Três • A Chance

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— Ainda não acredito que você conheceu Louis Tomlinson e não pediu pra tirar uma foto com ele.

Novamente Harry recebera a pergunta de seu irmão ligeiramente mais novo, Caio, quanto ao clássico de alguns dias atrás. Suas últimas conversas com o caçula eram principalmente baseadas no nome do jogador são-paulino. Como um torcedor do clube e fã de Louis, Caio estava encantado com a experiência de seu irmão.

Mesmo que Harry não compartilhasse de sua empolgação.

— Já falei que não é algo impressionante esses jogadores cruzarem o meu caminho. Faz parte da minha profissão.

Aos fins de semana, Harry costumava visitar sua família em Moema, lugar onde havia crescido. Seu pai, Henrique, era promotor de justiça e sua mãe, Fernanda, uma psicóloga com ótimas recomendações. Fora criado em um ambiente confortável, a boa condição econômica lhe permitiu ter vários luxos durante sua vida.

Embora pressionado por todo Ensino Médio a cursar Direito ou Psicologia, Harry tinha paixão pelo futebol e adorava o esporte. Ser jogador estava distante de suas habilidades, o que lhe motivou a buscar uma alternativa que lhe permitisse trabalhar com o meio sem que precisasse entrar em campo como parte de alguma equipe.

Ao completar o Ensino Médio, Harry buscou por um curso oficial de Formação de Árbitros de Futebol em seu Estado. Menos de dois anos após iniciar a preparação, conseguira se sair muito bem ao ponto de ser qualificado para participar de sua primeira partida na Série B, semanas depois.

Quando deu-se conta, era um garoto de quase vinte anos, apitando jogos de Série A, em campeonatos reconhecidos pelo mundo inteiro. A princípio não ganhava rios de dinheiro, o ganho era infinitamente inferior ao que um jogador costumava receber. Mas contentava-se com seus quatro mil reais por partida, considerando apitar ao menos cinco jogos por mês.

Harry morava sozinho, em um apartamento seu e com um carro próprio. Aquele dinheiro era para seu próprio sustento apenas.

— Quero ser árbitro de futebol quando for mais velho — Caio disse.

Costumava mudar de ideia quanto a profissão a todo momento, ele tinha dezessete anos.

— Pensei que quisesse ser jogador — o cacheado lhe questionou.

— É, na real eu quero ser como o Louis — o garoto sorriu — ele é maneiro, todos os meus amigos são fãs dele.

— São é? — Harry arqueou a sobrancelha.

Naquele momento, estavam na sala e o mais velho conversava com o irmão enquanto assistiam algo na televisão.

— Fiquei popular na escola depois que descobriram que o Louis Tomlinson empurrou meu irmão ao vivo — se animou.

— E o irmão que se foda, ein? — revirou os olhos.

— Aquela capinha que tu me deu, com o autógrafo do Louis, fez o maior sucesso lá na escola também. Cobrei um real pra quem quisesse tirar foto com ela e cinquenta centavos pra tocar — sorriu abertamente, como se estivesse orgulhoso de sua ideia — consegui quarenta e dois reais.

— Tem tanto moleque fã dele na tua escola pra ter ganho todo esse dinheiro?

— É o Louis Tomlinson — disse, como se fora um crime esnobar a importância do jogador.

— Já entendi — riu, negando com a cabeça — eu não achei ele um cara legal. Essa semana me encontrei com ele no mercado e-

— Você tirou foto com ele? Falou que tem um irmão mais novo que é fã e gravou um vídeo pra mim? — o encarou em ânsia.

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