Capítulo 16: Elixir

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 A luz que entrava pelos vitrais empoeirados, fez seus olhos recém abertos lacrimejar. Ou era a felicidade de estar ali que fazia escorrer lágrimas? Ela não sabia, mas quando acordou, deitada no colo daquela que chamava de mãe, Aurora a abraçou com força como não fazia a tempo.

— Ela acordou! Ela acordou! — Exclamou Lise chamando os outros.

Perseu se apressou e ajoelhou-se ao lado da garota.

— Ainda bem! Estávamos preocupados... — Afagou seu rosto olhando-a com ternura.

O elfo, que também parecia um tanto preocupado, olhava tudo de longe em silêncio. Mesmo contrariando o que diziam, a garota se levantou rapidamente, recobrando os sentidos. Queria parecer forte e esconder o choque causado pelo sonho que havia acabado de ter.

A verdade sobre si mesma a assustava.

Era algo que queria deixar no canto mais escuro e distante de seu pensamento.

— Vamos logo... agora eu sei onde está o elixir que Perseu precisa.

— Como sabe? — O príncipe perguntou intrigado.

— Eu... eu só sei... — Desviou seus olhos rapidamente, dando as costas e indo na direção certa.

— Filha... será que não é melhor esperar? Você desmaiou, e se levantou muito rápido.

— Não, eu já estou bem. Quero encontrar o elixir e sair daqui rápido.

— Ah, pelo menos temos o mesmo sentimento então! — Exclamou Perseu já a seguindo.

Saíram daquela sala indo para o corredor central, o grupo caminhava seguindo Aurora, que de vez em quando parava e olhava ao redor, como se tentasse lembrar algo.

— Espera... e Sem? Onde está o Sem? — Perguntou ao grupo, mas seus olhos apontavam o dragão.

— Olha, eu não fiz nada! Ele teve o que mereceu. — Perseu disse rápido se esquivando.

— Onde ele está?

— Eu disse a ele pra não fazer isso com o esqueleto... mas ele não ouvir. — O elfo entregou o colega sem piedade.

— O que fizeram?! — Ela se aproximou em ameaça.

— Na masmorra, Perseu o colocou lá. — Confessou Lise com um tom de arrependimento.

E sem mais delongas, a jovem andou rapidamente para a masmorra. Perseu tentou convencê-la a não ir durante o caminho, mas suas palavras só a faziam acelerar o passo. Desceram os inúmeros degraus, até alcançarem uma pequena porta de madeira mofada, que rangeu pesadamente ao ser aberta.

Lá dentro, o ar estagnado estava repleto de partículas de pó que voavam na frente de seus olhos.

Entrou e olhou as celas com atenção. Em algumas, esqueletos ainda vestidos em trapos que alguma vez foram roupas, ainda estavam presos, mas nenhum daqueles era o que ela procurava. Ele não estava ali.

— Onde está?! O que você fez com ele? — Virou-se confrontando Perseu.

— Eu não sei! Eu juro que o coloquei aqui mesmo!

— Eu vi ele fazer isso... — Confirmou Lise tentando amenizar a situação.

Só então Aurora percebeu que estava gritando com ambos. Como se um choque passasse em seu corpo, ela recuou dos dois, tentando prestar atenção àqueles à sua frente. A raiva e o medo que tinha sentido pelo sonho, ainda estavam presentes.

— Me desculpem... me desculpem... eu não queria ter gritado com vocês.

Lise e Perseu se entreolharam por alguns instantes.

A princesa e o dragão - A última guerra - Terceiro LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora