⁴³ bad news

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Carolyna Borges

Assim que vi o meu irmão e os meus pais na entrada do hospital corri para abraçá-los. Foi impossível não derramar algumas lágrimas enquanto os atualizava sobre as últimas notícias.

O fato é que a doença de flora pegou a todos desprevenidos, a nossa família estava abalada, e o que tornava tudo um pouco menos difícil era a nossa união e apoio.

Caminhamos lado a lado para encontrarmos Priscila e parei ao ouvir vozes exaltadas do corredor. Os meus pais me olharam apreensivos e dei-lhes um sinal para que juntos com o meu irmão aguardasse, me aproximei fazendo-me ser notada, porém, Priscila, Lucca e uma mulher alta, loira e cheia de tatuagens, muito bonita por sinal não me viram. Ela só poderia ser uma pessoa: Elana!

A discussão que presenciei deixou-me indignada. Como era possível que aquela mulher deu à luz a uma criança tão especial como Flora?

Acompanhei de perto a discussão ouvindo as palavras horríveis ditas por aquele monstro que nem de longe poderia ser considerada uma mãe.

Minha noiva estava completamente alterada, eu sabia bem o desespero que ela sentia.

- Ela também é sua filha, porra.

- Não, ela não é. - A mulher gritou. - Eu nunca quis ser mãe, eu abri mão dessa menina antes mesmo dela nascer e você sabe muito bem disso.

- Ela precisa de um transplante, nós temos as maiores chances de compatibilidade. - Priscila explicou.

- O que? Você acha mesmo que eu faria um transplante? Você enlouqueceu Priscila. Eu sou uma modelo, trabalho com o meu corpo, não posso ter uma cicatriz porra.

Jesus! Que absurdo. As mãos do meu irmão se apoiaram no meu ombro e acompanhamos, juntos, horrorizados aquela discussão.

-Eu pago. Pago o que você quiser. Te dou tudo que eu tenho Elana, passo tudo pro seu nome, você não precisará trabalhar nunca mais.

Priscila estava no limite, Lucca no meio das duas e ela não expressava nenhuma empatia, nada. Caramba, ela era a mãe, tinha carregado flora em seu ventre.

- Não, não e não. Use o seu dinheiro e compre o que essa criança precisa.

Priscila a encarou chocada, algo que todos nós estávamos ao ouvir tamanha barbaridade sair da boca de um ser humano tão desprezível. Ela não merecia Flora. Essa mulher tinha que ficar longe de nós.

- Só faça o teste de compatibilidade, Elana, por favor! Depois nós...

- Eu não vou fazer porcaria de teste nenhum. Eu nem queria estar aqui. Esse seu cão de guarda me tirou de um ensaio muito importante.

- Ela pode morrer. - Priscila afirmou derrotada. E o meu coração sangrou. As mãos de Allan me apertaram mais forte e fechei os meus olhos derramando mais lágrimas. Definitivamente ali ficava claro que qualquer vínculo sanguíneo era insignificante quando não existe amor.

Flora não nasceu de mim, ela não era minha filha de sangue, no entanto, eu daria a minha vida a ela sem precisar pensar duas vezes. Criamos um vínculo desde o primeiro momento que nos vimos. Pode até parecer pouco tempo, mas nos últimos meses tudo que fizemos juntas nos unia ainda mais.
Os filmes, tardes na piscina, passeios ao cinema, o café da manhã especial aos sábados.

O que existia entre nós era maior e mais forte que qualquer tipagem sanguínea, DNA ou compatibilidade genética. O que nos tornava mãe e filha eram os laços de amor que criamos juntas.

- Não me interessa. Eu tenho um documento que comprova que eu abri mão dessa menina, eu não tenho responsabilidade nenhuma por ela.

Elana saiu batendo os seus saltos pelo piso do hospital e Priscila sentou-se na cadeira derrotada, com as mãos escondendo o rosto. Por um tempo todos nós permanecemos em total silêncio tentando digerir o que acabará de acontecer. Caminhei na direção da minha noiva e a abracei. Eu não tinha o que fazer, não sabia o que dizer, então apenas a abracei forte. Lucca sentou do outro lado e também abraçou Priscila. Suas palavras eram exatamente o que eu precisávamos.

- Nós não precisaremos dela, dará tudo certo.

[...]

Os meus pais e o meu irmão, assim como Lucca, também fizeram o teste de compatibilidade. Qualquer pessoa poderia ser um doador.
As horas pareciam se arrastar, estávamos todos no quarto de flora. Ela ficou feliz ao ver os seus "avós" e o seu tio Allan, apesar de muito debilitada era visível a sua alegria. O meu irmão a distraiu com vários vídeos que ele fez na fazenda, era tão bonita a forma como eles se davam bem. Assim como a minha familia também acolheu flora com o coração.

Os meus pais decidiram ir até à lanchonete comer alguma coisa com a minha sogra, enquanto na minha cabeça eu repassava as palavras de Elana.

Como ela conseguia ignorar a própria filha daquela maneira? Não ter empatia, não se emocionar com a situação. Uma garotinha de cinco anos, precisando de um transplante para sobreviver e ela simplesmente diz que não se importa.

Se a compatibilidade de Priscila não for confirmada não sei o que será de nós!

Observando a alegria da minha menina com o meu irmão, as risadas e comentários engraçados que ela fazia sobre os bichos, acabei cochichando na cadeira.

Despertei e estava tudo escuro, flora dormia na sua cama e só estávamos nós duas no quarto. Espreguicei antes de levantar, ajeitei a coberta sobre ela e fui até o banheiro lavar o rosto e fazer xixi. Nas cadeiras do corredor ao lado de fora encontrei meu irmão e minha noiva conversando, já estava quase amanhecendo. Dei um beijo em cada um e perguntei sobre os meus pais.

- Eles foram para o hotel que reservamos aqui perto. Deixamos as nossas coisas lá assim que chegamos.

- Você descansou amor? - Perguntei sentando ao seu lado e segurando a sua mão.

- Consegui cochilar um pouco. - Ela deu um beijo no dorso da minha mão e vimos o Dr. Cláudio se aproximar. Nos levantamos imediatamente.

-Vamos até a minha sala, por favor!

Eu, Pri e Allan seguimos o doutor.

-Bem, eu tenho duas notícias. Uma boa e uma ruim.

Olhei pra Priscila e apertei sua mão.

-Primeiro a ruim. - ela disse

O meu coração parecia querer sair pela boca.

- A ruim é que você não é compatível Sra Caliari.

Me deixei cair sentada na cadeira e vi o meu irmão esfregar as mãos no cabelo.

- E a boa - Dr. Cláudio continuou - É que a Sra Borges é compatível.

[...]

To be continued...

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Com Amor, Carolyna - CAPRI { G!P }Onde histórias criam vida. Descubra agora