2 - Proposta

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[1 DIA DEPOIS - SEGUNDA-FEIRA]

As aulas já tinham acabado e você e o Todoroki eram os únicos na sala de aula.

Vocês sempre ficavam por último. Quer dizer, você sempre ficava por último. Todoroki costumava ser um dos primeiros a sair, mas assim que notou que você sempre ficava quando todos os outros já não estavam, ele passou a ficar também, pra ficar perto de você, ainda que você não soubesse.

Ambos arrumavam as suas mochilas em silêncio. Quem visse do lado de fora, pensaria que vocês estão se arrumando pra sair juntos, mas vocês nem sequer conversam.

Claro, já trocaram palavras superficiais, não o suficiente pra formar uma conversa, mas já trocaram.

O bicolor ainda não tinha percebido que gosta de você. Ele se sente envergonhado sob o seu olhar, e bem também, até cora algumas vezes, mas não o suficiente pra ser perceptível. Ele se perguntava o porquê de se sentir tão bem assim apenas por estar na sua presença, e ele queria descobrir.

Ele secretamente até tentava chamar a sua atenção; olhando pra você depois de lutar (ou durante a luta), apenas para saber se você estava olhando pra ele; te observando no refeitório (mas sempre que você percebia, ele desviava o olhar); usando a sua individualidade pra fazer coisas úteis, como acender um fogão; perguntando coisas da matéria pra você (mesmo que ele já soubesse a resposta), apenas pra conversar com você, já que ele não sabe como puxar conversa. Ele sempre tentava chamar a sua atenção de alguma forma, mas nada parecia funcionar.

Mas funcionava. Você percebia as coisas que ele fazia, só não sabia que ele fazia pra você, e você sempre achava tão incrível o modo como ele usava tão bem o próprio poder, o modo como ele lutava como se fosse profissional, e impressionante como precisava da sua ajuda pra perguntas tão fáceis sobre o conteúdo da escola.

Todoroki tinha acabado de por a mochila nas costas e estava pronto pra deixar a sala, então, com um suspiro, você tomou coragem e disse:

– A minha mãe te mandou uma proposta. – Entregou a folha a ele e ele deu uma olhada.

– Por que ela entregou pra você ao invés da escola ou diretamente a mim?

– Ah... – Você sentiu o seu rosto esquentar – Sei lá. – Virou o rosto, tentando esconder o seu rubor – Se você quiser aceitar ou não, tanto faz.

Você estava prestes a deixá-lo sozinho, tentando se livrar daquele clima constrangedor, quando a voz dele a fez parar.

– O meu pai também te mandou uma proposta.

Você olhou nos olhos dele, esperando que ele te entregue o papel da proposta ou algo assim, mas ele apenas ficou te olhando em silêncio e vocês ficaram assim por longos segundos. Desse modo, você percebeu que ele estava sendo o Todoroki de sempre: lerdo (mas na verdade talvez ele só estivesse te admirando), então perguntou:

– Não vai me dar o papel?

– Que? Bem... não tá comigo. – Um leve rubor se formou nas bochechas dele – Mas eu trago pra você assim que puder.

– Não é mais fácil o seu pai me mandar a folha?

Todoroki não disse nada, parecia até mesmo constrangido, e de fato ele estava. Ele não sabia mais como sustentar aquela mentira. Quer dizer, você percebeu que o pai dele não te mandou uma proposta realmente, né? Ele não sabia dizer.

Ele apenas disse isso porque quer fazer estágio com você. Imagine só, ficar a maior parte do tempo com a garota que você gosta e, melhor ainda, evoluir juntos. Ele queria isso, então mentiu, e agora estava quase sendo pego na própria mentira.

Você, por outro lado, só achou que Todoroki estava sendo ele mesmo; poucas palavras e tal, então apenas suspirou, parecendo até mesmo impaciente pro maior, mas apenas estava constrangida por estar perto dele.

Você se virou de costas pra ele e foi até a porta da sala de aula. Quando chegou nela, você parou e, ainda de costas, disse:

– Quando você estiver com o papel, você pode me entregar assim que me ver. – O seu tom de voz saiu tão sério que fez os pelos do bicolor se arrepiarem.

Você sempre era tão fria como um cubo de gelo. Ele gostava disso; coisas geladas, isso a tornava atraente aos olhos do garoto. Ele se perguntava o que você guardava por baixo dessa marra toda, desse jeito sombrio.

Secretamente, ele adoraria descobrir o que você tem por baixo desse jeito frio e até lhe esquentar um pouco, quem sabe? Assim como o seu gosto por coisas frias, ele também gosta de coisas quentes; meio-a-meio.

Assim que você disse aquilo a ele, você passou pela porta calmamente, dando passos tão leves quanto uma pena, mas quando já não estava mais no campo de visão do bicolor, você começou a correr com as mãos nas próprias bochechas.

Caramba, você estava tentando se controlar, mas era quase impossível! O seu rosto sempre fica tão vermelho perto desse garoto. Se você olhasse pra trás enquanto estava parada em frente a porta (anteriormente) e encontrasse os olhos dele, o seu rosto com certeza queimaria tanto quanto as suas chamas!

Então, assim que teve a oportunidade, você correu tão rápido que a sua garganta estava secando tanto quanto seca quando você usa a sua individualidade, e foi em meio a sua correria, tentando esquecer aquele rosto tão impossivelmente perfeito, que você acabou esbarrando em alguém.

– Ai! Você tá bem? – Midoriya perguntou assim que te viu.

– Sim, me desculpe. – Se levantou do chão junto a ele.

– Tá tudo bem? Quer dizer, não pela queda. Você tava correndo muito e o seu rosto tá vermelho. Quer falar com a Recovery Girl?

– Eu estou bem, não se preocupe comigo. – Você disse, tentando se livrar dele e desejando que ele percebesse e lhe deixasse.

– Tudo bem então. Quer ir pro dormitório comigo?

– Não, eu- – Você interrompeu a sua fala assim que ouviu uma voz nas suas costas.

– Midoriya? S/N? – Aquela voz grossa, que você poderia reconhecer em qualquer lugar, perguntou.

Involuntariamente, você levou o seu olhar pra trás, encontrando os olhos do Todoroki.

Os seus olhos se arregalaram e as suas bochechas queimaram tanto que você até poderia acreditar que Todoroki estava usando a individualidade dele em você.

Você olhou novamente pro Midoriya, encontrando o olhar confuso do garoto.

O constrangimento começou a percorrer o seu ser. Por que ficar perto do Todoroki parece sempre tão difícil?

– Eu preciso ir. – Você disse baixo e começou a andar em direção aos dormitórios da U.A.

Você desejava correr naquele momento, chegar rápido no seu dormitório e se jogar na sua cama, deixando os pensamentos autodepreciativos te consumirem, mas você não podia correr, não agora.

Assim que você entrou no alojamento da 1-A, alguns alunos tentaram falar com você, mas você apenas subiu depressa até o seu quarto e se trancou, desejando que ninguém batesse na sua porta. Eu sou tão idiota.

❄️ [06/11/2023]

Por favor, cliquem na estrelinha ⭐️

Até o próximo capítulo 💞

Por algum motivo eu amei você - Shoto TodorokiOnde histórias criam vida. Descubra agora