38: Passado

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Nove anos atrás...

O garoto sentia-se cansado de tudo aquilo e não via sentido em ser bom, os outros não eram bons com ele. Todos eles eram tão incômodos, os garotos que o importunava nunca eram punidos, por que ele deveria ser? Jeff subiu para o seu quarto, iria achar um jeito de se vingar de todos eles. Após algum tempo pensando sobre o assunto, alguém bate na porta.

— Entra.

Liu entrou no quarto.

— Quer jogar videogame? — Jeff negou. — Vamos, apenas um pouco antes de dormir.

Liu sabia que seu irmão não estava chateado e por isso tentava distraí-lo. Determinado, ele saiu do quarto do irmão mais velho e ao retornar, trouxe uma garrafa de cerveja.

— Ela é sua, se você jogar uma partida comigo. — Ele ofereceu.

— Onde conseguiu isso? — Ele riu pegando a garrafa. — Não me diga que roubou isso.

— Eles não iam me vender então...

— Não mente pra mim, você nunca faria isso. — Jeff abriu a tampa da garrafa com o dente e a virou na boca.

— Certo, eu peguei na mão de uns caras, estavam bebendo nos fundos da escola.

— E por que me deu?

— Você gosta disso, eu não. — Liu deu de ombros.

Convencido, Jeff passou o braço envolta do pescoço do irmão.

— Já que você me deixou de bom humor, vamos jogar o quanto você quiser.

Liu riu da súbita mudança de Jeff.

(...)

Jeff havia pensado a noite toda sobre isso, em como ia se vingar do palhaço que tirava sarro de Liu. Liu era muito tranquilo para revidar a altura e ele sabia que se não fizesse nada a respeito, ele não iria deixar seu irmão em paz.

"Cortar o mal pela raiz é sempre a melhor opção."

Decidido, na hora do intervalo, Jeff se encontrou com o jovem e fez sua proposta.

— Por que você acha que iria fazer isso?

— Tem razão, um covarde como você só ataca alguém em bando e sempre alguém mais fraco. — O maior se ofendeu. — É por isso que você está tão frouxo? Cadê a duplinha de patetas que abana rabo pra você?

— Eu vou partir sua cara se não sair daqui. — Ele o puxou pela blusa.

— O corajoso Caio está com medo?

Dos três, ele era o problema, sempre incentivava os outros a mexerem com Liu, se ele parasse os outros também iriam.

— Eu vou, mas só pra moer sua cara na porrada e sabe o que é melhor? Não vai ter ninguém para intervir.

"Com certeza não vai haver ninguém."

Satisfeito com isso, Jeff reprimiu sua vontade de revidar ali mesmo e deu as costas. A noite ele teria sua chance.

(...)

Já pronto, Jeff se olhou no espelho. Ele prendeu os cabelos e colocou o capuz. Precisava sair em silêncio de casa, seus pais geralmente não o incomodavam no quarto, mas Liu ainda poderia chamá-lo e ver que ele não estava em casa. Ele pegou sua mochila e desceu pela janela do quarto com certa agilidade, já havia feito isso antes, ele correu em direção ao local que tinha marcado de estar, nos fundos do pátio de uma fábrica abandonada. O garoto não levou mais que vinte minutos para chegar já que andou a passos apressados, ao chegar, notou que já o esperavam.

Meu Pesadelo (Concluida)Onde histórias criam vida. Descubra agora