carta aberta ao vazio.

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Quando ouviu a voz familiar lhe chamar, Jung passou os olhos pelo pequeno mar de gente que caminhava pelo centro, até achar uma mão erguida e acenando para si. A pessoa correu na sua direção assim que notou ter sido encontrada.

— Seokjin?

— Hoseokie!

— O que você tá fazendo aqui? — o loiro indagou.

Seokjin parecia bem cansado, mas estava sorridente. Na verdade, ele estava bem longe de casa, naquele momento. Hoseok tinha muitas perguntas.

— Eu vim te ver. Estava preocupado, você sumiu.

— Você veio de Vaz Lobo até aqui só pra me ver?

— Não foi só para isso.

Os dois rapazes caminharam para dentro da pensão, na intenção de fugir daquele sol capaz de fritar um ovo na calçada.

— Eu precisava vir até Campo Grande para ver minha avó e resolver uns problemas. Aproveitei a viagem e vim matar a saudade — ele explicou.

Seokjin era um cara bem legal. Doce, carinhoso, educado, e era aquele tipo de pessoa que está sempre disposta a topar as ideias mais inusitadas possíveis, contanto que fossem com ou por pessoas que ele gostava. Seu cabelo era um castanho claro ondulado, e ele tinha belos olhos azuis.

— Bom, eu não tenho muito tempo. Já, já, entro no trabalho, só parei aqui para almoçar.

— Tudo bem, eu prometo que não vou demorar. Posso almoçar com você?

— Claro.

Os amigos se sentaram em uma mesa e fizeram seus pedidos.

Hoseok achava fofo da parte de Seokjin ter tirado um tempo para ver como ele estava. Nem se tocou de que poderia estar preocupando seus amigos com o sumiço quase que completo. Esse tempo todo, mal tinha pensado em qualquer coisa que envolvesse a faculdade; ou, apenas tentou não pensar em nada relacionado.

Sua cabeça estava tão confusa, tão cansada. Jung até se sentia culpado de se sentir assim tendo apenas 18 anos. Qualquer pessoa de mais idade que ouvisse da sua boca que ele estava cansado, o diria que ele era novo demais para se sentir cansado, que sua vida mal tinha começado e que ele deveria parar de falar besteira pois não tinha motivos para isso.

Mas, como não se sentir cansado quando você tem problemas desde o dia de seu nascimento?

— Quando você pretende voltar para as aulas, Hobi?

Hoseok suspirou.

— Não sei. Eu meio que nem deveria ter parado de ir, mas eu precisava de um tempo sozinho para não surtar… mais do que eu já surtei.

— Eu não vi o que aconteceu naquele dia, só fiquei sabendo.

— Nem queira ter visto.

Hoseok mexia em sua comida com o garfo, mas estava demorando a comer. Jin percebeu isso, percebeu que o garoto parecia meio aflito com a pauta da conversa. Pareceu, realmente, ter sido algo bem desconfortável e traumatizante para o loiro. Seokjin se sentia mal de não poder ajudar de alguma forma, queria ver seus amigos juntos e que tudo voltasse ao normal, mas ele não tinha poder nenhum sobre a situação.

— Os meninos estão morrendo de preocupação, hein? Responda as mensagens deles quando puder, os coitados estão quase arrancando os cabelos — Jin riu quando comentou. Hoseok também riu.

— Estou um pouco melhor, agora. Prometo que vou responder.

Ele, de fato, estava melhor, mas ainda era difícil conceber a ideia de pisar naquele gramado novamente e encarar o rosto de todas as pessoas que o julgaram e o humilharam profundamente naquele dia. Só de lembrar das piadinhas maldosas e dos murmurinhos pelos corredores lhe dava vontade de vomitar.

O Dia em Que o Sol Sumiu • Yoonseok (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora