Com Amor, Carolyna - CAPRI { G!P }

⁵ Que loucura é essa

Carolyna Borges

-Filha, sinceramente eu também não concordo com essa loucura. Mas isso me faz pensar em tantas coisas... Quando eu ainda era um jovem, que namorava sua mãe e não tinha onde cair vivo, pois morto se cai em qualquer lugar, herdei uma pequena parte dessas terras. Sua mãe engravidou do seu irmão e eu fiquei desesperado. Então percebi que eu precisava de mais. Eu queria mais, algo além de só um pedacinho de chão para viver com minha família. Eu queria que sua mãe, o amor da minha vida, tivesse tudo do bom e do melhor. Eu queria que quando seu irmão viesse ao mundo ele se orgulhasse do pai dele.

Meu pai segurou as mãos da minha mãe sobre a mesa e a encarou nos olhos, ela respondeu com um sorriso. Através de seus olhares eu vi tanto amor, eu vi a felicidade de ter conquistado o que eles sonharam juntos. Já era tarde e estávamos somente nós quatro na mesa.

-Com muito trabalho e a ajuda de Fernanda, nós conseguimos. Crescemos e como consequência do nosso trabalho ganhamos dinheiro, construímos nossa família, e hoje além dessa fazenda eu tenho o bem mais precioso da minha vida que são vocês, meus filhos. Meus dois corações que batem fora do peito.

Dessa vez ele olhou para meu irmão, e eu já sabia o que isso significava. Allan também, porque balançou a cabeça em sinal de negação e me olhou soltando fumaça das ventas.

-Vocês são minha vida, eu faço de tudo por vocês e sua mãe. Quando Allan quis investir no haras que era seu sonho, eu o ajudei. E agora não seria justo ficar contra você e sua vontade.

Nesse momento Allan se levantou da mesa, mas papai não permitiu que ele saísse.

-Sente-se Allan, eu ainda não terminei.

Apesar de ter quase trinta anos, ele jamais desobedeceria nosso pai. Então voltou a se sentar.

-Eu vou pedir que um corretor de minha confiança encontre um apartamento em um local bem localizado e seguro pra você ficar. Enquanto estiver lá, vou depositar uma quantia mensalmente em sua conta pra você se manter. Você terá de tudo, todo conforto como se estivesse aqui em casa. Quero que você procure por um curso do seu gosto e estude minha filha. Conhecimento nunca é demais! Diria Albert Aisten

Fiquei extremamente emocionada com as palavras de meu amado pai, e eu poderia até me arrepender do que faria a seguir, mas para provar a minha capacidade eu teria que tentar, e com certeza meu irmão iria ficar maluco.

-Eu agradeço pelo apartamento, pai, mas o dinheiro eu não quero.

Preciso dizer que Allan quase teve um treco? Meus pais ficaram me encarando, ambos com o cenho franzido, mas meu irmão, esse se superou.

-Você só pode estar de brincadeira! Não quer dinheiro e vai viver lá como? De brisa Carolyna? Porra para de falar besteira, você não percebe que precisa de dinheiro pra sobreviver??

-Não, eu vou trabalhar.

A gargalhada que ele deu nem de longe era de humor, ele está fervendo de raiva.

-Não é possível que vocês vão concordar com uma loucura dessas. Só eu to vendo que essa palhaçada vai acabar mal?

- Allan..-Tentei argumentar.

-Não, Carol! Acorda! Você vai fazer o que lá? Que experiência você tem? Você sabe lidar com a roça, Carol, com bicho. Pra você conseguir um trabalho em uma cidade como aquela você precisa de experiência, recomendação, currículo.

Eu sei, ele tem razão! Mas se eu não tentar nunca vou saber. Não é possível que eu não consiga nada, eu não tenho medo de trabalho, tenho certeza que dará certo alguma coisa. Eles ainda não sabem e não serei besta de contar, não agora. Mas eu me cadastrei em uma agência de empregos. Espero que consigam me encaixar em alguma vaga.

-Eu sei que você tem razão, mas se eu não tentar como vou saber? Eu posso trabalhar com qualquer coisa, você sabe que não me import... - Ele nem me deixou terminar de falar, meus pais só nos observavam. Isso me mata.

- Pra mim já chega! Não quero escutar mais essa besteira! Se acontecer alguma coisa com ela, a responsabilidade será de Vocês que estão concordando com essa loucura.

E assim, ele saiu e nos deixou na cozinha, eu com cara de taxo assimilando tudo que ele disse. O pior é saber que ele está certo!

-Filha! Seu irmão tem razão, que loucura é essa de trabalho?

Minha cabeça estava prestes a explodir! Por que tem que ser tão complicado?

-O que vocês querem? Que eu desista? Eu só quero ir, só isso. Quando estiver lá eu vejo como vai ser, se irei realmente ficar por lá, se irei estudar ou não, se irei trabalhar ou não. Talvez eu vá, fique uma semana e volte. Vocês querem adivinhar o futuro e não tem como poxa, me deixem viver um pouco, eu preciso aprender a me virar.

Levanto-me da mesa e saio em direção ao meu quarto. Estou exausta desse assunto, sempre acaba do mesmo jeito. Discussão, mais discussão e no fim nada se resolve.

Tomo um banho e deixo que a água leve toda minha frustração, a água quente relaxa meus músculos tensos, no entanto minha cabeça fervilha sem parar. Diante de tanto alvoroço, dessa vez algo de diferente aconteceu: o apoio dos meus pais. Finalmente dei alguns passos em frente, agora só falta Allan.

Visto um pijama fresco e me deito em minha cama rememorando todos os acontecimentos do meu dia. Farei como sugeriu minha mãe. Assim que passar as festas de fim de ano e meu aniversário no dia sete de janeiro, partirei para o Rio.

[...]

To be continued...

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