Saturno era o Tempo para a mitologia romana. Impiedoso, talvez até cruel; e tal como o tempo em sua grandeza física, tinha essas características para Saturyn.
Uma mitologia reverbera por gerações, contando histórias de seus mitos remanescentes de u...
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O CENÁRIO NÃO ERA FAVORÁVEL PARA NENHUM DELES. Mas Saturyn reconhecia que, mesmo entre três pessoas ligadas à Força, Padmé se sobressaía mesmo não se conectando com esta. A Senadora já se encontrava acima da grande pilastra a qual fora amarrada, já com as mãos livres das algemas, usando a corrente para acertar o animal que tentava alcançá-la em pulos alternados.
Obi-Wan estava em uma situação semelhante à Saturyn. Estavam livres das correntes, o que era necessário para conseguirem desviar com mais destreza, entretanto as duas mãos continuavam imobilizadas. Deste modo, os dois encontravam-se em uma situação quase humilhante, onde rolavam pela areia, apenas desviando dos golpes de suas respectivas criaturas.
Para Saturyn, havia um problema à parte – o animal desconhecido assemelhava-se à um grande escorpião. Justamente para ela que tinha pavor de qualquer inseto que possuísse mais do que seis patas, o que agravava sua situação, pois além de ter de focar na própria sobrevivência, ainda precisava não deixar um ataque de pânico bloquear os seus sentidos, o que potencialmente resultaria em sua morte.
E ela se recusava a perecer ali, naquele planeta.
Mas duvidava das estatísticas a seu favor no exato momento em que fora jogada novamente ao chão, encurralada pelo gigantesco escorpião. As patas a cercavam quase que em uma silhueta perfeita de seu corpo, e a cabeça estava perigosamente próxima – não tanto quanto o telson, região anterior ao ferrão pontudo que forçava para se aproximar de seu rosto. Ela via o formato pontiagudo quase expelindo o veneno que a paralisaria, usando toda sua atenção para evitar um ataque fatal com a Força, mesmo com as mãos presas.
Os olhos laranjas estavam arregalados pelo terror de ver aquela coisa tão perto. Saturyn sentia a própria respiração falhar pelo apavoro de ver uma fobia materializada em sua frente, um de seus maiores medos em um tamanho descomunal em comparação ao que deveria ser. As lágrimas teimavam em sair enquanto os braços começavam a pesar, pelo fato de estarem suspensos e tensos. Seu contato visual com a criatura não amenizava seu horror, mas ela percebia em uma breve conexão que o escorpião agia por puro instinto – provavelmente, deixavam todos passarem fome para que caçassem sua vítima ferozmente. Ela entendia a crueldade cometida com ele, mas não queria ser o próximo jantar.
Em um deslize cometido pela sua empatia momentânea com aquela criatura, Saturyn sentiu que sua barreira invisível contra o ferrão se esvaiu pelo ar. Assim, a única reação que teve a tempo de não ser atingida em seu olho, foi deslizar para baixo do tronco do escorpião, deixando apenas as algemas na direção que o ferrão, em questão de segundos, fincou no chão, atravessando todo o material do objeto que circundava seus pulsos, o quebrando no meio.
Pelo menos, finalmente, suas mãos estavam livres.
Sem perder tempo, Saturyn usou a Força novamente, mas agora para impulsionar o animal para longe de si, sentindo cada molécula de seu corpo aliviar-se apenas por não estar próxima daquilo. Suas extremidades formigavam pela adrenalina, porém também estavam trêmulas devido ao pânico que sentiu.
