- 18 . reféns da sorte -

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ERA COMO UM FILME EM LENTA FILMAGEM PASSANDO POR SEUS OLHOS, com a luminosidade preenchendo todo seu campo de visão até impossibilitá-la de enxergar um palmo em sua frente

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ERA COMO UM FILME EM LENTA FILMAGEM PASSANDO POR SEUS OLHOS, com a luminosidade preenchendo todo seu campo de visão até impossibilitá-la de enxergar um palmo em sua frente. O som não tardou a preencher sua audição até o nível insuportável de causar-lhe uma perda temporária de sua capacidade em escutar algo com 100% de clareza – e simultaneamente ao ruído abafado, a física fez-se presente nos segundos seguintes onde o vácuo causado pela explosão fez com que Saturyn voasse junto aos destroços do vaivém. A dor não viria apenas pela amplitude do barulho, mas também pelo impacto violento que foi submetida.

Tudo parecia estar longe – os gritos, sua consciência e o próprio ambiente. Nem mesmo o chão sob si era palpável, soando como uma alucinação distante e irreal, o que talvez fosse uma tentativa do corpo de Saturyn afastar a sensação de perigo e anestesiar seu corpo para não sentir a dor irradiando dos pontos críticos atingidos. Mas aquilo não a impediu de se rastejar por entre a fumaça erguida, procurando por qualquer forma de vida aliada, com sua visão totalmente comprometida pela escuridão que se instaurou após seu impacto no solo, como se alguém tivesse a colocado em alguma caixa. Após rastejar-se por mais alguns centímetros de distância, ela sentiu os pedaços de metal do que restou do vaivém, confirmando a origem do material ao socá-lo e sentir sua espessura. O som produzido pelo soco ecoou pelos poucos metros cúbicos onde estava confinada, terminando em um rugido abafado logo abaixo de seus joelhos.

Assim, Saturyn procurou por seu sabre de luz, o ativando ao retirar de seu cinto, iluminando o ambiente pequeno e abafado onde acabou por ficar presa. Porém, a pior parte veio quando visualizou a região próxima aos seus pés, onde o eco ressoava diferente do resto. O horror tomou conta de seus olhos secos pela fuligem, resultando em um grito agudo e quase inaudível que saiu de suas cordas vocais, ao mesmo tempo que suas pernas desistiram de lhe servir em sustentação. A mulher caiu rente ao chão, largando o sabre de luz que ricocheteou e desligou por um breve momento. Com suas mãos trêmulas pelo choque, ela o encontrou novamente e o religou, para confirmar a horrenda visão que teve, ignorando toda a dor que percorria seu corpo.

O busto de um clone era tudo que restava perto da parede de metal, provavelmente a responsável por despedaçá-lo praticamente à sua metade. Sangue manchava o uniforme branco e o capacete, que não continha nenhum desenho específico que o identificasse. Caiu ajoelhada ao seu lado, retirando o capacete do homem para visualizara o rosto pálido e plácido, de quem partiu instantaneamente pela explosão. Sem dor, agonia, nada. Apenas um flash incompreensível de ser mensurado por um cérebro comum, e em seguida, o escuro. Em choque, ela lamentou pelo clone em silêncio, incomodada pelo fato de mal saber seu nome, pensativa ao calcular que isso seria frequente naquela maldita guerra. Muitos anônimos perderiam suas vidas por ações de terceiros – o que não anulava sua existência.

Uma singela lágrima escorreu por sua bochecha, trilhando até seu nariz e caindo em sua ponta. Saturyn estava em um estado praticamente catatônico, ignorando os pedregulhos caindo à sua volta e todos os chamados por seu nome. Ela apenas queria sumir daquela realidade, com o bruto manto de uma violência gráfica demais para que pudesse aguentar. Não deveria ter aceitado um novo papel dentro da Ordem, muito menos envolver-se em assuntos que não lhe diziam respeito por puro ressentimento. Era prudente ter abdicado de seus deveres Jedi e optado por uma vida normal.

SATURNO • anakin skywalkerOnde histórias criam vida. Descubra agora