²⁷ Tudo que eu precisava!

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Priscila Caliari

Minha filha dormiu exausta depois de termos comido e brincado muito. Eu ficava com o coração partido e sem saber o que fazer sempre que o assunto "mãe" acontecia. Eu não queria que minha filha sofresse ao saber que foi rejeitada pela própria mãe, isso poderia traumatizá-la. Flora era tudo para mim, era como o ar que eu respirava. Desde que descobri que Elana estava grávida ela passou a ser o sentido da minha vida.

Existe um ditado que diz que "o homem só se transforma em pau quando vê o bebê pela primeira vez". Comigo foi completamente diferente. Eu amei minha filha antes mesmo de saber que seria uma menina, me tornei esse tal "homem" quando Elana me contou sobre a gravidez

Eu sou capaz de matar e morrer por flora e saber que a mãe, que a carregou no ventre não sente nada por ela me desequilibra totalmente. Desde que foi para a escola no ano passado ela me questionou algumas vezes sobre a mãe e eu, e acredito que seus coleguinhas estejam bem enterados na fama dos Caliari's, ou seja, devem conhecer mãe da flora.
Já eu verdadeira covarde que sou, desconversei todas as vezes que ela me questionou! Flora sabe o mínimo do mínimo de sua mãe.

Sempre que o assunto é mãe mudo o assunto, e tento de todas as maneiras possíveis ser o suficiente para minha filha, fazendo com que a presença da mãe seja dispensável.

Minha menina era uma criança muito inteligente, esperta e com a convivência com os colegas notou que seus amigos tinham uma mãe, alguns como ela até mães! Algumas vezes as próprias crianças a perguntaram sobre a mãe e como ela não sabia o que responder, já que eu nunca toquei no assunto com ela chegava em casa curiosa.

Na época do dia das mães é sempre um dia evitado certo contato com a sociedade. É um dia delicado a qual eu não faço a mínima questão de comemorar só por ter que lembrar daquela desgraça.

Flora tinha apenas quatro anos e como nunca falei na figura materna ela nem sabia da existência dessa pessoa. Mas com o tempo, as perguntas e a relação com os coleguinhas ela descobriu que era diferente e que ao contrário de todos os amigos da sua sala que tinham mães e pais! E ela não! Então resolveu me perguntar.
Falei a ela que ela tinha duas mães só que isso não era uma conversa pra agora.
Mas ela sabe que aqui em casa só tem uma que sou eu!
E uma nunca se fez presente.

Eu ouvi a conversa dela com a Carol durante o banho. Me partiu o coração vê-la chegando tão triste e eu já fazia ideia do que poderia ser. Mais uma vez a distrai, mudei o foco e consegui fazer com que ela esquecesse, por enquanto, do assunto.

Eu sei que chegará o momento que ficará impossível desconversar. Ela tem o direito de saber sobre a mãe.

Carol ficaria comigo essa noite, toda a situação com minha filha me deixou esgotada. Eu só queria deitar e tê-la em meus braços. Nunca imaginei que poderia me apaixonar tão intensamente. No início, por conta da idade de Carol, pensei que seria algo casual, mas com a convivência eu descobri uma mulher incrível, maravilhosa, inteligente, engraçada e muito amorosa. Principalmente com minha filha.

Eu não achava que ficaria solteira pra sempre, mas como mãe, eu queria uma pessoa que além de nós, fosse comprometida com a minha filha. Nunca, nesses cinco anos, me envolvi com alguém tão profundamente quanto com Carolyna.

Ela preencheu todos os espaços vazios da minha vida. Eu imaginava que teria que me contentar com uma boa esposa e mãe, e que dificilmente encontraria uma mulher que me deixava fora do ar, que me causasse um tesão maluco e ainda fosse maravilhosa com a minha filha.

Eu fiquei com medo, Carol é jovem, pensei que seriamos muita responsabilidade, e um peso grande demais para uma garota de dezenove anos, no entanto ela foi muito mais decidida do que eu. Olhar para ela me deixava sem fôlego, estávamos juntas há semanas e parecia sempre a primeira vez. Eu a amava e queria construir uma familia com ela e minha filha e para que isso desse certo precisava começar a colocar todas as cartas na mesa!

Acompanhei, encostada na cabeceira da cama, quando ela saiu do banho enrolada em uma toalha, no cabelo tinha outra. Ela sorriu percebendo minha atenção. Mexeu em uma pequena bolsa e tirou um hidratante. Aproximou-se da cama e sentou de costas pra mim. Observei soltar o nó da toalha que caiu sobre os lençóis.
Tenho certeza que ela quer me matar desse jeito.

em seguida me estendeu o frasco e sem dizer nada comecei a espalhar o creme pelas suas costas.

Aproveitei e comecei a fazer uma leve massagem nos ombros, ela gemeu de satisfação e continuei querendo agradá-la. Eu me sentia ansiosa, não estava contente com a atitude que tive com flora e comecei a falar, torcendo para que Carol conseguisse me ajudar.

- Quando meu pai morreu eu fiquei totalmente perdida. Thomas Caliari foi um grande homem e excelente exemplo para todos aqueles que viviam ao seu redor.
No trabalho eu sempre fui responsável, mas na vida pessoal passei a frequentar muitas festas e me envolver com muitas mulheres.

Percebi que sua postura mudou e continuei a massagem.

-Eu conheci Elana em uma dessas festas. Nosso envolvimento era completamente casual, apenas sexo sem qualquer tipo de compromisso. Eu estava muito dedicada aos negócios, já era conhecida no meio e tinha a atenção da mídia. Era a mais jovem herdeira bilionária do país. - Sorri amargo, revivendo aquela época. - Ela estava no início da carreira de modelo, adorava se exibir. Por conta da influência do seu envolvimento comigo que acabou sendo descoberto, ela conseguiu mais trabalhos, mais espaço e deslanchou. Alguns meses depois ela me procurou completamente fora de si, descontrolada, dizendo que estava grávida e não queria o bebê. - Carol se virou, ficando de frente e segurou minha mão. Fiz um carinho enquanto continuei.

- A minha vida virou um caos, eu passava 24 horas do meu dia a monitorando. Ela usava drogas, bebia e fumava. Era irresponsável e totalmente displicente com a gravidez. Foram nove meses de uma gestação complicada. Ela me ameaçava o tempo todo com um aborto. Não queria engordar e "destruir o seu corpo perfeito". Eu nem sei como consegui que ela levasse a gravidez adiante. Ela teve que cancelar alguns contratos eu paguei por todo prejuízo financeiro que ela teve, arquei com todos seus gastos e exigências absurdas. Ela compreendeu que eu faria qualquer coisa pela minha filha e usou isso a seu favor.
Quando flora nasceu foi o dia mais feliz da minha vida e o mais difícil também.
Eu pensei que quando ela visse a bebê, cairia em si e o amor maternal finalmente aconteceria. Mas ela nem quis olhar para minha filha, flora nasceu de parto normal, porquê ela não queria nenhuma marca, participei do parto e quando a enfermeira se aproximou para mostrá-la ela se recusou a conhecer a própria filha.
Ela não quis amamentá-la, não quis sequer olhar para o bebê. Mesmo não querendo a filha, ela exigiu uma pequena fortuna para assinar os papéis que tiraria qualquer direito dela como mãe.
Depois dos papéis assinados ela me disse que não queria, nunca, saber daquela criança. Que ela não quis ser mãe e por isso era como se aquela gravidez nunca tivesse acontecido. Foi a última vez que a vi.

Durante todo o meu relato mantive meus olhos nas mãos da Carol e quando encarei seu rosto, vi as lágrimas que desciam molhando sua bochecha.

- Como eu posso dizer a minha filha que a mãe dela a rejeitou Lyna? Eu não sei o que fazer sempre que ela toca nesse assunto. Eu não posso magoá-la. Eu... - Minha voz saiu embargada e Carol me abraçou. E alí eu senti que isso era tudo que eu precisava! Anna Carolyna era o que faltava na minha vida.

- Nós acharemos uma forma de contar a ela. Vai ficar tudo bem, ela não precisa da mãe que a rejeitou quando ela tem você que é uma mãe incrível!

Ficamos mais um tempo abraçadas, me sentindo completamente conectada a ela. Como se estivesse recarregando minhas energias com aquele contato aconchegante e gostoso.
Carol se afastou e segurou meu rosto com as mãos, esfregou os lábios nos meus sem desviar nossos olhos. O que disse a seguir me encheu de algo tão bom que me senti capaz de mover o mundo por elas.

- Eu te amo!

[...]

To be continued...

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Com Amor, Carolyna - CAPRI { G!P }Onde histórias criam vida. Descubra agora