Quando o orgulho quebra as barreiras

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O chiado da chaleira de chá ecoou sobre o silêncio vazio da cozinha da mansão Wang. Nana e Yang Mi estavam caladas, cada uma em seu próprio mundo, focando em apenas fazerem suas funções e seus afazeres do dia. Embora Nana, diferente de Yang Mi, não tivesse que fazer nenhuma função de limpeza ali. Já que a faxina da cozinha da mansão Wang ficava por conta da mulher mais nova chamada, 'Yang Mi'. Nana apenas queria arrumar algo para ter o que fazer, ela foi a babá que cuidou de Wang Yibo a vida quase inteira do herdeiro dos Wangs. Mas Yibo disse que Nana não precisava mais se preocupar em cuidar dele assim que o menino, seu doce menino; se tornou um lindo adolescente muito independente e travesso para a sanidade de todos. 

Claro, o garoto não era mais uma criança e Nana podia ver isso claramente conforme seu lindo menino crescia e ia docemente se transformando em um lindo homem de feições encantadoras. Nana riu baixinho ao se lembrar de Wang Yibo dizendo para ela que ele era um "Leão, o Rei", para Nana não se esquecer. Então seu lindo Rei Leão da selva não precisava mais dela para vesti-lo com suas lindas roupas caras ou dá-lhe de comer. Afinal, agora o Rei poderia cuidar de todos os seus súditos. 

Wang Yibo, ele era mesmo seu menino precioso. A senhora moveu a chaleira de chá do fogão para a mesa de granizo. Estava bastante quente sobre a superfície da vasilha e ela precisava colocar o chá no bule antes que o clima frio pudesse acabar esfriando-o. Já fazia algumas semanas que o frio invadira a estação do outono transformando os dias cada vez mais gélidos. Talvez houvesse algo de errado com o clima, era para ter chuva, frio e um pouco de sol para compor a estação do outono. Mas os dias estavam ficando cada vez mais frios e as nuvens acima do céu cinzentas, como se até mesmo o céu estivesse se compadecendo e se preparando para um luto. Nana deixou um suspiro baixo escapar de sua boca e pegou o pano para secar a água que bafurou da chaleira de chá. Ela já sabia do resultado dos testes de compatibilidade do seu menino e ela estava extremamente triste. Era nítido que todos na casa e na família estavam com medo de perder Yibo, se ao menos algum vidente ou cartomante tivesse cruzado seus caminhos antes e tivesse previsto para ela tanto sofrimento para sua doce criança.

Nana não queria chorar na frente de Yibo porque isso iria fazer o adolescente se sentir mal e também pensar que ela estava com pena dele. E desde que seu filho querido voltou do hospital, Yibo pediu para ninguém agir com dó ou pena com ele. Ela estava brava, furiosa com seus patrões. Nana não conseguia entender porque os pais do menino concordaram com ele sobre Yibo não querer fazer o tratamento. Por que diabos seus patrões idiotas concordaram com isso? Deus, isso parecia até um suicídio ao invés de uma morte em paz. Não, ela não concordava com isso e seu doce menino podia ficar com raiva dela se quisesse. Mas ela não estava pronta para deixá-lo ir dessa maneira, não sem antes ele lutar e provar para ela que sempre foi o Rei da selva.

— Sra. Nana, vou mover estes galões de limpeza daqui para o depósito. A senhora quer que eu traga alguma coisa de lá? — Yang Mi se virou para a senhora gordinha e perguntou com uma voz doce. Ela gostava demais de Nana. Não existia um só ser naquela casa e família que não a adorasse. Todos amavam a Nana de Yibo.

— Oh, querida. Não, obrigada. — Nana negou ligeiramente com a cabeça e agradeceu a moça com um sorriso gentil nos lábios, pegando o pano de prato para secar a louça. Ela estava tão cansada, desde a volta de seu menino para casa que ela não conseguia pregar os olhos direito para dormir. Nana odiava os malditos pesadelos que estava tendo nos últimos dias. — Se eu precisar de algo, eu te chamo.

Yang Mi assentiu e pegou os galões de produtos de limpeza para levar pro depósito da mansão Wang. Os outros utensílios de limpeza já estavam lá. Apenas os galões com claro e desinfetantes ficaram na cozinha, talvez deixados pelo Sr. Luidy, mordomo da família Wang. 

Nana guardou o pano de prato no varal de teto e se virou a tempo de ver sua doce criança entrando na cozinha com olhos roxos e pesados de sono,  o menino bocejou levemente e olhou para ela. A aparência de Yibo estava cada vez mais abatida, cansada, seu rosto ficando a cada dia mais pálido e sem ânimo. Nana sabia que era o câncer que estava causando isso. A magreza extrema de seu corpo já antes muito magro, suas clavículas aparentes pulando para fora como duas lanças afiadas e prontas para se afundarem sobre as mãos de qualquer um que o tocasse. Seus olhos de corça estavam tão fundos, escuros como a profundeza de um oceano atlântico. 

Seis meses para o amor!Onde histórias criam vida. Descubra agora