Na saúde e na doença

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O som das gotas de chuva se chocavam contra o vidro da janela, os farfalhar das folhas secas deixadas no chão pela ventania do mês de outono. Um quarto mórbido e branco, com chão liso e aparelhos médicos ligados à pessoa deitada inerte sobre a cama igualmente branca. O som do pulsar fraco de um coração lutando pela vida; por mais uma chance em meio a dor e a desesperança de uma cura.

O que se pode fazer para escapar de um destino incerto e inevitável quando você não tem mais forças para lutar? No que se apegar? Ou segurar? Quando parece que o chão sob seus pés de repente se abriu e agora não há mais nenhuma viga, nenhuma pilastra, uma parede se quer para poder se sustentar.

Ficar de pé novamente...

Um suspiro baixo, mais sons de batidas descompassadas ecoando de um aparelho de frequencímetro. Um coração ferido, uma pessoa doente e desamparada pela falta de vida correndo em suas veias. Wang Yibo piscou os olhos lentamente, suas pestanas longas pareciam estarem pesadas, ligadas sob suas pálpebras como se estivessem com algum tipo de cola para mantê-las fechadas.

Foi um pesadelo? Ele estivera dormindo esse tempo todo e agora, somente agora iria acordar e ver que esta não era a verdadeira realidade que ele estava vivendo. Yibo não estava doente, não é? Mamãe, por favor, diz que é mentira. Diz que tudo não passou de um pesadelo igual aos que ele tinha quando ainda era criança.

Nana? Onde está você? Onde está sua querida babá Nana para lhe abraçar, beijar sua testa com ternura e lhe dizer que tudo estava bem... Que tudo ficaria bem no final.

Mas... Yibo sabia, seus olhos piscaram forte dessa vez. Ele sabia que não iria ficar bem e isso estava matando ele mais do que o câncer que corria a solta em suas veias contando cada segundos e minutos para o fim de sua vida. Isso doía demais e Yibo queria poder respirar sozinho outra vez.

Alguém traga ar para seus pulmões além daqueles aparelhos!? Ele precisa sentir como é poder respirar sozinho outra vez...

Suas mãos pálidas tremeram, o quê? Por que suas mãos estavam enfaixadas? O que aconteceu com ele? Onde estão todos? Zhan-ge? Onde está você, gege? Uma umidade já muito bem conhecida atingiram suas bochechas frias, oh! Ele estava chorando? Isso eram às lágrimas que estavam descendo por seu rosto e caindo de seus olhos.

Mas porquê? Porque tinha que ser assim. Ele estava tão bem, não estava? Wang Yibo estava bem. Ele esteve em um acampamento de verão com seus primos e seus amigos no início do ano lunar. Ele esperou ansiosamente pela volta de seu Zhan-ge e seus tios. Yibo, ainda estava bem? Mas porque de repente ele está deitado inerte em uma cama branca de hospital e com um aparelho conectado ao seu peito fazendo tanto barulho em seus ouvidos? Pede pra parar, isso estava causando muita dor a sua cabeça. Nana, mamãe, por favor, pare isso.

Zhan-ge, por favor...

A porta do quarto foi aberta, tinha alguém vestido totalmente de branco e segurando uma prancheta em suas mãos se aproximando da cama dele. Yibo não conseguia ver seu rosto claramente, mas por sua forma anatômica e estatura física, era um homem.

- M-mãe? - Sua voz estava tão rouca de repente. Sua garganta doía e seus olhos piscaram como se tivessem um quilo de areia dentro.

- Oh, você acordou. Como está se sentindo? - Dr. Kim, era seu médico, ou, o médico de sua família.

- Morto... - Yibo respondeu sem vida. Seus olhos marejados, ele ouviu o homem ao lado dele suspirar e olhar para ele com melancólia em seus olhos escuros. - E eu não preciso da sua pena.

- Tudo bem, querido. Eu não estou com pena de você. - Dr. Kim sabia que estava mentindo, mas as vezes, nestas situações era necessário mentir. A menos que ele quisesse ser um insensível. - Além de "morto" você está sentindo mais alguma coisa? Eu realmente preciso de um diagnóstico mais preciso, Yibo.

Seis meses para o amor!Onde histórias criam vida. Descubra agora