Praticamente ensurdecido pela forte onda de gritos que emanavam da torcida tricolor em comemoração a partida, Louis junto a Calleri caminhavam em direção ao estacionamento, após a vitória de quatro a zero sobre a equipe do Sul.
— Onde vai ser a comemoração? — Calleri perguntou por alto.
— Vocês eu não sei — deu de ombros, ao abrir a porta esquerda do passageiro — mas eu vou ligar pro Harry.
— Conseguiu o número dele? — franziu o cenho, acomodando-se no banco ao lado do motorista.
— Se lembra do lance com a psicóloga sábado? — ao entrar no carro, ele o perguntou — por acaso ela é a mãe do Harry.
— Tá de sacanagem? — este riu — ela te passou o número dele? Do nada?
— Disse que fiquei interessado e depois de responder algumas perguntas, ela me passou o número.
— Por que não mandou mensagem ainda? — resmungou, ambos acomodando-se no banco.
Aguardavam uma terceira pessoa.
Habitualmente Louis dava carona aos amigos, após os treinos e alguns jogos. Eram vizinhos de bairro.
— Ela me contou que ele tava viajando e voltaria ontem ou hoje.
— Hm — acenou — vai convidar ele pra sair hoje?
— Primeiro tô torcendo pra ele não me bloquear caso eu mande mensagem ou ligue.
Louis ligou o carro, a BMW acendeu todo o painel no instante seguinte.
— Cadê esse porra do Beraldo? — Calleri resmungou.
— Disse que ia falar com o Dori — se inclinou para subir as janelas do veículo, haviam flashes por todo canto, a torcida parecia eufórica cercando as grades do estacionamento privativo.
De fundo, soava alguma música aleatória de sua playlist.
— Quando foi que tu descobriu que era gay? — Calleri perguntou, a dúvida aleatória surgindo em sua mente.
— Não sou gay, eu sou bisexual.
— Ah, sim — acenou — e quando descobriu que curtia homens?
Era uma pergunta bastante comum. Louis lidava com questões a sua sexualidade a todo momento, torcidas rivais adoravam usar de argumento para praticar homofobia em cânticos organizados.
— Gosto dessa — Louis se referiu a canção que soava no interior do carro. Preta do Cabelo Cacheado.
— Pô, vai me ignorar? — Calleri arqueou a sobrancelha.
— Descobri desse jeito, acredita? — inclinou a cabeça para encará-lo.
— Que jeito? — soou confuso.
— Tava com um amigo, dentro do carro — lhe mostrou um sorrisinho — e daí ele me perguntou "curte homens?".
— Hm, sei — o olhou de forma desconfiada.
Ao fundo, e adicionando certo teor ao clima, o refrão soava "Nós dois pelado, dentro do carro, com vidro fechado e som tocando baixo...".
— Ih, tá maluco — Calleri resmungou — eu hétero, parceiro.
— Será? — arqueou a sobrancelha.
— Vem com essa não — virou-se para janela, tentando abaixa-la, embora houvesse apenas uma fresta.
— Ninguém vai ficar sabendo, cara — Louis usou certo tom de voz manso — e eu não vou pegar pesado, relaxa.
— Beraldo — Calleri gritou pela fresta da janela — socorro.
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entre clássicos
Fanfictiona história entre uma revelação do são paulo futebol clube, louis tomlinson, e o jovem árbitro que foi designado para apitar um disputado clássico, harry styles.