⁴⁴ Eu volto logo

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Carolyna Borges

Eu estava muito em choque! Eu era compatível? Comecei a chorar e sorrir ao mesmo tempo. O meu irmão me abraçou e gargalhei envolvida nos seus braços. Procurei Priscila pela sala e o que encontrei me deixou um pouco confusa.

- Ei, amor? Nós vamos salvar a nossa filha!!

- Carol, eu... eu..Você é compatível! - Ela agora estava me olhando, e o seu olhar transmitia tristeza!?

-Sim amor, eu sou - Abracei ela e ela me apertou forte.

- Carolyna, é um transplante amor, você tem certeza? Eu não quero que você se sinta na obrigação e...

-O que? - Mas do que ela estava falando? Obrigação? Eu estava explodindo de alegria, foda-se os riscos eu era a chance da nossa pequena ter uma vida saudável. As minhas preces foram atendidas. Deus estava me dando a oportunidade de salvá-la. Eu não podia está mais radiante.

- Amor, nem que eu tivesse que tirar o meu coração e dar a ela...

-Obrigada, obrigada! - Ela me abraçou e pela primeira vez desde que esse pesadelo começou eu vi minha noiva chorar. E pela primeira vez eu senti um alívio e a certeza de que tudo ficaria bem.

Ouvimos com atenção toda a explicação da equipe médica que seria a responsável pelo transplante. Eu, como doadora viva, teria que fazer uma série de exames para confirmar que estava bem de saúde e apta para realizar a doação.

O médico nos esclareceu tudo que seria feito antes da cirurgia. O tipo sanguíneo do doador precisa ser compatível com o do receptor e não possuir doenças no fígado que contraindiquem o transplante. O que já estava confirmado, graças a Deus.

Além disso, o doador precisa ser avaliado psicologicamente para entender o processo de doação e os investigadores descobrirem se há algo além do que a vontade de ajudar o paciente. Também me foi explicado que quando se doa para crianças, o risco é menor porque o pedaço retirado do fígado é bem pequeno, mas ainda assim existe o risco.

A porção do fígado transplantado e a porção residual no corpo do doador se regeneram rapidamente, atingindo o volume normal em algumas semanas. Isso quer dizer, que o pedaço do meu fígado que seria retirado e colocado na flora em breve voltaria ao normal.

Eu seria operada e a parte do meu fígado a ser doada, removida. Em seguida, o figado doente da flora, removido e a porção doada por mim inserida no mesmo local. Na sequência, os vasos sanguíneos e ductos biliares são conectados ao novo figado.

Eu e flora seriamos operadas ao mesmo tempo, em salas separadas, porém, próximas. Fui levada para realizar alguns exames e falar com uma psicóloga chamada Beatriz, enquanto flora também estava sendo preparada para a cirurgia.

Estava ansiosa, mas não com medo! A ansiedade é porque queria ter a certeza de que tudo daria certo e a minha filha ficaria bem.

Assim que fui liberada, ao lado de minha noiva fomos para o quarto conversar com flora e explicar o que aconteceria. A encontramos assistindo um filme no tablet, o meu irmão estava com ela e assim que chegamos, mesmo desanimadinha, ela sorriu. Eu faria qualquer coisa por ela!

- A gente quer conversar com você, meu amor - Priscila começou falando e ela logo deixou o tablet de lado. Ficamos paradas ao seu lado na cama e segurei a sua mãozinha pequena dando um beijinho na sua cabeça.

- Lembra que a mamãe te explicou que você estava aqui no hospital porque o seu fígado estava dodói? - Ela balançou a cabecinha confirmando.

- Ele já está sarando mamãe? - Não suportei a emoção e comecei a chorar.

- Não, meu amor. É por isso que os médicos vão ter que fazer uma troca.

-Uma troca? - Ela perguntou interessada e acabei sorrindo.

-Isso mesmo, princesa - Continuei - Os médicos vão pegar o seu fígado doente e tirar daqui de dentro da sua barriguinha. - Apontei e fiz um carinho nela. - Depois, vão pegar um pedacinho do meu fígado, que está saudável, e colocar dentro de você, no lugar que ficava o seu.

- Eles vão tirar um pedaço do seu fígado de dentro da sua barriga e colocar dentro da minha barriga? - Ela parecia Incrédula, e realmente era incrível o que a ciência era capaz de fazer.

-Exatamente, meu amor!

-Então eu vou ter um pedacinho de você dentro de mim, igual eu tenho da minha mamãe!

Foi impossível não me desmanchar em lágrimas.

- Por que você tá triste, Cacá?

- Eu não estou triste, princesa! Eu estou chorando de alegria porque eu amo você demais.

-Eu também amo você bobinha. - ela disse rindo. Como não amar uma criança dessa.

Rimos da sua gracinha e enchi minha pequena de beijos!

Demos a notícia para nossa família que eu seria a doadora e todos respiraram aliviados após dias de preocupação. Era a esperança ocupando o lugar do medo que nos assombrou nos últimos dias.

A cirurgia poderia levar até 12 horas, após me despedir de Flora, disse um até breve emocionado aos meus pais, seguido de muitos beijos e abraços apertados. Lucca me apertou forte e carinhosamente me agradeceu. Allan não soltou a minha mão um minuto sequer, a minha sogra Adri, também estava muito emocionada.
Aguardei minha amada futura esposa que estava com a nossa filha que também já estava sendo finalmente levada para a sala de cirurgia.

_

- Lyna, eu nunca vou ser capaz de retribuir o que você está fazendo pela nossa filha. Você está salvando a vida dela, sem pensar duas vezes você aceitou se colocar em risco para que ela ficasse bem e... Eu não sei o que te dizer, não sei quais palavras usar para te agradecer. Eu nunca, nunca vou conseguir ser grata o suficiente. Não existem palavras que possam explicar como eu estou me sentindo. Vocês duas são tudo que eu tenho de mais valioso. São tudo que eu mais amo na minha vida.
- Priscila começou a chorar e me abraçou. - Por favor, volta pra mim! Eu tô com muito medo de te perder.. de perder vocês.. - ela me pediu soluçando agarrada ao meu pescoço.

-Vai ficar tudo bem, nós duas ficaremos bem minha vida.-Prometi e senti no fundo do meu coração que aquela promessa não era vazia.

-Eu vou tá aqui te esperando. Eu te amo, te amo muito.

-Eu também amo você meu amor, amo a família que você me deu. - deitei com a cabeça no seu peito e justas ficamos em silêncio com alguns minutos.
Dei um beijo rápido nos seus lábios fazendo mais uma promessa. - Eu volto logo meu bem. - lhe dei um último beijo e por fim colei nossas testas por breves segundos.

Assoprei um beijo para todos e segui a enfermeira que me aguardava.

Dentro de algumas horas a cirurgia terminaria e eu teria feito a maior prova de amor da minha vida. O destino encarregou-se de me trazer até o amor da minha vida e a minha filha do coração, e os nossos laços de amor, foram os responsáveis por nos mantermos unidos no pior momento das nossas vidas.

[...]

To be continued...

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Com Amor, Carolyna - CAPRI { G!P }Onde histórias criam vida. Descubra agora