Seis • Parabéns, Cunhado!

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O tempo é o pior inimigo daqueles que estão à espera de algo.

E Louis, durante uma longa e dolorosa semana, aguardou por algum sinal de Harry.

Em sua humilde opinião, o encontro havia sido bom o suficiente para merecer uma "parte dois". O bar era ótimo, o ambiente era agradável e continha a estética brasileira cuja mistura era ânimo e acolhimento. Suas conversas transcorreram de forma calma e espontânea. Foi divertido e Louis acreditou ter sido gentil e educado a todo momento.

Harry demonstrou adorar aquilo. Isto, é claro, até o momento em que chegaram ao apartamento da família deste. De certo modo o ânimo de seu acompanhante fora totalmente dizimado por algo, ou alguém. Louis seguia sem compreender exatamente o que havia acontecido.

Naquela noite, após esbarrar em um velho colega de profissão cujo time era o Palmeiras, ele voltou para casa. Aguardou receber a mensagem que Harry havia se comprometido em enviá-lo, porém não recebera nada.

Esperanças? Ele possuía aos montes. Mas seria bobo mencionar que esperava por algo há seis longos dias?

— Foi um ótimo treino, Louis — Dorival o parabenizou, enquanto ambos caminhavam em meio ao corredor vazio.

— Acha que vou ser escalado para o jogo de domingo?

— É uma disputa fora de casa, fora do país — Dorival suspirou as palavras, como se apenas pensar no quão trabalhoso seria, já o cansasse o suficiente — precisamos dos nossos melhores jogadores em campo, isso inclui você.

— Ótimo — sorriu abertamente, um pouco mais confiante — LDU não tem chance contra nós, mesmo fora de casa.

— É nosso jogo de volta — o lembrou — há uma vantagem para nós.

Louis possuía plena consciência de que não seria fácil, afinal o clima e a altitude do Equador eram muito diferentes do que os jogadores brasileiros estavam habituados. Mas a autoconfiança sempre fora uma qualidade sua.

— A doutora está esperando você  — o homem avisou-o.

— Até amanhã, Doripai — trocou um rápido abraço com o homem cujo sorriso dominou seus lábios em meio ao ato amoroso.

Considerava Louis o trabalhoso filho caçula.

Ao entrar na sala particular de Dorival, deixou a alça da mochila escorregar pelo braço até cair ao lado da poltrona cuja estampa era alegre e convidativa. Fernanda, que estava acomodada no sofá de mesma estampa em frente a ele, mostrou-lhe um sorriso amigável.

— Como vai, Louis?

— Vou — suspirou, esparramando-se no assento. Encolheu os ombros e o ato dissera mais a ela do que as últimas palavras — eu estou cansado, a semana inteira foi cheia de compromissos que exigiram muito de mim.

— Quer conversar sobre os acontecimentos? — o incentivou.

— Desde segunda-feira eu tenho ido a treinos, coletivas de imprensa entre outros compromissos tediosos.

— Algo que tenha te chateado em específico?

— Meu empresário está tentando me convencer de que analisar algumas propostas de outros times seria ideal para o meu futuro e eu acredito que seja. Mas eu sinto que acabei de começar a minha carreira profissional. Jogo no São Paulo a pouco tempo, é o meu primeiro campeonato na Série A.

— E as outras propostas são mais interessantes? Ou você tem apego ao clube?

— São Paulo é muito importante pra mim. Foi meu primeiro clube. Existem ofertas melhores para a próxima temporada, mas eu sinto que não fiz o suficiente.

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