Capítulo 11 - Milagre de Natal (parte 2)

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Snape se encontrou na porta de entrada do apartamento de Hermione, esperando que ela entrasse e permitisse sua passagem.

E quando ela o fez, ele achou que estar lá parecia intimista demais, quase errado. A sensação era parecida com a de se deparar com alguém usando apenas toalhas de banho, ou de descobrir um segredo muito pessoal de alguém.

Todo o apartamento tinha aquele mesmo cheiro de baunilha. O cheiro dela.

Não era um espaço muito grande, e da porta de entrada ele já era capaz de ver toda a sala e uma parte da cozinha, espaçada apenas por um passa pratos na altura da cintura, onde Bichento estava descansando preguiçosamente com uma das pernas jogadas para o lado.

A sala possuía uma pequena mesa redonda para quatro pessoas, um sofá cor de caramelo estreito que possuía apenas três lugares coberto por almofadas azuis que se esbanjavam até o chão, e logo a frente uma televisão de tubo, provavelmente de imagem colorida, do tipo que Snape nunca pode ter em sua casa. Tanto pela questão financeira quanto pelas crenças radicais de seu pai.

Abaixo de tudo isso, o chão era formado por tacos de madeira marrom-avermelhada, todos devidamente protegidos por um tapete de fios redondo que possuía linhas e formas geométricas estampadas nas cores vermelhas, pretas, brancas e amarelas.

É óbvio que havia uma estante de livros. Como deixaria de haver?

A estante cobria a parede lateral da sala, logo ao lado do sofá, e possuía quase tantos títulos quanto ele costumava passar em sua grade acadêmica em Hogwarts, isso durante todos os sete anos de aula. Diferente do restante da casa, aquela parecia a única parte realmente organizada. Era como um santuário onde as lombadas eram organizadas por temas, cores e autores.

— Ele é bem pequeno. — Hermione se desculpou enquanto jogava a capa de neve sobre um suporte ao lado da entrada.

— É excelente. — Ele corrigiu, imitando seu gesto.

Snape ficou em silêncio, seguindo-a meio sem jeito fora de seu habitat natural enquanto ela passeava em direção a cozinha, aproveitando para agradar Bichento.

Hermione abriu sua geladeira, checou por alguns instantes e então fez o mesmo com um armário de madeira amarelada que era alto demais para ela. Suas sobrancelhas estavam unidas em preocupação enquanto ela avaliava, parecida com a Hermione Granger de dezesseis anos quando se deparava com uma questão difícil de resolver.

— Não vai me contar o que estava fazendo na igreja? — Ele perguntou quando cansou de esperar, escorando-se no pilar do passa prato e recebendo uma cabeçada de aprovação de Bichento.

Ele a tirou de suas preocupações por um tempo, obrigando-a a encará-lo com falsa irritação, ainda que houvesse humor em seus olhos.

— Suponho que você seja teimoso demais para aceitar um convite de jantar natalino sem maiores insistência, Snape. Mesmo que tivéssemos combinado que você toparia quando eu fizesse esse tipo de proposta.

— Já te falei meu ponto. — Ele se defendeu, a mão ainda acariciando a cabeça de um exigente Bichento. — Eu sou um homem orgulhoso, senhorita Granger. Não me vejo servindo como cozinheiro pra você e seu namorado em um dia de Natal, apenas para não ficar sozinho.

Hermione agora estava revirando panelinhas e caçarolas, buscando por algo.

— Não me lembro de ter pedido que você cozinhasse. — Ela disse com acidez. — Perguntei se você sabia cozinhar, e disse que tinha macarrão vencido em casa. Só isso.

Ele percebeu que ela não falou nada sobre Jonathan não ser seu namorado.

— É claro que eu sei cozinhar, senhorita Granger. Moro sozinho e me viro na cozinha a mais tempo do que você tem de vida. Mas foi você que sugeriu que seria necessário cozinhar para três pessoas.

How to save a life - Sevmione/SnamioneOnde histórias criam vida. Descubra agora