capítulo 26

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1085 palavras

⚠️ Aviso ⚠️
Este capítulo contém temas delicados sobre suicídio e depressão.
Se você sofre, por favor, você não está sozinho, lembre-se que você é importante.

Uma grande escuridão e um baque, uma voz alta em minha cabeça e um gosto de sangue em minha boca, minha boca doía e meus olhos estavam pesados demais para abrir, quando eu finalmente abri eu vi Sukuna deitado ao meu lado na cama enquanto tentava mexer minha mão notei algo ruim na minha garganta e soltei um gemido "hmm" ele levantou seu pescoço e veio até minha direção com sua grande aliança amostra enquanto respirava o meu cheiro, gritando novamente aos enfermeiros.

Eles vieram e tiraram aquele tudo da minha garganta e quando olhei de longe ele estava me olhando, a barba precisava ser feita e seu cabelo estava todo bagunçado, a roupa amassada e os olhos avermelhados diziam muita coisa.

Nanami veio até mim e sorriu, parecia até menos preocupado, do meu lado ao virar a cabeça notava várias coisas, flores, balão e pôsteres, todos escritos Yuji Itadori, quanto tempo será que fiquei desacordado? Eu não lembro e onde está o bebê? Eu perdi...

Alguns dias passaram e mesmo assim eu ainda não consegui entender a situação Sukuna estava ali, mas não parecia estar por completo, suas mãos estavam segurando as minhas, mas não pareciam lá, seu rosto olhava nos meus, mas não brilhavam até mesmo seus lábios estavam colados ao meu, mas não estavam quentes o suficiente.

Voltamos para casa e eu ainda estava na cadeira de rodas, ainda não tínhamos trocado uma palavra sequer, talvez a falta de coragem, o medo de perguntar as coisas, Sukuna preparou uma janta e me sentou ao seu lado para ajudar a comer, meus braços ainda não estavam funcionando.

- O que aconteceu naquele dia? -A pergunta foi forte, afinal ele parou e pensou por alguns segundos.

- Você está bem agora é isso que importa...-Talvez ele não tivesse a coragem de falar?

- O que aconteceu me conta...por favor Sukuna...e-eu preciso saber...-Disse me inclinando para seu lado.

- Argh... Itadori, você...eu pensei...-Seus olhos começaram a lacrimejar enquanto pingava mais e mais. - Aquele dia eu pensei que você ia morrer...e...me perdoa, você ficou três meses em coma...o bebê..m-morreu na hora e.. merda...-Sukuna se levantou e saiu correndo para cima me deixando lá embaixo.

Resolvi passar a noite de madrugada sentado ali sem pedir a alguma ajuda para Sukuna, afinal ele também tinha perdido algo, talvez o nosso filho ou o pai e o tempo que ele iria levar para processar seria pior do que o meu, mas tentei deixar isso para lá e descansar um pouquinho a cabeça.
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Porque ele agia como se nada tivesse acontecido...ele ficou três meses em coma, quando contei pra ele esperava que ele entendesse a gravidade, perder um bebê, agora não poder se movimentar direito, precisar de ajuda para tudo...eu só, estou cansado...

Os dias se passavam e depois daquele dia Itadori não falou nada, e não sinceramente não entendia o porquê, depois de tudo ainda sim parecia que algo estava faltando...eu ia até o terapeuta e descrevia essa falta, esse espaço vazio.

- Isso que está sentindo é a perda do bebê Sukuna...sei que vai ser difícil, mais ainda não conversou sobre com Yuji? -Ela me perguntava escrevendo em um livro.

- Não...eu...ele não conversamos ainda sobre isso, ele está voltando aos poucos a andar, Nanami disse que o melhor agora não é falar sobre hurum...sexo, ele lembra de ter sido estuprado só não quer falar sobre...e eu o entendo, mais...parece que nós nos afastamos doutora Shoko...eu acho que preciso dar um tempo pra ele, pensei que seriam os felizes após aquilo tudo...mais também está sendo doloroso pra mim...sinto falta de algo que nunca tive...-Eu dizia fazendo um gesto como se pegasse um bebê.

Os dias iam se passando e aquele sentimento ruim continuava, porque Itadori agora se sentava com seus amigos e sorria, ele sofreu tanto e eu...não estava lá...talvez...eu realmente nunca precisei estar aqui...eu...vou me matar.
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Os dias se passavam devagar e a chuva de novembro consumiam Sukuna que olhava pela janela com olhos inchados e vermelhos como se estivesse cansado, Itadori já havia voltado a andar, com uma grande dificuldade porém conseguia agora até mesmo descer a escada e preparar o café.

E foi assim que decidiu acordar a Sukuna ele preparou todos os tipos de comida para mostrar o quão grato era por Sukuna e ainda o amava, Itadori tentava mostrar que ainda estava apaixonado por Sukuna, enquanto mesmo assim sentia que o mais novo não parecia muito ligar.

Sukuna desceu quando sentiu cheiro de ovos mexidos e lá estava ele, Itadori usava um avental branco "kiss the cook" enquanto seu cabelo estava preso e rosto avermelhado de vergonha.

- Bom dia! Eu preparei as coisas que você mais gosta! -Ele apontava para a mesa enquanto mancando chegava perto de Sukuna e o beijava.

Sukuna não reagia, Itadori se ajoelhou perguntando "posso?" obviamente era sobre chupar o pau de Sukuna, o mais velho o empurrou no chão e derrubou a mesa com todas as comidas no chão enquanto começava a gritar.

- PORQUE PRA VOCÊ AS COISAS ESTÃO TÃO NORMAIS!? VOCÊ PERDEU SEU BEBÊ, VOCÊ FOI ESTUPRADO, VOCÊ ENTROU EM COMA E PERDEU 3 MESES DA SUA VIDA, SEU PAI ABUSOU DE VOCÊ POR ANOS COLOCANDO A CULPA DE COISAS IDIOTAS EM SUAS COSTAS E AGORA VOCÊ DESCONTA EM SI MESMO, V-você é o culpado...você não estava lá para ajudar seu marido...não protegeu seu filho...agora seu pai está morto e descansando enquanto você está depressivo pensando em como seria...viver feliz...e você não contou para seu marido que pensa em se matar...-Sukuna derrepente voltou a realidade enquanto Itadori ficou completamente chocado.

Sukuna sentiu uma fraqueza em suas pernas e caiu na frente de Itadori que o abraçou fortemente e soltou seus feromônios.

- Eu...tô tentando parecer durão esse tempo todo... Sukuna eu jamais deixei de pensar em todas essas coisas eu só...resolvi seguir a vida e não dar outra chance para as coisas ruins... é claro que perdemos o bebê e não vai ter algo para superar essa dor...mais pelo menos dessa vez...me deixe te ajudar a viver o presente e não o passado...

Sukuna o apertou e chorou a noite inteira até dormir.

The cut ThreadOnde histórias criam vida. Descubra agora