34: Rato

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Christine

— Jeff, você tem certeza disso? — Apertei o volante. — Não me sinto totalmente segura.

— Quando você vai deixar de ser tão medrosa? — Ele revirou os olhos. — Estamos treinando há quase duas semanas, você aprende rápido.

— Eu sei, mas não sei se é uma boa ideia.

— Christine, você vai ter de sair sozinha em algum momento. — Eu franzi a testa. — E antes que você diga algo, eu tenho certeza que é bem mais seguro você dirigir o seu próprio carro do que ficar a mercê de táxi ou ônibus. 

— Mas eu...

— Mas nada. — Ele me interrompeu. — Eu não estou pedindo que você faça algo impossível ou torne-se uma piloto de fuga, estou pedindo que ponha em prática o que eu te ensinei.

Respirei fundo. Não ia adiantar discutir com Jeff, ele tinha razão. 

— Insuportável. — Eu liguei o carro. — Você não tem mais ninguém para azucrinar?

— Não. — Ele riu. — Não reclame, admita que se não fosse por mim você estaria entediada em casa.

De certa forma ele tinha razão, não sei se ele usou isso como um pretexto para estar comigo todos os dias, mas isso não me desagrada. Ele me comprou um celular novo, apesar daquele incidente, ele não tem me vigiando. Percebo que às vezes ele parece incomodado, mas não diz nada. Eu segui viagem me sentindo segura nas ruas calmas, sem nervosismo ou pressão, mas isso mudou assim que me vi em uma pista mais movimentada. Não sei se foi pelo medo de errar ou por que pensei negativamente, mas eu já não estava mais tão disposta a continuar. Jeff notou isso. 

— Encosta, deixa que eu levo daqui. — Trocamos de lugar. — Você foi bem, logo vai estar mais experiente. 

— Acho que sim. — Coloquei o cinto. — Vamos de moto na próxima?

— Não, é mais arriscado.

— Tenho que me acostumar a isso. — Ele fechou a cara. — O que? Você está muito chato ultimamente.

— É tão ruim assim eu me preocupar com você? 

— Não. — Eu neguei rapidamente. — De modo algum. Vamos comprar sorvete?

— De novo? Você tá comendo isso praticamente todo dia, escolhe outra coisa.

— Não sou eu. — Cruzei os braços. — E se não for sorvete, o que poderia ser ?

— Não sei, talvez algo menos doce e não ponha a culpa na gravidez. — Fechei a cara. — Não faz essa cara Christine. 

Virei o rosto. Eu estava me alimentando corretamente, mereço uma recompensa.

— Só hoje. — Ontem ele também disse isso. — Amanhã você vai comer outra coisa.

— Pudim. — Eu sugeri.

— Escolha algo mais saudável. — Jeff mudou a direção indo para o supermercado. — Você só quer comer coisas cheias de açúcar. Nada de bolo, sorvete, pudim ou milk-shake. Coma fruta ou sei lá.

Jeff assumiu uma postura diferente da de antes, ele parece mais preocupado comigo e com o bebê. Tem ficado mais atento e bebido menos. Era estranho admitir, mas ele mudou nesse curto período de tempo. Isso nos aproximou mais, não sei dizer se devo ficar alegre ou em estado de alerta.

— Eu quero pizza também. 

— Vamos pegar tudo de uma vez pra que eu não precise voltar depois.

— Se você se refere aquela noite, eu já disse que não foi minha culpa.

Meu Pesadelo (Concluida)Onde histórias criam vida. Descubra agora