UM SABRE DE LUZ NÃO DEIXA VESTÍGIOS DE SANGUE.
Isso porque o calor irradiado pelo laser cauteriza a carne cortada e impede que os vasos sanguíneos sofram uma perda brusca de sangue tão rápido, o que torna o golpe mais doloroso do que se fosse causado por uma arma comum. Eventualmente, um sangramento poderia sobrecarregar a região atingida, passando pela queimadura – e assim, uma hemorragia lenta e agonizante acobertaria o desafortunado que, por uma infelicidade, cruzou o caminho de alguém tinha em posse esta arma tão letal.
Naturalmente, essa realidade mórbida não recaía sob os milhares de droides já atingidos desde o início da guerra – o que talvez retirasse o peso da violência que cada Jedi carregava em suas mãos. Saturyn mesmo, mal sabia se alguns dos generais tiveram de passar por um combate corpo a corpo com um organismo vivo, que ao invés de fiações de cobre tivessem vasos e veias. Se em determinado momento, viram-se acabando com uma vida a sangue frio, vendo-a escorrer pela luminosidade do sabre de luz. Ela não conseguia conceber a ideia de Obi-Wan fazendo algo desta natureza. Anakin talvez, com algum pudor moral, tentava evitar que as coisas chegassem no ponto em que flertava com a morte. Pensava, no entanto, o que ambos fariam caso estivessem na mesma situação que se encontrou há horas.
Rodeada de mercenários, sem saber se a queriam viva ou morta. O que eles fariam?
Alguns flashes lhe perturbavam a cabeça enquanto se concentrava em colocar as coordenadas no painel de controle, com o silêncio absoluto a engolindo cada vez mais nas memórias que queria a todo custo esquecer. Seu maior objetivo ali era tentar sincronizar o canal de comunicação da nave com o astromecânico de Kenobi. Até então, precisou contar com a sorte e torcer para que o mestre tivesse recebido a mensagem de C3PO avisando que não estaria mais naquela pensão. Ela não queria que Obi-Wan entrasse no corredor obscuro e mal cheiroso, para não dar de cara com os corpos desacordados que provavelmente ainda estavam no mesmo lugar onde os deixou.
Tentava se consolar, falando para si mesma que não estavam todos mortos. Apenas dois faleceram perante seus golpes certeiros, enquanto o resto encontrava-se gravemente ferido. Sobreviveriam de certo, com algumas cicatrizes pelo rosto que serviria como um aviso nada amigável que Ruka, a caçadora de recompensas, na verdade era uma Jedi. E que não deveriam perder tempo indo atrás dela porque caso tentasse, teriam o mesmo destino que os 7 mercenários encontraram. Contudo, as mãos ensanguentadas não lhe davam a mesma paz que a sua cabeça insistia em estabelecer.
Na verdade, suas mãos tremiam.
Mesmo assim, ela conseguiu conectar-se à uma frequência que Obi-Wan utilizava. Porém, por um breve problema de conexão, ela podia apenas ouvir a conversa entre seu amigo e uma voz que já estava habituada a ouvir – Anakin. Ambos conversavam sobre a problemática criada por Dookan, em uma tentativa de incriminar os Jedi pelo sequestro e morte do filho de Jabba, que pelo comentário de Ahsoka, já se encontrava doente. Saturyn deixou que ambos trocassem suas informações cruciais antes de interferir de vez na ligação, derrubando a frequência de Anakin e tomando seu lugar.
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SATURNO • anakin skywalker
Ficção CientíficaSaturno era o Tempo para a mitologia romana. Impiedoso, talvez até cruel; e tal como o tempo em sua grandeza física, tinha essas características para Saturyn. Uma mitologia reverbera por gerações, contando histórias de seus mitos remanescentes de u...