Ellen Graves, Enigma do Mar

O Eco das Palavras

Depois que eu saí correndo do acampamento, minha mente estava uma confusão de sentimentos. Luke tentou se desculpar comigo, mas eu o ignorei, coração acelerado e mente fervilhando. A briga que tivemos ainda ecoava em minha cabeça, cada palavra trocada reverberando como uma tempestade. Nos dias seguintes, continuamos sem nos falar, cada um mergulhado em seu próprio silêncio, e essa ausência me deixava um vazio no peito. A dor de não falar com meu amigo mais próximo era como uma faca cravada. Estava tão magoada que mal conseguia pensar. Mas, por outro lado, uma alegria inesperada me invadia: Thalia e Annabeth voltavam hoje! O pensamento delas me fazia sorrir, mesmo em meio à tempestade emocional que me cercava.

Naquela manhã, acordei com os primeiros raios de sol filtrando através da cortina do meu chalé. Fiz minha higiene matinal de forma automática, mas a ideia de ir ao refeitório não me animava. O cheiro da comida não me atraía; em vez disso, dirigi-me ao lago, meu lugar favorito no acampamento. O lago sempre foi um refúgio. A água tranquila refletia o céu azul, e as árvores ao redor pareciam me abraçar, como se soubessem das minhas angústias. Sentei-me à beira da água, com os pés mergulhados, e deixei que os pensamentos sobre minha briga com Luke flutuassem como folhas levadas pelo vento.

Mergulhei ainda mais em minha reflexão, questionando o porquê de termos chegado a esse ponto. O que deveria ser uma simples discussão se transformou em algo muito maior. Enquanto ponderava sobre isso, meus pensamentos foram interrompidos por um Harley, um filho de Heesto que se aproximou ofegante.

— Thalia e Annabeth chegaram! — Ele exclamou, a felicidade estampada em seu rosto.

Instantaneamente, a tristeza deu lugar à excitação. Eu saí correndo, o coração pulsando de alegria. Finalmente, as duas estavam de volta! Assim que as avistei, joguei os braços ao redor delas em um abraço apertado. O calor da amizade nos envolveu como um cobertor aconchegante.

— Senti tanto a falta de vocês! — Exclamei, enquanto Thalia e Annabeth me abraçavam de volta, sorrindo.

Q.D.T~

Depois de guardarem o material da missão, Thalia se aproximou de mim, a expressão dela mudando repentinamente.

— Ellie, cadê o Luke? — Ela perguntou, e instantaneamente meu sorriso desapareceu.

A menção do nome dele foi como um balde de água fria. Minhas mãos se fecharam em punhos, e uma sensação de angústia tomou conta de mim.

— Eu... eu e ele brigamos... — Comecei, a voz trêmula. — Acho que ele não quer me ver, e ele sabe que eu seria a primeira a vir ver vocês, então acho que por isso ele não veio... Desculpa...

Thalia me abraçou com força.

— Oh, Ellie, sinto muito! Eu sei como você e ele são amigos. Fique tranquila, logo, logo vocês vão esquecer a briga...

Olhei para ela, triste, e respirei fundo, tentando encontrar as palavras.

— Eu sei... só... só que eu falei... que o-o-o...

As palavras me escapavam, e minha voz falhou. Fechei os olhos, respirando fundo novamente.

— Eu disse que odeio ele... — Finalmente consegui soltar.

Thalia me olhou assustada.

— Por que você fez isso?!

Tomei coragem e contei toda a história da briga. Cada detalhe, desde a primeira palavra ríspida até o momento em que eu deixei escapar aquele “odeio você” que cortou como uma lâmina. A expressão de Thalia mudava de preocupação para compreensão enquanto eu falava.

— Ellie, você sabe que não deve deixar as emoções dominarem, né? — disse ela, abraçando-me mais uma vez. — Eu vou conversar com Luke. Precisamos resolver isso.

Ela se levantou rapidamente, determinada, e eu a observei partir, sentindo uma mistura de gratidão e nervosismo. Com a mente ainda agitada, decidi que precisava de um tempo para relaxar. Voltei ao lago, mas agora sentia a ansiedade se agitar dentro de mim. E se Luke não quisesse falar comigo? E se Thalia não conseguisse resolver a situação? Eu estava em um turbilhão de sentimentos, os pássaros piavam suavemente, mas isso não aliviava a pressão no meu peito.

Enquanto contemplava a superfície calma da água, um toque suave no meu ombro me fez virar. Ao olhar para o lado, encontrei Luke sentando ao meu lado, a expressão dele era um misto de insegurança e preocupação.

— Oi, Ellie... — Ele começou, a voz hesitante.

Senti meu coração disparar. O que eu deveria fazer agora? A raiva ainda estava lá, mas a dor de vê-lo me fez perceber o quanto eu sentia falta dele.

— Oi... — respondi, tentando manter a voz firme, embora meu coração estivesse em um conflito interno.

— Eu... eu sinto muito sobre o que aconteceu. Eu não queria que as coisas ficassem assim... — ele disse, olhando para a água, evitando meu olhar.

Ouvindo suas palavras, meu coração começou a se acalmar. A sinceridade em sua voz me tocou. Eu queria ser forte, mas a verdade é que eu também sentia falta dele. A raiva começava a se dissipar, e a lembrança dos momentos que compartilhamos me invadiu.

— Eu também sinto muito, Luke. O que eu disse... não era verdade. Eu estava apenas... magoada — Confessei, finalmente olhando para ele.

Luke levantou o olhar e, por um momento, o mundo ao nosso redor desapareceu. Eu vi a tristeza e o arrependimento nos olhos dele.

— Nós somos amigos, e eu não quero perder isso. Você é importante para mim — Ele disse, e aquelas palavras soaram como uma música suave.

A tensão entre nós começou a se dissolver, e um leve sorriso surgiu em meu rosto.

— Você também é importante para mim, Luke. Precisamos ser capazes de nos comunicar sem gritar um com o outro. Não vale a pena brigar.

Ele assentiu, a expressão dele mudando de preocupação para esperança.

— Podemos tentar de novo? Prometo que vou ouvir você da próxima vez — Ele disse, estendendo a mão em um gesto de reconciliação.

Com um leve sorriso, peguei sua mão, e a sensação de estar juntos novamente foi como um bálsamo para a ferida que havia se formado. Olhando para o lago, as lembranças da nossa amizade começaram a se misturar com a expectativa de novos momentos.

Enquanto conversávamos, a sombra da briga começava a se dissipar, e o som da água e o canto dos pássaros preenchiam o silêncio entre nós. A amizade que compartilhávamos era mais forte do que qualquer desentendimento.

E, no fundo, eu sabia que, independentemente dos desafios que enfrentaríamos, sempre teríamos um ao outro.

1061 palavras