Cinco • Ex & Afins

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— Espera, deixa ver se eu entendi bem — em meio suas palavras, Harry esforçava-se para segurar a risada presa em sua garganta — o maior mico da sua vida foi aparecer no "Atrasados no Enem" no seu primeiro ano fazendo a prova?

— Pra você ver como pobre sofre — este lamentou, logo após beber um largo gole do suco de goiaba. Havia se empanturrado de batata-frita com queijo e bacon, porém certamente sobraria espaço para o prato principal.

O bar permanecia bastante movimentado, repleto com os sons das vozes de todos os tons imagináveis agindo em conjunto, embora cada qual em sua própria conversa. Algumas pessoas presentes no local curiosamente olhavam em direção a mesa onde Louis havia acomodado-se em companhia de Harry, no cantinho discreto daquele bar. No entanto, ninguém os incomodou.

Aproveitavam-se do momento para se conhecer um pouco mais.

— Já te falei muito sobre mim, quero saber sobre você também — Louis sugeriu o novo assunto.

— Você não falou quase nada sobre a sua vida — revirou os olhos, em seguida levando uma batata-frita coberta com queijo até sua boca.

— Pô, eu falei tudo que é preciso saber em um primeiro encontro — cruzou os braços sobre o peitoral, havia um sorrisinho em seus lábios.

— Faz um resuminho, só para refrescar minha mente, Louis Tomlinson — pediu, cruzando os braços sobre a mesa.

— Harry — suspirou — tenho vinte e dois, e nasci em Embu das Artes. Tenho duas irmãs mais novas e gêmeas.

— Não me lembro de você ter dito o nome delas.

— Carolina e Camila.

— Nomes lindos — Harry elogiou — algo mais que queira me contar?

— Eu tenho um Pinscher. O nome dele é Dobby — o disse.

— Que fofo, tem alguma foto dele?

— Ei, não vai pensando que vou te contar tudo sobre mim no nosso primeiro encontro. Tenho que guardar informações pro próximo — disse convicto.

— E quem disse que vai ter um próximo, Tomlinson? — Harry quis soar indiferente, porém uma risada lhe escapou.

— Mas é claro que vai — o jogador encolheu os ombros — eu me garanto. Mas agora é sua vez de falar.

— Bom — ele suspirou — eu tenho dezenove anos e vou completar vinte em dois meses. Tenho um irmão mais novo, o Caio, e nasci aqui em Moema.

— Ser árbitro de futebol foi sua primeira escolha? — soou curioso.

— Eu sempre gostei muito de futebol, mas nunca fui um bom jogador e, com o passar do tempo, eu confesso que comecei a gostar mais dele ao acompanhar de um ângulo entre os jogadores e torcedores. Quando terminei o ensino médio, eu busquei um curso de formação nessa área.

— Você é bem novo, se formou em menos tempo que o convencional?

— Alguns meses antes, pouca coisa — encolheu os ombros — e comecei a atuar esse ano ainda. E você? Sempre quis ser jogador?

— Pra falar a verdade, só fui pensar em ser jogador profissional aos dezoito. Sei que todo mundo tem esse sonho de ser estrela no futebol, só que minha mãe sempre colocou na minha cabeça que eu precisava entrar na faculdade. Na época que fiz meu primeiro enem, era uma situação econômica complicada e ela via os estudos como uma maneira que eu tinha de escapar de viver aquilo pra sempre.

— Se dá bem com as suas irmãs? — apoiou o queixo com a mão, parecia interessado.

— Bastante — sorriu — eu cuidei delas por muito tempo. Eu ia para escola de manhã, cuidava delas pela tarde e trabalhava à noite. Eu sei me virar sozinho por esse motivo. Meu pai trabalhou por muito tempo como caminhoneiro e minha mãe trabalhava em um posto. Eu estudava pra caralho, então futebol pra mim era lance de televisão.

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