Você foi escolhida para a missão

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Lauana rolou por sua cama e se levantou, vestindo suas roupas com pressa. Nós duas estávamos atrasadas para o trabalho. Depois que Noah saiu para a escola na manhã de segunda-feira, em vez de ir direto para o escritório, decidi me dar um pouco de "alegria". Ou, pelo menos, tentei. Estar com Lauana não era lá tão alegre - só uma rapidinha insignificante com uma mulher que era uma amiga com benefícios ocasional havia alguns meses. Se sentimentos estivessem envolvidos, cancelaria o propósito, que era não sentir nada.

Lauana era a ex-mulher de um adversário de negócios. Um dia, ela me mandou uma mensagem do nada para me contar sobre seu divórcio e, então, perguntou se eu queria sair com ela para beber alguma coisa.

O que mais me perturbou foi que, no meio do sexo com Lauana naquela manhã, eu estava pensando em... Maraisa. Incrivelmente problemático, não era? Seu lindo rosto. Seus cabelos curtos pretos e seu pescoço delicado. Seus olhos castanhos gigantescos. O jeito como sua respiração pareceu acelerar quando a toquei depois que ela derrubou a caneca de chá. Dadas as circunstâncias da minha vida - sem contar o fato de que ela era oito anos mais nova -, a reação do meu pau àquilo foi completamente fodido. Pensei muito em Maraisa durante os cinco dias desde que a última vez em que ela fora à minha casa, e isso precisava parar.

Mas a nossa conversa naquela noite também tivera um tipo de efeito sobre mim, fazendo-me perceber que eu não estava realmente vivendo. Por que esses pensamentos sobre ela eram tão penetrantes? Foi por isso que liguei para Lauana e fiz a única coisa em que pude pensar para tirar Maraisa da cabeça. Infelizmente, meu plano parecia ter saído pela culatra.

— Fiquei surpresa com a sua ligação — Lauana disse ao abotoar a blusa. — Geralmente, sou eu que ligo para você. Nós deveríamos repetir a dose em breve. Já fazia um tempo. Pensei que você tivesse me esquecido.

Vesti a calça e afivelei o cinto.

— Estive ocupada. Muito estresse no trabalho.

Ela afofou seus cabelos castanhos compridos.

— Bom, fico feliz em te distrair um pouco sempre que quiser.

— Eu sei. E obrigado. Foi... divertido.

— Dia cheio hoje? — ela perguntou.

Vesti minha blusa.

— Sim. Meu dia está completamente ocupado a partir das dez.

— Bem, boa sorte.

— Obrigada. — Dei um beijo casto em sua bochecha antes de seguir para a porta. Nossos encontros sempre me lembravam de uma transação de negócios.

Assim que o ar atingiu meu rosto quando saí de seu prédio, senti um alívio. Sempre me sentia culpada quando transávamos. Eu não tinha dormido com ninguém desde a morte de Luísa antes do meu primeiro encontro com Lauana, há alguns meses. E só me permitia estar com ela porque ela deixou claro que havia acabado de terminar seu processo de divórcio e não queria nada sério. Isso era perfeito, porque eu não tinha absolutamente mais nada a oferecer a ela além do meu pau. Nós até mesmo mal nos beijávamos. Era somente puro sexo. Sem intimidade. O único jeito possível.

Assim que cheguei ao trabalho, participei de algumas reuniões seguidas antes de voltar ao meu escritório. Quase no mesmo instante em que me sentei na cadeira, minha assistente me ligou.

— Estou com Serena Kravitz, da Phillipson Academy, na linha.

A escola de Noah. Merda.

— Obrigada — eu disse antes de atender à ligação. — Marília Mendonça falando.

— Sra. Mendonça.. Está tudo bem com Noah, então, por favor, não se preocupe. Mas a senhora tem um momento para discutir algumas coisas comigo?

Minha pulsação desacelerou um pouco.

M. Mendonça | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora