Caixa de pandora

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Maraisa.

Deus, onde ele está?

Eu havia pegado um ônibus para a cidade para encontrar Noah na Universidade de Boston para um tour pelo campus. Estava bem ansiosa por isso, já que conhecia aquela área muito bem. Ficava perto da minha antiga faculdade, a Faculdade de Música de Boston. Após o passeio, eu planejava levá-lo para jantar em um dos meus restaurantes favoritos em Kenmore Square.

Combinamos de nos encontrarmos em frente ao grêmio estudantil às três horas. Mas já eram três e quinze, e ele ainda não havia chegado. Quinze minutos não era tanto atraso assim, ainda mais para um adolescente, mas eu estava começando a ficar paranóica, achando que talvez tivesse entendido o horário errado. Não seria a primeira vez.

Então, ouvi uma voz atrás de mim.

— Maraisa? O que está fazendo aqui?

Virei para encarar a dona da voz - Marília, não Noah -, sentindo meu coração despertar diante de seu lindo rosto. Fazia quase um mês desde que eu a vira na festa de Noah, e parecia fazer uma eternidade. Marília estava muito gostosa usando um casaco preto de lã e um cachecol, seus cabelos esvoaçando um pouco com o vento. Ela me tirava o fôlego; toda vez que eu olhava para Marília, era como se fosse a primeira. Eu queria poder correr para seus braços.

— O que você está fazendo aqui? — perguntei. — Vim encontrar Noah para fazer um tour pela faculdade.

Ela estreitou os olhos.

— Ele me disse para encontrá-lo aqui às três para fazer o mesmo, mas fiquei presa no trânsito vindo do centro.

— Ele não mencionou que você viria conosco.

Marília coçou o queixo.

— Ele me disse que seríamos somente ele e eu.

Soltei uma respiração pela boca em direção à minha testa.

— A pergunta é... por que estamos aqui e ele não?

— É uma ótima pergunta. Deixe-me ligar para ele. — Marília pegou seu celular e rolou a tela. Pouco tempo depois, ela disse: — Noah! Onde você está? — Ela passou a mão pelos cabelos. — Só pode estar brincando. Eu tirei o resto do dia de folga para isto. Cancelei duas reuniões importantes. A sua irmã também está aqui. O tempo dela é igualmente precioso. — Ela expirou. — Tudo bem. Tudo bem. Vá. — Então, ela fez uma pausa. — O quê? — Ela riu. — Ok. Tchau. — Marília encerrou a chamada e guardou o celular de volta no bolso.

Cruzei os braços.

— O que aconteceu?

Ela revirou os olhos.

— Ele disse que esqueceu que tinha chamado nós duas. E, aparentemente, também esqueceu que tinha um treino extra importante hoje que seu treinador acrescentou ao cronograma para se preparar para a próxima temporada. Ele pediu desculpas, mas precisa ser mais responsável com o tempo das outras pessoas.

— Por que você deu risada antes de encerrar a ligação?

— Ah... — Ela riu mais um pouco. — Porque ele disse "Não é como se você não já trabalhasse o suficiente. Leve a minha irmã para almoçar e relaxe".

Eu vou matá-lo. Forcei-me a respirar fundo.

— Bem, isso explica o atraso.

Marília soltou uma respiração pela boca.

— Enfim... desculpe pela confusão que ele fez. Você precisa ir a algum lugar agora?

— Não. Assim como você, eu tirei a tarde de folga. Tive algumas massagens para fazer pela manhã, mas nada mais pelo resto do dia.

M. Mendonça | G!POnde histórias criam vida. Descubra agora