Nada me encanta
Estou entediado...
Não estou entre as moscas porque o marasmo é tanto
Que até elas se recusam a habitar
Olho lá fora
Cabeças rolam
Homens se perdem atrás de tesouros
Cada um sabe o preço que vale o que lhe é de mais valor
Não vou fingir interesse...
Eles talvez assim o fizessem, só por educação
É perda de tempo...
Estou cansado.
Estou saturado de demagogias forçadas
E a caridade tem-me parecido um gesto puramente visual
Eu serei superior apenas quando eu morrer.
Ou mais inferior...
Dependendo do ângulo em que os santos vão me julgar
Sou e serei sempre aquele que:
Não se conteve e que tudo quis...
Mesmo tendo poucas ambições
Aquele que respondeu a quem não devia.
Que teve preguiça,
e que manteve sujo o que já havia sido mal lavado
O "cheio de pecados"
Fruto e autor de traições nem tão "impropositais"
Sou o que hesitou
O que cobiçará!
E o que negara três vezes ou mais
Serei sempre o que tomou gelado
O que dançou sob a chuva
Serei eu o que estava lá ...
O que protagonizará
Tem e terá muitas histórias pra contar
Sou eu uma folha corrida de erros
Escrita em uma letra rabiscada e impaciente
Como se tentasse gritar
Mas não sou mau...
Não. Não sou...
Sou apenas a colisão catastrófica de tudo
E de versos escritos a 2000 anos atrás
Não sei me contentar nem me caber
Já que o desejo que carrego
Não se comporta em dias iguais.
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Cartas que esqueci de entregar para você
PoetryUm amontoado de versos novos e antigos que, como cartas não entregues, nunca chegaram a ser lidas pelo destinatário que deveria as receber.