Saturno era o Tempo para a mitologia romana. Impiedoso, talvez até cruel; e tal como o tempo em sua grandeza física, tinha essas características para Saturyn.
Uma mitologia reverbera por gerações, contando histórias de seus mitos remanescentes de u...
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SATURYN SENTIA-SE PRESA EM UM DEJAVU. Quatro anos depois via-se exatamente na mesma posição onde aquela garota descobriu que, assim como seu mestre, também foi expulsa da Ordem Jedi. Os tempos difíceis que se decorreram daquela situação a deixou profundamente magoada com todos os membros do Conselho e Obi-Wan, que permanecia ao seu lado no meio da sala como se quisesse ser um ponto de segurança.
Definitivamente ele estava tentando se redimir pelo que fizera no passado. Seu modo de agir e cuidar denunciava toda culpa que carregava após saber que Saturyn quase ficou nas ruas após sua saída do Templo, e ele, sabendo do que aconteceria, não fez nada. Apenas a assistiu sumir de sua vida, sem procurar ou pelo menos ter a certeza de que estava bem. Talvez, aquele fosse seu maior dilema moral até então – como deveria demonstrar compaixão ao próximo, sendo que mal podia fazer isso com aqueles que estavam perto de si? Por que eles não podiam receber o mesmo que desconhecidos?
Enquanto isso, Saturyn tinha uma postura irredutível e diferente em comparação a última vez que estiveram naquela exata posição. Seu olhar era… vazio. Sem emoção possível de identificar apenas pelo semblante. E não fazia questão alguma de mudar isso; apesar de estar ali unicamente por uma missão em comum com a Ordem, sua amargura não a deixava se entregar completamente a isto. Olhar para os mestres ali, de novo, lhe trazia uma terrível sensação de azia e sabia que era sua mágoa na forma mais bruta em seu âmago.
Assim, ela não conseguia prestar a devida atenção a Mestre Yoda enquanto este tinha uma breve discussão com Obi-Wan sobre o ocorrido na noite anterior, que não apresentou nenhuma anormalidade após o atentado. Como um zumbido, ela observava as bocas se moverem rapidamente, mas emitindo apenas ruídos abafados, o que dificultava sua compreensão exata no assunto. Ela simplesmente sentia que não estava lá.
- Saturyn? - Kenobi a cutucou com o ombro, fazendo-a mover-se para o lado minimamente após seu toque, a tirando do transe. - Está tudo bem? É o ferimento?
- Hã? - disse confusa, logo percebendo que deveriam ter feito uma pergunta e ela não respondeu. Balançando a cabeça rapidamente, ela negou. - Estou bem, não é nada.
- Ao ver que está bem, feliz fico – Yoda comentou, direcionando finalmente sua atenção a ela. – O machucado, como está?
- Graças a equipe médica do Senado, melhor – Saturyn respondeu, tentando soar o mais diplomática possível. – Também espero que, com o resultado da amostra, possamos ver a origem do veneno.
- Que assim seja – o mestre respondeu simplesmente, agora com um semblante pesaroso estampado na face esverdeada. – Saturyn. Sobre Mestre Igos, nós ouvimos. E muito, sentimos.
Ah não; ela pensou. Queriam apropriar-se de um sentimentalismo barato que era queria tanto evitar.
- Jamais desejamos o mal de vocês – Windu disse, por mais irônico que sua intervenção fosse. Até onde Saturyn sabia, a ideia de banir Igos partiu dele. – E apreciamos sua volta nestes tempos difíceis. A admiramos por escolher este lado após tudo que passou, Saturyn.
