casa que havia sido a primeira compra após receber seus primeiros salários.

Seus pais e as duas irmãs mais novas eram a prioridade de sua vida.

Empurrando o carrinho pelo corredor, Louis tentava manter em sua memória todas as coisas que necessitava comprar. Uma lista seria muito útil e ele havia feito uma em seu bloco de notas no celular, mas era impossível vê-la naquele momento, considerando estar em uma chamada com Calleri.

— É uma terça-feira à noite, oito horas — Louis disse — eu só quero dormir.

"Por que dormir, se pode tomar alguns shots de vodka comigo e o Beraldo?"

— Porque eu cansei de ver a cara de vocês dois por hoje. Além do mais, se o Doripai ver a gente bebendo em dia de semana, ele acaba com a gente — riu — e já levei muita bronca essa semana, por conta da minha expulsão.

"Para de bancar a Dona de Casa. Eu sei que não quer sair com a gente, porque é pai e tem que cuidar da sua cria, mas a gente pode passar na casa do James e deixar o sobrinho lá"

— Não vou largar o meu filho na casa do James, lá não é creche — abruptamente parou na sessão de Frios. Deveria comprar uma tábua montada, era seu "lanche" favorito após o jantar junto a uma ou duas taças de vinho.

"Dobby o Cachorro Doméstico é quase um filho para o James"

Louis esforçou-se para segurar uma risada alta mediante tal comentário de seu amigo. Louis costumava chamar seu cachorro daquele modo.

— Eu não vou sair, tô cansado.

"Tomlinson"

Louis estava dando algum tempo para que seu amigo cansasse, mas sabia o quanto poderia ser persistente. Ao empurrar seu carrinho alguns metros, abriu a geladeira onde os potes de manteigas eram expostos.

"Eu pago, é pegar ou largar. Além do mais, você precisa transar, tá ficando igual um velho ranzinza"

— Você e o Beraldo são dois vagabundos — riu, alcançando um pote para colocá-lo dentro do carrinho — prometo que vou na próxima.

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