41: Despedida III

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Jeffrey

— Eu te quero. — Ela disse.

Isso era tudo o que eu queria ouvir. Minha vontade era ceder, eu sempre cedia, mas não podia dessa vez.

— Não me faça querer ser tão egoísta ao ponto de aceitar isso… — Eu implorei.

Sua mão acariciou meu rosto. Como eu poderia ficar ao lado de alguém como ela? Antes eu só tinha de esconder meu lado assassino, mas agora eu nem mesmo posso sair sem me cobrir completamente. Eu tive “sorte” de não ser queimado até a morte, mas quando Spencer chegou o estrago já estava feito. Enquanto estava de cama eu pensava apenas em como Christine estava e que eu queria vê-la o mais rápido possível.

Quando me vi pela primeira vez no espelho eu finalmente percebi que não era o mesmo. Foi insuportável retirar as ataduras e ver que eu estava “diferente”. Meu ódio era tanto que mesmo eu sabendo que o desgraçado o meu irmão estava morto, queria desenterrar seu cadáver, esfaquear e esquartejar ele praguejando e rezando para que sua alma jamais tivesse descanso. Depois de tudo eu finalmente me aceitei, o que eu via diante do espelho condizia com a minha personalidade, eu só precisava me aperfeiçoar. Por que não me tornar mais assustador ainda para minhas vítimas? Eu esculpi um largo e profundo sorriso em meu rosto, quando Spencer viu isso quase enlouqueceu, foi hilário ver ele tão chocado.

Ele chamou o médico novamente, médico esse que de forma alguma pareceu se perturbar com o que viu, acho que ele já viu coisas piores. Eu tive o meu corte costurado, mas não adiantou muito já que em pouco tempo eu estourei os pontos, me obriguei a passar por uma lenta e dolorosa cicatrização. Como esperado, isso me deixou com ar ainda mais assustador. Com exceção do médico, Spencer era o único que me viu. Quando finalmente comecei a sair, tinha de sair totalmente coberto. A primeira coisa que fiz quando me vi livre depois de dolorosas semanas, foi descontar todo meu ódio em um homem qualquer. Sanado isso eu voltei para onde estava ficando, Spencer não gostou muito disso. Eu ainda me perguntava o que o levava me ajudar. Minha rápida recuperação só foi possível por que ele ajudou.

— O que você pretende fazer agora? Voltar para procurar aquela garota e infernizar ela?

— Isso não é de sua conta — Spencer suspirou cansado.

— Faça o que bem entender, mas tenha em mente que além de tudo o que você já fez, já não é mais o mesmo e jamais vai voltar a ser “normal”, se lhe resta um pouco de sanidade, deixe a garota em paz.

— E qual seu problema com isso? Está tão preocupado assim com ela?
Ele riu cinicamente.

— Jeff, você agora não é mais um monstro em pele de cordeiro. Onde você for, vai atrair olhares. Quer mesmo que a garota tenha de estar ao seu lado assim? — Eu não tinha pensado nisso, mas me incomodou. — Admita, o papel de bom moço não combina com você. Aceita logo que você nasceu pra ser quem você é.

Após dizer isso ele deu as costas e saiu. Eu achei que conseguiria lidar facilmente com esse problema, nada que um local afastado de tudo não resolvesse, ela não ia precisar de mais ninguém além de mim. Isso era o que eu achava. Quando a encontrei, comecei a segui-la e quase sempre a via com o pequeno em seus braços. Ela parecia estar bem, às vezes sorria ao cumprimentar alguém. Por onde ela passava sempre tinha alguém para olhá-la, principalmente homem. Isso me dava tanto ódio que eu queria arrancar olho por olho de cada um deles.

— Jeff? — Christine me tirou de meus pensamentos. — Você vai ficar? Eu não quero ficar sozinha de novo.

Eu assenti, sei que ela diz isso agora, mas vai se arrepender no futuro. Não posso estar sempre lhe magoando e pedindo perdão, seria um ciclo vicioso e cansativo para ambos.
Christine estava ainda mais linda, o vestido que usava acentua bem suas curvas e posso dizer que ela foi feita para roupas assim. Tudo nela, até seus defeitos, a tornam perfeita. Sua pele macia e quente me fazia delirar, mas antes que eu pudesse continuar, parei. Não dando por satisfeita, ela me encarou de forma desafiadora e se afastou indo até a cama, tirou o vestido, deitou e me ordenou.

Meu Pesadelo (Concluida)Onde histórias criam vida. Descubra agora