Capítulo 12: Calebe

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 Era meia noite. A luz disposta no céu, lembrava mais um farol do que um corpo celeste, pois sua luz estava estranhamente forte demais para a noite, tornando-a um segundo sol. As pessoas que tentavam dormir, reclamavam daquele evento, que apesar de belo, atrapalhava o sono. Entre estes, os que já tinham desistido de reclamações, apenas cobriam os olhos com vendas.

No entanto, mesmo assim, alguns ainda não conseguiam dormir devido ao calor que fazia. O vento, que deveria refrescar, mais parecia um bafo que cozinharia as pessoas vivas. Deitado no chão, sob os colchões de tecido de algodão cru trançado, um homem se movia lentamente de um lado para o outro. Não conseguia dormir sem se cobrir, mas ao fazer isso, sentia muito calor, por isso ficava apenas rolando na pseudo cama, que era apenas tapetes no chão, alternando entre abrir e fechar os olhos.

Depois de meia hora, sentou-se. Os mosquitos dançavam e cantavam à sua frente, beijando a pele com picadas. Desanimado e cansado, se deu por fim vencido e levantou-se. Acendeu um lampião à querosene reclamando baixinho do cheiro ruim que ele deixava no ambiente. Depois levou um susto. Ergueu-se depressa quase deixando o lampião cai no chão e queimar o tecido da tenda em que estava.

Saiu rápido, correndo entre as diversas tendas coloridas que formavam o acampamento. Chegou à ala onde as mulheres ficavam e foi até uma das instalações, entrando sem hesitação alguma. Assim que o fez, levou uma bofetada no rosto e sentiu o mesmo inchar. Uma mulher de camisolão segurando um chinelo na mão havia atingido-o sem piedade alguma. Seu semblante permaneceu sério por alguns segundos.

Outra mulher prontamente veio iluminando seu rosto.

— Estéffano! Porque não avisou que era você?

— E tenho que avisar? — Disse incŕedulo passando a mão na bochecha vermelha.

— Claro! Não conhece a minha política? Primeiro eu bato, e depois pergunto.

Ela soltou uma risada que logo morreu, pois percebeu a irritação do outro.

— Bom, mas isso não importa agora, porque para você ter vindo falar comigo, deve ser algo sério.

— Tá falando que eu só venho te procurar quando estou encrencado?

— Sim — O trouxe pelo braço guiando para uma cadeira — mas isso não importa, pois a Diva aqui já está acostumada a isso.

Ele sentou-se na cadeira, e ela no chão à sua frente. Logo depois, outra mulher surgiu com chá em uma caneca. Entregou o líquido ao Estéffano, e sentou-se ao lado de Diva.

— Obrigado pelo chá... mas não precisava. — Colocou a caneca de lado.

— Se eu fosse você beberia, é chamomilla, e você está branco como uma papel. — Falou a mulher que entregou o líquido.

— Lilith tem razão Estéffano, você está pálido. Nos conte logo o que aconteceu! Viu um fantasma? Tem uma outra mulher com 15 filhos?

— Diva!

Ela riu baixinho.

— Me desculpe, mas é que para você ficar tão preocupado assim, só posso imaginar motivos grandes.

— Para falar a verdade, é Calebe.

— O que tem ele? Está doente?

— Não, não... eu vim ver se ele está na tenda com vocês.

— Porque estaria conosco?

— Não sei, ele gosta dos seus filhos... pensei que estivesse aqui.

Ambas ficaram em silêncio por algum tempo sem concluir o que aquilo tudo significava. E como sempre, foi Diva que resolveu trazer à tona o que mais ninguém tinha coragem de falar.

A princesa e o dragão - A última guerra - Terceiro LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora