Capítulo 2 - Part. 1 - Matthew.

2.2K 197 5
                                    


ESTA OBRA FICOU DISPONÍVEL PARA LEITURA ATÉ 26/12/2016, APÓS, FOI RETIRADA PARA REVISÃO.


Segurei-a em meus braços antes que atingisse o chão. Seu corpo leve e pequeno parecia ainda mais diminuto e frágil em meus braços. Institivamente, senti a necessidade de protegê-la, o que era uma completa loucura. Ela era uma desconhecida, e tudo nela gritava e cheirava a perigo... e a flores...


Por um segundo, fiquei sem saber o que fazer com aquela garota desmaiada em meus braços. Sabia que as pessoas da fila estavam olhando, e não seria sensato deixa-la ali. Só Deus sabe o que poderia acontecer com aquela jovem. Sem falar que ela estava sangrando, e muito.


Rapidamente, lati algumas ordens para Walters e levei a garota para dentro da boate, tomando cuidado para não bater com o seu corpo contra ninguém enquanto atravessava a pista de dança. Subi as escadas que davam para o meu apartamento no segundo andar o mais rápido possível, e parei no meio do corredor, incerto sobre o que fazer.


Balançando a cabeça, a levei para o antigo quarto de Mason, colocando-a sobre a cama com cuidado. Suas vestes estavam rasgadas e cobertas de sangue, principalmente sua camisa, e terminei de rasgá-la fora. Todo aquele sangue, ou pelo menos grande parte dele, vinha de um machucado em seu lado direito, um ferimento que descobri ser de uma arma de fogo. Aquela garota havia sido baleada.


Tive outro breve momento sem saber o que fazer. Por deus, aquela garota estava gravemente ferida! Eu deveria leva-la para o pronto socorro... Mas, se ela veio para mim, e não para um hospital, estava claro que era mais do que apenas um caso de bala perdida.


Ela devia estar bem encrencada.


Amaldiçoando baixinho, fiz o máximo que pude para parar e limpar o ferimento. Felizmente, notei que o tiro havia sido apenas de raspão, e não ficou nenhuma bala em seu corpo, o que, foi um grande alívio, porque eu não estava certo de que poderia extrair uma bala.


- Quer que eu chame alguém, chefe?


Olhei para Walters parado na porta, observando com o cenho franzido o machucado da garota, provavelmente preocupado com a sua gravidade.


- Não. - disse, tirando o escuro cabelo do rosto da garota, vendo pela primeira vez as suas feições. - Só traga-me uma bebida. A mais forte que tiver.


- Sim senhor.


Escovei cada fio para longe de seu rosto pálido. Havia alguns machucados em sua face, também, assim como sangue, mas isso não escondia o tamanho de sua beleza. O rosto fino era bem marcado pelas suas bochechas salientes e os lábios rosados e cheios, que eram distinguidos por um pequeno sinal no lado esquerdo sobre seu lábio superior.


Estranhamente, senti uma enorme vontade de beijar aquele pequeno ponto acima de sua boca e sugar os seus lábios carnudos...


Balançando a cabeça, afastei-me, caminhando para o banheiro. Peguei alguns analgésicos e bandagens, um pouco de água quente da ducha, toalhas. Quando retornei ao quarto, a garota parecia estar despertando, ou simplesmente alucinando, soltando pequenos gemidos de dor.


Apressei meu passo até ela e sentei na beirada da cama, colocando tudo sobre o criado mudo. Coloquei uma das toalhas ao lado de seu corpo, sob o machucado, sempre atento aos gemidos de dor que emitia.


Assentei a palma de minha mão sobre sua bochecha, tentando acamá-la.


- Shhh... Está tudo bem. - sussurrei, e nesse momento Walters entrou na sala, trazendo uma garrafa de Jack e outra de Jose Cuervo.


Afastando-me, peguei a garrafa de Jack, tirei a tampa e virei-a em minha boca, engolindo um bom tanto. Logo após, peguei a garrafa de tequila e joguei o líquido sobre o machucado da garota.


Ela despertou completamente, gritando de dor.


Sem pensar sobre, a fiz tomar um pouco do álcool. As aspirinas que eu tinha não seriam nem de longe o suficiente para amenizar as dores provocados pela queimação da pólvora.


- Tome isso. - eu disse, ajudando-a beber. Ela tentou parar depois do primeiro gole, ao perceber o que era, provavelmente, mas não deixei que parasse. Se ela não tomasse um bom tanto, iria morrer de dor, e eu não iria suportar ver isso.


O líquido escorreu um pouco pelo lado de sua boca, e eu a limpei antes de ajuda-la a deitar novamente. Entreguei a garrafa para Walters, que parecia uma estátua no meio do quarto, observando tudo perplexamente.


Mandei que ele desse pequenas doses para ela, aos poucos, e a segurasse se tentasse se mexer, o que com certeza aconteceria. Vi muitas coisas em minha vida, algumas delas que vieram de grande utilidade, algum dia. Ter visto o meu irmão nascer, fora outras coisas, veio a calhar hoje.


Walters segurou a garota pelos ombros, assentindo para mim, e eu joguei mais um pouco de tequila em seu machucado, tentando ignorar os gemidos de dor da menina.


O segurança logo a fez tomar mais um pouco de Jack, provavelmente não gostando de toda aquela cena. Eu não podia culpa-lo.


Sequei o excesso de álcool do ferimento, e me pus a fazer o que os caras no exército fazem nos filmes. Walters segurou com força a garota, e perguntei-me se não a estaria machucando, mas era necessário. A música que vinha da boate escondeu os gritos da desconhecida dos fregueses, mas nada fazia para tampar os meus ouvidos.


Aos poucos, ela pareceu ser tomada pelo álcool, e seu corpo foi ficando mais mole, os gritos não passando de gemidos fracos. O cansaço e a dor deveriam estar se apossando dela, de sua consciência, porque assim que eu terminei de fazer o curativo, ela já tinha desmaiado novamente.


Mandei Walters para fora, em um ronda, ver se nada mais anormal estaria acontecendo, e limpei toda a bagunça, enquanto velava o sono da garota e verificava se o ferimento não estava vazando. Até que não tinha ficado tão ruim, pensei. Costurar um ferimento realmente não era algo já feito por mim, mas surpreendi a mim mesmo com o ato.


Por ora, teria que ser isso, até que a garota acordasse e me desse as explicações, que por si só teriam que ser muito boas para toda essa merda.


E como teriam.

Alucinante - Sinclar's Club (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora