Close your eyes
Have no fear
The monster's gone
He's on the run andBeautiful boy - John Lennon
A primeira conclusão que Hermione teve quando viu Snape naquela tarde em sua livraria, era de que ele parecia profundamente cansado. As olheiras estavam roxas e fundas, e até mesmo os ossos de seu rosto pareciam mais pontiagudos quando observados do ângulo da luz.
— Boa tarde, senhor. — Ela disse, tentando disfarçar a voz preocupada.
Estava determinada a ser o mais agradável possível naquele dia. Mostrar para ele que as tarefas de sobrevivência não seriam assim tão ruins quanto ele conseguia imaginar.
— Se você diz. — Ele deu de ombros debilmente, e então encostou suas costas na prateleira ao lado da porta. — Ainda acho isso uma péssima ideia.
Hermione pensou longos segundos antes de falar.
— Não prometo que vai ser perfeito, nem que não haverão comentários.
Ela sabia que mentir apenas pioraria a situação. Sabia que a grande maioria do público ou não sabia, ou escolhia não acreditar no que Snape havia feito pela comunidade bruxa.
— Não acho que eles vão te inocentar ou nada do tipo. — Ela disse com sinceridade. — Acho que vão te olhar atravessado, vão cochichar e vão fazer comentários ácidos, como a maioria das pessoas desinformadas costumam fazer.
— Então qual o sentido de tudo isso?
— Que eles o vejam. — Hermione falou enquanto terminava de devolver os livros às prateleiras corretas e organizava o caixa. — Que eles vejam que o senhor não tem razões para se esconder, e por isso merece sair na maldita rua para comprar a maldita raiz de asfódelo que quiser, assim como eu também posso.
Talvez fosse seu semblante cansado, mas Hermione percebeu que ele não discutiria. Era como se ele não tivesse nem energia para isso.
Quando o ajudante de Madame Rosmerta chegou para vigiar a loja de Hermione, ela lhe ofereceu um olhar agradecido e guiou Snape para o ponto de aparatação mais próximo.
Os passos dele eram rápidos e espaçados, enquanto os dela eram curtos e apressados. E foi por isso que ela revirou os olhos enquanto tentava acompanhar seu ritmo nada paciente. Para sua sorte, Hogsmeade estava tão vazia aquela tarde quanto poderia, e quase não havia olhares em sua direção.
— Vamos aparatar juntos. — Ela disse com firmeza, torcendo para ter soado determinada o suficiente. — Quero ter certeza de que o senhor não vai fugir ou nada do tipo.
— Quer parar de me chamar de senhor? — Ele exclamou repentinamente, soltando
um olhar nem um pouco contente para ela. — Eu não estou nem na meia idade.
— Achei que por ter sido meu professor... — Ela começou a gaguejar, surpresa com sua irritação.
— Não parece se preocupar com eu ter sido seu professor quando me obriga a fazer coisas que não quero. — Ele a interrompeu, mas ficou quieto logo em seguida, e Hermione logo percebeu que aquela era a forma dele de expressar sua indignação: reclamar de absolutamente qualquer coisa.
Como ele não fez menção de se mexer, Hermione prendeu seu antebraço no dele por cima do casaco, e então aparatou.
...
O Beco Diagonal estava como sempre esteve: lotado.
Bruxos e bruxas subiam e desciam a rua, todos concentrados demais em suas próprias listas de compras e sacolas imensas de bugigangas. Snape soltou o braço de Hermione assim que pousaram no chão, e ela permitiu que ele andasse ao seu lado enquanto se organizavam em meio a multidão.
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How to save a life - Sevmione/Snamione
RomanceNo dia 31 de outubro de 2004, um cansado e ferido Severus Snape lê uma notícia que o faz chegar ao seu limite. Ele desiste de viver. Mas uma teimosa e enxerida grifinória parece incapaz de deixá-lo seguir com seus planos. Essa é uma história sobre...