Minha vida nunca mais seria a mesma

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Maraisa.

Eu tinha finalmente conseguido um novo emprego em uma empresa de massagens que ficava em Wellesley. Até então, estava indo tudo bem, embora o pagamento fosse um pouco menor que o da Elite. Na verdade, as coisas estavam indo muito bem na minha vida, no geral. Além do novo emprego, eu tinha começado a sair com uma mulher que conheci através de uma amiga.

Sara Benson trabalhava para a rede de restaurantes de sua família e havia crescido na mesma área que eu, mas nossos caminhos nunca tinham se cruzado quando éramos mais novas. Ela agora morava na parte norte da cidade. Nosso relacionamento era casual, mas eu gostava de passar tempo com ela.

Por fora, eu parecia ter superado a minha obsessão pela temperamental Marília Mendonça. Fazia um mês desde que havíamos nos falado por telefone pela última vez. Então, por que eu ainda pensava nela o tempo todo? Isso, eu não sabia dizer. Mas, apesar de Marília surgir na minha mente quase todos os dias, eu estava começando a me conformar com esse pequeno capítulo da minha vida - e com o desejo não satisfeito e a confusão que provavelmente existiriam para sempre.

Dessa vez, acreditei realmente que nunca mais veria Marília, especialmente depois da maneira como desligara na cara dela. Mas sabe o que dizem sobre presumir coisas, não é? Descobri isso da maneira mais dificil certa noite, após o trabalho.

Eu tinha acabado de sair do banho quando meu pai bateu à porta do meu quarto.

— Carla, tem uma mulher aqui querendo falar com você. Tem algo que queira me contar?

Uma mulher?

— Quem é?

— O nome dela é Marília Mendonça. Ela está esperando lá embaixo.

Meu coração quase saltou do peito.

— O quê? Marília está aquí?

— Sim. Quem é ela?

Falei através da porta.

— Ela é... uma ex-cliente.

— Ela parece ser rica... tem um carro chique, pelo que pude ver lá fora. Está acontecendo algo entre você e ela? Pensei que estivesse saindo com aquela Sara.

— Marília e eu não estamos saindo. Faz mais de um mês que não a vejo. Não faço ideia do que ela quer.

— Quer que eu a mande embora?

Meu pulso acelerou enquanto eu procurava freneticamente minhas roupas.

— Não! Eu só preciso terminar de me vestir. Diga a ela que descerei em um minuto.

— Ok... como quiser.

Vesti uma calça jeans e uma camiseta e passei o secador em meus cabelos algumas vezes antes de aplicar um pouquinho de maquiagem.

Um bolo formou-se em minha garganta conforme desci as escadas. Ao vê-la, senti meus joelhos enfraquecerem. Eu sempre soube que Marília era alta - devia ter quase um metro e setenta -. Ela estava usando um casaco preto de lã com um cachecol no pescoço.

— Oi, Maraisa.

— O que você está fazendo aqui?

— Eu sei que você deve estar chocada por me ver agora. Peço desculpas por não ter ligado primeiro. Mas queria saber se podemos conversar.

— Oh... ok. — Engoli em seco, lançando um olhar rápido para o meu pai.

Senti meu cérebro inundar com as teorias sobre o que ela teria a dizer. Ela tinha mudado de ideia quanto a querer namorar comigo? Tinha passado todo esse tempo pensando em mim e se sentia mal pelo modo como as coisas terminaram entre nós? Até mesmo me perguntei se Marília estaria com pena de mim e me ofereceria um emprego.

M. Mendonça | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora