Se havia algo que Harry odiava, era ser injusto quanto aos privilégios que possuía. Além de pertencer a uma família cuja situação economica era muito boa, atingir sua independência financeira havia sido fácil.
Foi presenteado por seus pais com um apartamento em área nobre e um ótimo carro novo. Trabalhava fazendo algo que genuinamente era sua paixão e recebia muito bem pelo pouco esforço que o trabalho exigia. Apitar quatro ou cinco jogos dentro de um mês, lhe rendia quase vinte mil.
Como dito, sabia o quão era beneficado.
No entanto, certos dias poderiam ser cruelmente exaustivos. Era uma sexta-feira, a poucas horas havia retornado para São Paulo, após sua estadia de três dias em Curitiba para apitar um jogo entre a equipe da casa e o Grêmio. Ao retornar, deixou suas coisas em casa e tomou um refrescante banho.
Havia telefonado para sua mãe enquanto dirigia até o Morumbi. Como combinado entre eles, pegaria o jogador após o treino para que pudessem almoçar juntos. Afinal, quase quatro dias distantes era muito para quem havia se acostumado tanto com a presença do outro, em tão pouco tempo.
Os dias fluíram tão levemente ao longo da semana, desde a noite juntos, que ainda que ocupados havia tempo para trocar algumas mensagens descrevendo o dia e, às vezes, uma rápida ligação para sanar a saudade de suas vozes. Louis era mesmo um cara incrível.
O jogador estava concentrado nos treinos. Com seu avanço para a final da Copa do Brasil, a equipe não parecia dar atenção às demais competições que disputavam. Após serem eliminados da Sula, pareciam deixar a desejar em seu desempenho no Brasileirão.
Então, Dorival os estava obrigando a dar tudo de si para conquistar a taça quase garantida.
Harry observou atentamente o belo jogador de cabelos platinados correndo pelo gramado agilmente. A pele bronzeada parecia lisa, banhada com o suor que reluzia os desenhos em sua pele, escorrendo pelo corpo repleto de músculos muito bem trabalhados.
Louis era incrível, não se admirava do quão fácil conquistou seu pai, ainda que Jorge fosse um fanático pelo Corinthians. Sabia ser educado, na mesma medida em que divertia qualquer pessoa ao seu redor e os hipnotizava com seu senso de humor. Além de ser um ótimo companheiro.
— Tomlinson, o Calleri está bem ali — o cacheado ouviu o alerta do treinador para seu companheiro. O jogador pareceu compreender, pois passou a bola agilmente para o colega de equipe, que avançou pela área e marcou um gol — ótimo, continuem aperfeiçoando a troca de passes.
Louis agachou-se, apoiando as mãos nos joelhos. Embora seu olhar estivesse baixo, a figura sentada na fileira mais baixa da arquibancada teve sua atenção no instante em que foi notada. Forçou a vista para confirmar se era quem pensava ser. Harry havia chegado a tão somente cinco minutos.
— Posso beber água?
— Cinco minutos. Amanhã temos uma partida pelo Brasileirão e é preciso repassar algumas jogadas — Dorival os alertou, fixando aquele lembrete em suas mentes. Com um aceno de mão, Louis e os colegas de equipe foram dispensados para beber água.
— Valeu, Dori — Louis esboçou um enorme sorriso, enquanto avançava pela grama em direção a Harry na arquibancada. Sabia que o jogador não se importava com a atenção dos demais ou em esconder sua relação ainda não classificada, mas Harry ainda o pedia para serem discretos.
Esboçou um sorriso adorável ao finalmente vê-lo de perto. Embora cansado do arduo treino, ainda era o cara mais bonito que Harry havia visto:
— Oi, amor. Sentiu saudades?
— Não tenho certeza — Harry encolheu os ombros, fingindo pouco caso.
— Você tava maluco de saudades, eu sei. Me ligou todos os dias, trocamos mensagens e, que eu me lembre, falou que estava morrendo de vontade de me abraçar e dormir comigo. E olha que nós dormimos juntos só uma vez.
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entre clássicos
Fanfictiona história entre uma revelação do são paulo futebol clube, louis tomlinson, e o jovem árbitro que foi designado para apitar um disputado clássico, harry styles.