¹³ O que eu mais quero

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Priscila Caliari

Enquanto acomodo minha filha na cama, noto pela minha visão periférica que Carolyna está na porta do quarto aguardando. Eu gosto disso nela, ela não é invasiva, não se impõe em uma situação.

Durante o nosso dia juntos, que foi incrivel, desenvolvemos uma espécie de intimidade, no entanto ela não forçou nenhuma aproximação entre nós duas. Tudo ocorreu de forma natural.

Ela e flora se deram super bem, parecia que já se conheciam há muito tempo. Acho que nunca fizemos um programa, que envolvesse uma terceira pessoa, tão bom. Nós nos divertimos muito. Carolyna é leve, divertida e agradável.

Não fingiu gostar das coisas que Flora quis fazer só para nos agradar. Ela realmente aproveitou tudo. Percebi também que é muito transparente. Em alguns momentos notei que ficou um pouco envergonhada, porém nós nos demos tão bem que parecíamos já nos conhecer.

E agora estou falando sobre nós duas. Eu e ela.
Às vezes trocávamos olhares cúmplices. Como na ocasião da batata frita. Eu entendi que ela só fez aquilo para agradar minha filha que tinha aberto mão da pizza para comer, como ela mesma intitulou, "comida de verdade" e porra, aquilo me agradou muito.

Eu preciso ser honesta, o dia todo me agradou muito. Carolyna foi extremamente carinhosa com flora e em vários momentos desejei que aquilo que estávamos vivendo fosse nossa realidade. Não uma mãe, sua filha e a babá, mas sim uma família.

A família que eu sonho construir para minha filha.

Apesar de ser muito jovem, carolyna se mostrou uma mulher madura. Tem uma conversa agradável, é simples e educada. Contou empolgada um pouco sobre sua vida no interior de Minas Gerais e percebi pelo seu jeito de falar que ama sua casa e sua familia.

Acredito que ela pertença a uma família humilde. Que outra explicação uma garota tão jovem largaria a família e a vida em uma fazenda no interior, para se mudar para uma cidade grande como o Rio de Janeiro atrás de trabalho?

Ela deve ter vindo em busca de uma vida melhor para ela e para os seus. E pensando nessa possibilidade sinto um orgulho danado da garota.

Quando encarei seus olhos fiquei praticamente hipnotizada, no entanto sua interação com flora desviou minha atenção. Desde o primeiro contato as duas já se deram bem. Como se estivessem se reconhecendo.

Ela é linda. Tem um corpo curvilíneo, cabelos escuros e ondulados. As roupas simples, não atrapalharam em nada sua beleza, muito pelo contrário, é como se ela não precisasse se esforçar para ficar bonita. Os olhos são impressionantes, às vezes eles ficam tão claros, a cor deles me lembra jabuticaba que adorava comer quando criança, e voltando pra seus olhos é engraçado que em outros momentos eles escurecem.

Eu sei que não deveria levar a nossa relação, que deveria ser apenas profissional para esse lado, mas é inevitável. Carolyna despertou minha atenção desde o momento que a vi entrando em minha casa, quando nossos olhos se cruzaram.

Depois sua simplicidade me cativou. Ela não ficou deslumbrada com a minha casa ou se sentiu intimidada. Carolyna ficou à vontade entre nós.

Eu tenho certeza que ela será uma excelente babá para minha filha, o que eu não tenho certeza alguma é se esse é o lugar que quero Carolyna ocupando em minha vida.

- mamãe? - flora resmunga baixinho e sou arrastada dos meus pensamentos.

-Oi meu amor

-A Carolyna foi embora?

No mesmo instante vejo a garota que, em poucas horas, bagunçou meus pensamentos se aproximando da cama. Ela se agacha na minha frente e segura a mãozinha da minha filha.

Com Amor, Carolyna - CAPRI { G!P }Onde histórias criam vida. Descubra agora