Senhorita Temperamental

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Minha pele formigava enquanto eu esperava alguém abrir a porta. Marília Mendonça havia marcado uma terceira massagem. Bom, tecnicamente, seria sua primeira massagem, se chegasse a acontecer. Dessa vez, era início da noite de uma sexta-feira. Sem ideia alguma do que esperar, eu estava tanto nervosa quanto animada para vê-la.

Quando a porta se abriu, Marília estava do outro lado.

— Olá, Maraisa. Que bom vê-la. — Ela gesticulou para que eu entrasse.

Uma onda do cheiro de seu perfume me atingiu.

— Igualmente, senhorita temperamental. — Limpei meus pés antes de entrar, já que estava chovendo um pouco.

— Esse é o meu novo nome?

— Você foi um pouco temperamental quando te conheci, acho que combina perfeitamente.

— Bom, você disse que na terceira vez podia dar certo, não foi?

— Sim, eu disse.

— Deixe-me pegar isso para você. — Marília pegou minha maca e a apoiou no canto da antessala.

— Obrigada. — Coloquei minha bolsa no mesmo lugar e olhei na direção da escadaria. — Noah está aqui?

— Não. Ele foi passar o fim de semana com a mãe de Luísa. Ela mora em Palm Beach, mas está na cidade e hospedada no Ritz. Ela está sempre viajando pelo mundo e queria passar tempo com ele enquanto está aqui. Ela insistiu que ele fosse ficar com ela.

— Ah. Que amor.

— Avisei a ela que não deveria esperar muita coisa quanto a conversas.

Assenti compreensivamente, mas meu pulso acelerou quando percebi que estávamos sozinhas. Exceto por, talvez, o cachorro.

— E Winston? — perguntei. — Onde está o meu amiguinho?

— Ele está confinado na sala dos fundos por enquanto. Não queria que te incomodasse.

— Ele não me incomoda. — Esfreguei as mãos uma na outra e olhei em volta. — Noah está melhor?

— Você quer saber se ele continua sem falar?

— Eu estava me referindo mais à infecção no ouvido. Mas, é, isso também.

— O ouvido dele está melhor. Obrigado por perguntar. Mas, infelizmente, ele ainda não está falando.

— Ok. — Franzi a testa. — Bom, fico feliz com a notícia sobre o ouvido dele.

Conforme eu a seguia até a cozinha, Mendonça perguntou:

— Gostaria de algo para beber? Uma taça de vinho?

— Não posso beber vinho. Estou trabalhando.

— Bom, eu vou abrir uma garrafa para mim. Você sabe, todo aquele lance de "preciso relaxar antes da massagem relaxante". Se você quiser uma taça, não vou contar nada a ninguém.

Deus, como eu estava precisando relaxar. Parecia o momento perfeito para quebrar as regras...

— Talvez só uma — falei de uma vez, antes que pudesse mudar de ideia.

— Branco ou tinto?

— Qualquer um.

— Tinto, então.

Fiquei observando-a retirar a rolha da garrafa de vinho. Ela tinha mãos tão bonitas, dedos longos, de aparência suave. Imaginei qual seria a sensação de seus dedos contra minha pele nua, e em seguida balancei a cabeça para me livrar desse pensamento. Você está aqui para trabalhar, Maraisa, não para cobiçá-la.

M. Mendonça | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora