A luz que entrava pelos vitrais empoeirados, fez seus olhos recém abertos lacrimejar. Ou era a felicidade de estar ali que fazia escorrer lágrimas? Ela não sabia, mas quando acordou, deitada no colo daquela que chamava de mãe, Aurora a abraçou com força como não fazia a tempo.
— Ela acordou! Ela acordou! — Exclamou Lise chamando os outros.
Perseu se apressou e ajoelhou-se ao lado da garota.
— Ainda bem! Estávamos preocupados... — Afagou seu rosto olhando-a com ternura.
O elfo, que também parecia um tanto preocupado, olhava tudo de longe em silêncio. Mesmo contrariando o que diziam, a garota se levantou rapidamente, recobrando os sentidos. Queria parecer forte e esconder o choque causado pelo sonho que havia acabado de ter.
A verdade sobre si mesma a assustava.
Era algo que queria deixar no canto mais escuro e distante de seu pensamento.
— Vamos logo... agora eu sei onde está o elixir que Perseu precisa.
— Como sabe? — O príncipe perguntou intrigado.
— Eu... eu só sei... — Desviou seus olhos rapidamente, dando as costas e indo na direção certa.
— Filha... será que não é melhor esperar? Você desmaiou, e se levantou muito rápido.
— Não, eu já estou bem. Quero encontrar o elixir e sair daqui rápido.
— Ah, pelo menos temos o mesmo sentimento então! — Exclamou Perseu já a seguindo.
Saíram daquela sala indo para o corredor central, o grupo caminhava seguindo Aurora, que de vez em quando parava e olhava ao redor, como se tentasse lembrar algo.
— Espera... e Sem? Onde está o Sem? — Perguntou ao grupo, mas seus olhos apontavam o dragão.
— Olha, eu não fiz nada! Ele teve o que mereceu. — Perseu disse rápido se esquivando.
— Onde ele está?
— Eu disse a ele pra não fazer isso com o esqueleto... mas ele não ouvir. — O elfo entregou o colega sem piedade.
— O que fizeram?! — Ela se aproximou em ameaça.
— Na masmorra, Perseu o colocou lá. — Confessou Lise com um tom de arrependimento.
E sem mais delongas, a jovem andou rapidamente para a masmorra. Perseu tentou convencê-la a não ir durante o caminho, mas suas palavras só a faziam acelerar o passo. Desceram os inúmeros degraus, até alcançarem uma pequena porta de madeira mofada, que rangeu pesadamente ao ser aberta.
Lá dentro, o ar estagnado estava repleto de partículas de pó que voavam na frente de seus olhos.
Entrou e olhou as celas com atenção. Em algumas, esqueletos ainda vestidos em trapos que alguma vez foram roupas, ainda estavam presos, mas nenhum daqueles era o que ela procurava. Ele não estava ali.
— Onde está?! O que você fez com ele? — Virou-se confrontando Perseu.
— Eu não sei! Eu juro que o coloquei aqui mesmo!
— Eu vi ele fazer isso... — Confirmou Lise tentando amenizar a situação.
Só então Aurora percebeu que estava gritando com ambos. Como se um choque passasse em seu corpo, ela recuou dos dois, tentando prestar atenção àqueles à sua frente. A raiva e o medo que tinha sentido pelo sonho, ainda estavam presentes.
— Me desculpem... me desculpem... eu não queria ter gritado com vocês.
Lise e Perseu se entreolharam por alguns instantes.
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A princesa e o dragão - A última guerra - Terceiro Livro
Narrativa StoricaApós ter encontrado e resgatado sua mãe, Aurora, agora buscando o remédio capaz de ajudar Perseu, descobre desafios criados pelo novo governo draconiano. Agora ela vai descobrir que para unir sua família, ela precisará não só encontrar paz, como tam...