00; prólogo

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(ponto de vista; Raquel Vitorinno)

Ódio. Ódio. Ódio. É tão fácil odiar hoje em dia, certo? A primeira coisa que vem na cabeça quando algo dá errado é isso; Raiva, irritação e uma possível dor de cabeça. Papai havia expulsado a linda Raquel de casa pela… Décima vez na semana? Era um recorde, na semana passada foi apenas 5. Isso por conta de sua embriaguez. Nesse momento ela batucava os dedos no banco da praça, irritada, mas mimada também. Odiava quando era expulsa de casa, apesar de ser como um hábito. Pois sabia que só poderia retornar depois das 22; O horário que sua mãe chegaria em casa.

Seu pai era um alcoólatra, mas ele não levantava as mãos para sua mãe ou para a filha, não era covarde nesse nível. Tirando o fato de ser meio ausente e viver expulsando a própria filha de sua residência ele era extremamente simpático. Mandá-la embora era quase como uma piada interna; Ela sempre retornaria depois. Isso era óbvio também, pois seu pai ou ligaria para ela, ou a buscaria. Ele a amava apesar da embriaguez.

Ela respirou fundo, olhando o relógio do próprio celular novamente, notando que marcava exatos "19:30". Faltava 1 hora e meia para poder voltar para sua casa. Respirou fundo retirando o caderno de sua mochila improvisada, escrevendo um breve poema clichê que se passou na sua cabeça no momento. É, ela se chamava de poeta, pois amava fazer aquilo e fazia com frequência.

Assim que finalizou, fechou o caderno e seguiu seu caminho andando pelas ruas de Guarulhos, ela se lembrava de cada detalhe daquela cidade, amava tudo, desde a comida até o cachorro amarelo que fica na esquina de sua casa. – que fedia pra caralho. – Escutou barulhos de uma praça, alguns gritavam e ela notou o que estava acontecendo; Era uma batalha de rima.

Um vento percorreu todo seu corpo fazendo a mesma se arrepiar, seu tio participava dessas batalhas, ele era excepcional e a convidada várias vezes para presenciar algumas quando era criança. Até ele criar a mais famosa Batalha da Aldeia em 2016. Ela teve que se afastar por motivos totalmente pertencentes à escola. Seus pais queriam que ela passasse na tão sonhada faculdade "federal" USP, UFRJ entre algumas outras. Bem, quando ela não passou na nota de corte por muito pouco ela chorou feito uma criança, mas não podia fazer nada para mudar o resultado.

E então acabou se afastando das rimas, mas tinha um grande talento em sua época, dos 13 aos 15 anos, Phoenix Mc era seu apelido, e é, ela ganhou 2 aldeias de trio, a de 2018 e 2019. Começou a ver batalhas com cerca de 9 anos de idade, obviamente ela idolatra e amou. Quando parou, foi como se uma parte dela tivesse parado de funcionar também, metade do coração tivesse parado de bater.

Ela se aproximou em passos lentos, e ali ela avistou seu tio de longe, animando o público, com gritos e uma animação que só ele conseguia exalar. A plateia berrava, e pulava, contente. Em passos lentos Raquel sorria e se aproximava, tentando enxergar o duelo que iria ter ali no palco, de duas pessoas que ela com certeza não conhecia.

Por conta das bebidas alcoólicas de seu pai, ela acabou se afastando de seu tio também, perdendo o contato. E sua família não fez questão de retornar a falar com ele, mas sentia uma falta do caralho. Quando o round acabou, ela notou que estava pulando e gritando com a galera, era extremamente extrovertida, e então estava sorrindo e rindo das falas de algumas pessoas ali.

— Raquel? - Ela ouviu a voz, e se virou de uma vez, sentindo todo seu corpo arrepiar ao ver a imagem de Bob ali em sua frente.

— Tio Bob! - O agarrou em um abraço, que foi facilmente correspondido pelo mais velho, ela sorria animada, com uma saudades deprimente que preenchia seu coração sendo finalmente liberada ao ver seu segundo pai.

— Você cresceu tanto… - Eles se afastaram e ele começou a analisar a imagem de seu tamanho, vendo que agora ela era uma mulher de verdade.

— Bem, a Phoenixzinha tinha que crescer… - Ela jogou os cabelos para trás, feliz.

Essa Eu Fiz Pro Nosso Amor, (guri mc - batalha de rima) !HIATUS!Onde histórias criam vida. Descubra agora