O Dia em Que o Sol Sumiu • Yoonseok (CONCLUÍDA)

praça das borboletas.

Assim que Seokjin notou a presença alheia naquele banheiro, ele se afastou do espelho e olhou para Namjoon, um tanto assustado. Esfregou o rosto com ambas as mãos e engoliu em seco.

— O que foi?

— O que aconteceu? — Namjoon perguntou e se aproximou um pouco do outro.

Seokjin negou com a cabeça e olhou para frente, começando a se encarar no espelho. Respirou fundo, numa tentativa falha de parar de chorar.

— Problemas familiares — ele parecia receoso ao responder.

— Você quer conversar?

Seokjin ainda parecia pensativo, receoso, hesitando a todo momento se continuar tendo aquela conversa com Kim Namjoon era uma boa ideia.

— Meus pais vão se divorciar. Meu pai meteu uns trezentos chifres na minha mãe, e ela descobriu. Eles reviraram toda a casa numa briga muito feia, e agora entraram com um processo de divórcio.

— Nossa… eu nem imagino como isso deve estar sendo pra você.

Namjoon levou uma das mãos até as costas de Seokjin, tentando deixar um leve carinho ali.

— Você quer um abraço?

Nam perguntou, e Jin hesitou mais uma vez. Franziu as sobrancelhas, enquanto ainda se encarava, e abaixou a cabeça. Ele sentia uma parcela de culpa naquela situação, sentiu por dois segundos que não devia ter feito isso, mas ver tudo começar a falhar aos poucos o fez surtar completamente.

Namjoon abriu os braços e envolveu Seokjin num abraço de lado, mesmo que ele não tivesse respondido sua pergunta. Seokjin, então, se ergueu completamente e abraçou o garoto melhor, escondendo o próprio rosto no ombro alheio.

Naquele momento, Jin repensava todas as escolhas da sua vida e tudo que ele fez para chegar onde estava ou ter as coisas que desejava. Parecia que nada disso valia grandes coisas, e, no final, ele julgava não poder conseguir mais o que realmente estava querendo há tantos anos.

É tão exaustivo criar planos e vê-los desmoronarem sem você poder fazer nada a respeito.

— Sabe uma coisa engraçada?

— O que?

— Minha mãe descobriu os chifres porque meu pai guardava as notinhas dos motéis na capinha do celular.

Namjoon tentou se segurar, mas não aguentou, e começou a rir. Ele se afastou um pouco de Seokjin e cobriu a própria boca enquanto ria. Queria parar de rir naquela situação delicada, mas percebeu que Jin estava rindo também, então, não se preocupou tanto, assim.

— Ele foi descuidado nesse nível?! Ele nem se esforçou para esconder.

— Quem guarda notinha de motel na capa do celular, mano?! — Jin soltou uma gargalhada.

Mesmo que, agora, estivesse com mais dezenas de problemas em sua cabeça, agradeceria muito Namjoon por tê-lo ajudado. Quem entrasse no banheiro agora nem imaginaria que, há segundos, os dois estavam se abraçando num silêncio ensurdecedor, enquanto Seokjin tentava conter suas lágrimas.
Ele achou melhor levar essa situação na brincadeira, já que não poderia fazer nada melhor para lidar com isso, de qualquer forma.

[...]

Aquilo não era algo que ele costumava fazer com frequência. Tinha desistido desse hobby há tempos. Ainda deixava os papéis colados na parede, mas ele sabia que só desenhava quando estava passando por algum sentimento muito forte. Nem sempre era um sentimento bom, na maioria das vezes, era algo bem ruim. Os rabiscos pelas folhas de papel A4 entregavam isso, todos disformes, confusos e profundos. Não tinham uma forma tão definida, estavam mais para um bando de rabiscos, de fato, mas em alguns deles, Yoongi conseguia lembrar exatamente do que sentira ao desenhar, apenas olhando para as linhas grossas e feitas com certa brutalidade.