SATURYN QUASE DESMAIOU PELA FALTA DE AR. Porém Hephaestus afrouxou seus braços, perplexo ao ouvir a voz da mulher.
- O que faz aqui?
- Dá para me soltar? – ela perguntou impaciente, tossindo imediatamente quando ele a deixou ir. – Bom te ver também.
- O que está fazendo aqui? – ele repetiu, demonstrando sua impaciência.
Só então Saturyn pôde vê-lo com mais clareza. Tinha o cabelo mais curto que a última vez, assim como as roupas pareciam mais sujas e surradas. De qualquer modo, a postura de Hephaestus jamais o deixava parecer realmente desleixado como um caçador normalmente aparentava. E ele sabia muito bem utilizar a própria aparência ao seu favor – afinal, tinha noção de sua beleza.
- Essa nave é sua? – ela questionou, ignorando a pergunta anterior.
- Depende de quem está perguntando – respondeu ríspido, cruzando seus braços já em uma postura defensiva. – O que você quer?
- Eu... – a frase de Saturyn morreu antes que terminasse. Parecia estúpido demais anunciar um roubo, principalmente para o caçador, afinal ele jamais a deixaria sair dali com aquela nave. Ainda mais se fosse entregar para Bane. – A venderia por quanto? – um improviso surgiu em sua mente.
- Não está à venda – Hephaestus virou-se e foi em direção à uma lateral cuja carcaça foi parcialmente retirada, deixando a fiação à mostra. Ele então pegou algumas ferramentas espalhadas pelo chão, e concentrou-se naquele ponto. - Se isso for tudo, pode ir embora – concluiu, percebendo que Saturyn o seguia.
- Qual é, Phaestus! – ela bufou contrariada, pegando uma das ferramentas de sua mão, fazendo-o a encarar com as sobrancelhas erguidas, não acreditando na audácia que ela teria ao ir até seu encontro somente por uma nave. – Preciso de ajuda.
- Bem me pareceu – ele se desvencilhou, voltando sua atenção para os fios soltos e prejudicados, provavelmente pelo material não resistente os quais foram produzidos. – Qual o problema?
- Meus créditos acabaram – Saturyn começou a se explicar, encostando-se em uma caixa de metal cuja altura ia até seu quadril, possibilitando que colocasse todo seu peso ali, descansando. – Encontrei Cad Bane na cantina e ele me ofereceu um trabalho. Ele quer sua nave até o fim do dia.
A risada de Hephaestus ecoou pela garagem, em um misto de descrença e escárnio.
- Isso é piada, não é? – questionou, ainda sorrindo. Porém, este sumiu quando o rosto de Saturyn denunciava a resposta mais óbvia - Você ficou maluca? –disse surpreso, abaixando seu tom de voz em uma tentativa de não chamar atenção externa. Olhando ao redor, segurou Saturyn pelo braço e a conduziu para uma pequena sala cheia de equipamentos de conserto. – Trabalhando para Cad Bane e me roubando? Onde você está com a cabeça?!
- Preciso dos créditos, Phaestus! – ela exclamou, forçando-o a soltá-la.– Agora, como podemos negociar?
- Não há nenhuma negociação – o caçador sussurrou entredentes, aproximando seu rosto ao de Saturyn, quase encostando seus narizes. – Você não vai tocar na Millennium, entendeu? Se você foi idiota de cair no papo do Bane, o problema não é meu.
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SATURNO • anakin skywalker
Ficção CientíficaSaturno era o Tempo para a mitologia romana. Impiedoso, talvez até cruel; e tal como o tempo em sua grandeza física, tinha essas características para Saturyn. Uma mitologia reverbera por gerações, contando histórias de seus mitos remanescentes de u...