Capítulo 13: A igreja

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O sol parece muito mais quente junto de outra pessoa, quando se sente sua pele roçar em outra. Mas não só o calor muda, como tudo ao redor que é percebido parece tomar uma nova cor. Desde o céu azul, que toma um tom mais bonito que o comum, a simples grama que sempre esteve ao redor, e até mesmo as companhias que o acompanham.

A presença de um outro, muda a situação, e quando este outro é alguém querido, torna-se inegável que tudo parece ser mais agradável. Por isso, naquele dia, Aurora sentia que estava vivendo uma maré de sorte. A tempos não tinha uma caminhada tão tranquila, onde podia simplesmente olhar a paisagem, e ouvir os pássaros cantando. 

Conforme mais se afastaram da floresta de Dáffine, mais e mais aquela calma a impregnava, pois voltava a ter sua mente mais silenciosa. E assim, pelas horas que se seguiram até encontrarem os destroços da igreja antiga de Arandella, o grupo caminhou em tranquilidade.

Fechou os olhos e encostou em Perseu. Ouviu o retumbar do coração do rapaz e sentiu seu cheiro, memorizando-o.

Contudo, perto do fim do dia, encontraram. Estava lá, daquela mesma forma que Aurora se lembrava quando a viu ainda criança. A estrutura branca, surgia no meio do verde que parecia querer devorá-la ferozmente. Cipós, grama alta e algumas árvores tomavam conta do espaço camuflando-o na natureza. 

Metade da construção se apoiava no chão como uma senhora cansada, enquanto a outra mantinha-se ereta. O telhado tinha buracos, e da área que algum dia deveria ter sido um pátio com esculturas e fontes de água, apenas algumas partes pareciam ter sobrevivido. Rostos, mãos, e troncos de estátuas emergiram de arbustos lutando para serem notados. 

A visão parecia ser uma analogia ao que aconteceria com todos os humanos: seriam enterrados pela natureza, esquecidos. A garota desceu do cervo e ficou olhando a paisagem. “Faz muito tempo que não venho aqui… de alguma forma, isso parece o fim de algo.”

Os outros desceram também, e o elfo conversou com os animais pedindo que os aguardassem ali. Lentamente, o grupo se aproximou da fachada da construção. Nenhum dos quatro disse nada, pois todos sentiam que havia algo estranho ali. Ao redor da região, tudo estava silencioso, nenhum animal se aproximava ou emitia som algum. 

— É aqui mesmo? — Perguntou Perseu antes de entrarem na igreja. 

— Sim. É aqui. — Respondeu Aurora. 

O dragão foi a frente, pois havia algumas madeiras velhas bloqueando o caminho. Quebrou-as com alguns chutes, fazendo estilhaços voarem para dentro do local. Com a passagem aberta, espiaram o ambiente interno. 

— Não sei se posso entrar aí. — Disse Sem deixando de estar como sombra e aparecendo ao lado deles. 

— Como assim? Quando te encontrei pela primeira vez, você estava ali dentro Sem. — Exclamou Aurora, que parecia irritada. 

— Calma, calma, se ele não quiser ir contigo eu vou. — Já se prontificou Lise. 

— Eu também… — Anunciou Perseu enquanto enxugava suor da testa. 

— Posso acompanhar minha rainha. — O elfo parecia animado com a situação. 

— Na verdade, você eu gostaria que ficasse. 

— Não posso, minha rainha. Eu sinto uma estranha energia vindo desse lugar… não é algo maligno, mas não quero correr o risco de perder outra majestade. 

Não dando muito ouvidos ao que Ellonis acabava de dizer, Aurora passou pela porta e entrou na igreja. Querendo ou não, todos de seu grupo a seguiram. Ali, o ambiente escuro, era iluminado apenas por pouca luz que vinha dos vitrais. Alguns deles estavam quebrados e caídos no chão. 

A princesa e o dragão - A última guerra - Terceiro LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora