Capítulo 7: (re)encontro

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— Dáffine?

O nome saiu como uma pergunta, que assim que foi dita, levou os lábios a se fecharem em arrependimento. No entanto, quem ouviu a pergunta, respondeu sorrindo silenciosamente. A boca rosada e um tanto molhada, lhe davam uma aparência cálida. Olhos que guardavam lágrimas retidas, sentimentos aprisionados, que quando ouviu seu nome, saíram em pequenas cascatas.

— Aurora... eu esperei tanto por você. — A ninfa com uma voz agradável como canto.

Agachou-se e abraçou a jovem. O corpo dela se retraiu por alguns segundos, em uma onda de receio, e permaneceu imóvel, antes que seus braços completassem o gesto de afeto. Ao perceber os inúmeros olhos em si, Aurora abraçou a ninfa. Mas o que sentia, não condizia com aquele abraço.

— Deixe-me vê-la, faz tanto tempo que não nos encontramos! — Sorriu animadamente levantando-se.

Estendeu a mão à amiga, ainda agachada no chão, num gesto semelhante a quem pede uma dança, e ela foi. Dáffine a olhou de cima a baixo, andando em volta dela, com um inapagável sorriso.

— Você está linda! Cresceu como a princesa que deve ser! — Abraçou-a novamente.

— Obrigada, você também está muito bonita... (e um pouco diferente.) — Tirou aquele pensamento antes que ele saísse no ar.

Apesar daquele ser um reencontro, Aurora estava inquieta. Seus dentes mordiam a própria boca, nervosamente, lembrando-se do que sua família havia dito dela.

— Bom, já que você está aqui, eu quero te mostrar algo. — Segurou as mãos de Aurora, com faceirice de moça. — Huan, você pode levar a acompanhante de Aurora aos nossos aposentos?

Prontamente, o elfo alvo foi até Lise estendendo-lhe a mão para acompanhá-la. A mesma, olhou para Aurora e para o elfo, alternando a cabeça entre os dois. Sua mão parou na metade do caminho, ainda se recusando a acompanhá-lo.

Não pode conter-se. Pulou à frente do elfo.

— Para onde vão levá-la? — Grunhiu Aurora barrando ele.

— Não se preocupe, ela será tratada como nossa convidada de honra. — Sem emitir som algum, Dáffine estava ao lado delas, e pousou a delicada mão sob o ombro da amiga.

— Porque ela não pode vir conosco?

— Aurora, o lugar que vou te mostrar, não é para humanos.

Aquele costume antigo de Dáffine voltava. Desde de que a garota se lembrava, a ninfa não a tratava como humana. Aquilo que ela dizia, fazia sentido já que apenas ela tinha resistência mágica, e por isso, envolver Lise, poderia machucá-la. Mas não acreditavam só naquilo, sua cabeça tramou preocupações.

"Ela vai fazer algo com Lise..." O pensamento veio rápido como raio, cortando a situação. Sentiu um aperto no peito, um inexplicável receio.

"Eles te encontraram dentro de uma árvore da vida... estava sugando sua energia vital..."

As palavras de Ama que contou o que havia acontecido com ela, na última vez que tinha visto a ninfa, voltaram à sua mente. Contudo, ao redor, os inúmeros olhos dos seres, assistiam a cena. Até mesmo as árvores respiravam naquele momento, esperando o momento em que ela vacilasse.

Era inútil ir contra a ninfa. Pelo menos naquele momento. Por isso, apenas disse algumas palavras de afirmação para acalmar Lise, daquelas que sempre dizemos nas situações difíceis, mesmo que não lembremos nada depois.

Deixou ela ir com o elfo.

A ninfa soltou um abafado riso ao ver a mulher se afastando.

— Vamos então?

A princesa e o dragão - A última guerra - Terceiro LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora