Capítulo 2 - Em busca

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Havia algo nublado sobre os olhos de Hermione, impedindo-a de enxergar de onde vinha a claridade contra seu rosto.

Ela ergueu as mãos na tentativa de afastar a neblina, esfregando os olhos e coçando-os, e então se deparou com uma luz ofuscante direcionada de uma lâmpada fluorescente no teto.

Estava em um hospital.

As últimas cenas das quais se lembrava retornaram em flashes. O rosto simpático de seus afilhados, os semblantes exultantes de Harry e Gina. o Afeto que sentiu ao ser acolhida na casa, mesmo contra a aprovação de Rony. A briga. A caminhada abaixo de uma aparente tempestade, e sua breve estadia na ponte Waterloo, encarando o London Eye e pensando sobre sua vida enquanto se dava conta de que era Dia das Bruxas.

E tudo que veio depois.

Um homem desconhecido tentando se jogar da ponte, nenhum olhar preocupado em sua direção, senão o dela. A urgência que ela sentiu enquanto se impulsionava em sua direção, impedindo-o de fazer o pior, e então a queda. O momento em que discutiram, e finalmente o momento em que ela se deu conta de que o homem que havia acabado de tentar suicídio a poucos metros dela era Severus Snape.

Sua cabeça doía enquanto rememorava a feição insana de seu ex-professor, fitando-a com ira.

E a pequena frase que ele disse, já embaralhada na sua mente, sendo o que de alguma forma a trouxe até aqui.

Diferente do que ele acreditava, ela não tinha uma família. E depois daquilo, tudo virou escuridão.

— Querida, não faça isso! — Uma voz a reprimiu enquanto se aproximava, e só então Hermione percebeu que estava tentando arrancar o acesso em seu braço direito sem nenhuma sutileza.

— Onde eu estou? — Hermione perguntou, a voz saindo embargada enquanto parecia rasgar suas cordas vocais, fazendo-a constatar que não falava há algum tempo. — Há quanto tempo estou aqui?

— Hospital St. Thomas. — A mesma voz explicou, e Hermione voltou os olhos para a enfermeira que falava, seu semblante estranhamente acolhedor e parecido com o da Madame Pomfrey. — Você está aqui há dois dias

O coração de Hermione se acelerou, assim como sua respiração. E ela soube disso não por si mesma, mas pela máquina que a monitorava.

— Ora, não se preocupe. — A enfermeira a acalmou, afagando sua mão. — Você estava querendo acordar já faz algumas horas, senhorita Granger.

— Como sabem meu nome? — Hermione engasgou, olhando para os lados como se fosse descobrir estar sendo espionada.

— Porque é o que está escrito no seu prontuário. Coitadinha, ainda está tão confusa. — Ela sussurrou a parte final da frase para si mesma enquanto oferecia um sorriso para Hermione.

Hermione respirou fundo, acolhendo as poucas informações que já havia recebido e arquivando-as em sua mente.

Ela estava em um hospital que ficava próximo da Ponte Waterloo, raciocinou. Estava há dois dias sem acordar, o que poderia significar algum dano neurológico ou cardiológico. Eles tinham seus dados médicos e seu prontuário, o que significava que seus documentos estavam em algum lugar na administração, e que ela havia sido internada, provavelmente por alguém.

— Qual seu nome? — Hermione perguntou para a jovem senhora de cabelos pretos que era a enfermeira.

— Mary. — Ela falou o nome com um sorriso no rosto. Ela tinha cara de Mary.

— Mary. — Hermione repetiu. — Você pode me explicar o que aconteceu?

Hermione prestou atenção nos detalhes que Mary a passava enquanto lia seu prontuário. Ela havia dado entrada no hospital no dia 31 de outubro, às dez e vinte da noite, acompanhada de um homem que afirmava tê-la encontrado assim na Ponte Waterloo. Hermione não precisou se esforçar para saber que o homem era Snape. Os exames afirmavam que Hermione havia tido um problema no músculo de seu coração, o que havia resultado em seu desmaio repentino, e seu tratamento consistia em monitoramento e medicamentos dilatadores.

How to save a life - Sevmione/SnamioneOnde histórias criam vida. Descubra agora