Oito • Platinado

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Certamente Harry não deveria estar correndo qualquer tipo de risco por um mero ficante.

No entanto, ali estava o cacheado, aguardando ansiosamente o ônibus da equipe do São Paulo encostar na sede. Antes que Louis viajasse, haviam combinado de se encontrar no Morumbi, onde os jogadores seriam entregues após viagem.

Harry odiaria confessar em voz alta o quão estava empolgado para o jantar com Louis.

Havia colecionado várias experiências ruins com jogadores ao longo dos meses. Inclusive, seu último caso o gerou mais traumas do que poderia citar.

Mas não poderia passar toda vida sem permitir a si mesmo um pouco de diversão.

Sua mãe o alertara uma porção de vezes sobre evitar pensamentos negativos, porque em determinada ocasião o aglomerado de coisas ruins consumindo sua mente poderia se manifestar de forma que atrapalhasse sua vida.

E talvez devesse tê-la escutado e afastado as más vibrações.

O celular vibrou em seu bolso, anunciando que havia uma nova notificação. Para sua infelicidade, não era Louis.

Sei que está lendo as mensagens, mesmo que tenha retirado o visto
Terminamos mas isso não significa que pode sair com amigos meus, Harry

As primeiras mensagens foram relidas um par de vezes. Era difícil acostumar-se com aquela perseguição.

Eu vi o Tomlinson te deixando em casa aquela noite. Não te quero perto dele

— O que eu preciso fazer para ter paz? — resmungou para si.

Após guardar o celular novamente no bolso, um familiar barulho chegou até seus ouvidos. Instantes depois, um enorme ônibus cujo logo oficial do São Paulo estava gloriosamente estampado na lateral, estacionou em frente a entrada aos fundos.

Harry animou-se novamente, lembrando da possível noite animada que teria com Louis. Era cedo, às quatro da tarde. Levariam horas para o horário do jantar.

Temendo que houvessem repórteres por perto, ansiando por palavras de alguém da equipe a respeito do jogo, o cacheado escondeu-se. Embora o resultado da partida houvesse sido um favorável empate para o São Paulo, as vitórias eram muito mais acolhidas. 

Não custou muito tempo para que Harry avistasse a cabeleira platinada descendo do ônibus, ao lado de Dorival. Louis caminhou em sua direção, pouco disfarçando para onde ia e não notando os inúmeros olhares de pessoas da equipe sobre ele.

— Não acredito que realmente platinou o seu cabelo — foi a primeira coisa que Harry disse.

— Você não me deu escolha. Precisei me unir à concorrência — um sorriso humorado surgiu em seus lábios.

— Quando foi que você pintou?

— No hotel em Quito. Calleri me ajudou — explicou superficialmente — acho bom você se apaixonar por mim. A água oxigenada quase arrancou a minha pele, fiquei parecendo um frango. Dorival quase me matou.

— Você não precisava ter platinado o cabelo. Eu gosto do seu tom natural — encolheu os ombros.

— Mas agora você vai gostar dele platinado, antes que eu sofra um corte químico — Louis cruzou os braços.

— Eu gostei — esforçou-se para não gargalhar — sua viagem foi boa?

— Terrível. Estamos voando desde ontem a noite, eu não aguento sequer olhar para um avião. Quase não dormi durante o voo, porque o Moura e o Rafinha estavam discutindo um possível placar para o nosso jogo de volta pela semifinal da Copa do Brasil.

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