Passado / part. 7

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You

- Filha, o jantar está pronto. - Falou minha mãe na porta do quarto e eu me levantei da cama já seguindo atrás dela até a cozinha, me sentei ali no meu lugar e esperei eles se servir e então peguei o que queria comer e encarei meu prato e ali fiquei até terminar de jantar. Me levantei e larguei meu prato na pia já lavando ele em seguida e fiquei ali esperando eles terminarem de jantar, no jantar era sempre eu que lavava a louça.
- Tá tudo bem filha? - Perguntou meu pai e eu concordei. Não queria falar com ninguém, queria ficar em silêncio se possível sozinha. - A gente já sabe que ela vai embora. - Nem encarei eles apenas concordei, não acredito que eles sabiam e não me contaram nada, certeza que eles estavam a semanas sabendo disso e não me falaram em nenhum momento, acho que se eu soubesse teria como ir me preparando até o dia que ela fosse embora.
- Eu não quero falar sobre isso pai. - Falei olhando para eles que trocaram um olhar antes de concordar.
- Tudo bem, quando quiser conversar a gente vai estar aqui. - Disse minha mãe me olhando e eu apenas desviei meu olhar do dela, acho que nunca vou conversar sobre isso. Não vou ficar remoendo uma assunto que infelizmente não tenho como mudar, ela vai embora mesmo. Eu não estava chateada com ela, apenas ainda não tinha entendido o porquê da gente precisar terminar, mas se era assim que ela queria eu só podia aceitar sua escolha. Terminei de lavar as louças e saí em direção ao meu quarto já me deitando ali na cama indo jogar, precisava me distrair com alguma coisa e esquecer um pouco isso. Passei as próximas duas semanas assim no meu canto, só falava o necessário e nada mais do que isso. Tinha finalmente decidido que ia fazer faculdade de administração e foi nisso que eu foquei, meus pais ia pagar tudo particular então seria mais fácil, me joguei de cabeça nos estudos e assim que eu conseguisse iniciar a faculdade era isso que eu faria. Precisava seguir minha vida e buscar o que eu queria que fosse poder tomar conta dos negócios da família. Estava saindo de casa na segunda feira da semana que Roberta viajaria e vi o momento em que ela guardava suas coisas no carro, caminhei até estar próximo a ela que me olhou assim que me viu. Ela tinha passado essa semana toda sem me procurar e sempre que eu ia até sua casa ela falava que não queria me ver, me aproximei em silêncio e ajudei ela a colocar as malas ali no carro sem em momento algum falar uma palavra se quer. Com tudo pronto eu puxei ela para um abraço apertado, e assim que afastei meu rosto deixei um beijo em sua testa antes de me afastar soltando ela.
- Boa sorte rô, vou estar sempre aqui torcendo por você. - Falei isso e me afastei voltando para minha casa em silêncio, meus pais estão ali conversando com ela antes dela entrar no carro e sair junto com sua família, encarei o carro indo embora e uma lágrima escorreu em meu rosto, assim que não avistei mais o carro deles eu me virei indo para o meu quarto. No próximo mês eu já começava minha faculdade e eu teria com o que me distrair, mas durante esses dias eu teria que inventar alguma coisa para fazer, já não tinha quem levar ao treino de vôlei e nem quem me fazia companhia nos dias que a gente estava livre de tarde. Me deitei ali e encarei o teto do meu quarto, não queria encarar as paredes já que tinha algumas fotos da rô ali e eu não estava pronta para ver isso agora. Os dias foram passando e eu continuei em silêncio ainda não queria falar sobre o assunto, comecei a ir com meu pai para a empresa com ele, era legal estar ali aprendendo como tudo ali funcionava. Meu país estava sempre me levando em todos os setores da empresa me mostrando o que cada setor fazia, e as pessoas ali adoravam meu pai por onde ele passava era parada para conversar com as pessoas que puxavam assunto com nós. Todos esses dias indo até lá eu comecei realmente a gostar do que era feito ali e dos assuntos tratados, e realmente conseguia me ver trabalhando ali no futuro. Alguns dias daquelas semanas eu saia para caminhar um pouco, sempre fazia isso com rô, mas agora estava fazendo isso sozinha. Meus pais às vezes falavam sobre ela, seus pais contavam das ligações que ela fazia para eles contando o quanto estava sendo legal lá, em momento algum vi eles comentarem que ela tinha perguntado por mim isso era triste pra caralho, sempre fomos amigas e agora acabamos assim. Mesmo sabendo que a gente nunca voltaria a ser como era antes dela viajar eu ainda torcia por ela, isso nunca ia mudar tudo o que eu prometi para ela enquanto a gente era amigas e namoradas eu ia cumprir. O pior era que eu tinha certeza que ainda ia escutar falar muito dela, ela era esforçada e tinha talento para o vôlei era questão de tempo para ela estar brilhando.
- Filha senta aqui a gente precisa conversar com você. - Disse minha mãe assim que eu terminei de jantar, os pais da Roberta e a irmã dela estavam aqui jantando com a gente hoje. E assim como todas as noites, esperei todos terminar de jantar e recolhi as louças e lavei antes de me virar para seguir para o meu quarto, mas minha mãe me chamou. - Estamos preocupados com você. - Falou e eu encarei eles após me sentar ali, estavam todos me olhando como se eu fosse uma perdida, nem eu sabia que estava tão mal assim.
- Eu estou bem mãe, já falei que não quero falar sobre isso. - Comentei olhando para minha mãe que só virou seu rosto e encarou meu pai.
- Filha, você não fala com ninguém mais só fica no quarto, não sai e só fica lá estudando. Eu sei que você estava focada nisso, mas você precisa viver também, amanhã a gente vai no sítio você quer ir com a gente? - Agora eu precisava estar saindo todo dia para estar bem, eu ia sair com quem, não sei se eles lembram mas Roberta era pessoa que estava sempre saindo comigo e agora ela não está aqui.
- Não quero ir, posso ficar em casa não me importo de ficar sozinha. - Falei e meu pai negou, mas não falou mais nada quem decidiu falar foi a mãe da rô.
- A gente sente falta das suas brincadeiras, das suas risadas e de sempre estar incomodando a gente com suas piadinhas. A gente sabe que você está se sentindo sozinha, mas a gente está aqui se você quiser conversar. - Eu sabia disso e quando quisesse conversar eu ia falar não precisava deles me lembrando disso todos os dias já estava ficando chato isso.
- Não sei o porquê dessa conversa toda, não é como se eu tivesse me negando a continuar vivendo, eu estou aqui gente estou bem. Ela precisava fazer isso para conquistar o sonho dela, eu sempre soube que em algum momento isso aconteceria, não estou chateada com isso. Não preciso estar cem por cento também, ela terminou comigo. Mas agora eu tenho uma pergunta para vocês que sabiam de tudo e não pensaram em me contar antes, fiquei sabendo que ela liga para vocês todos os dias. - Levantei meu rosto e encarei eles já que sabia que eles estavam tentando esconder isso de mim, encarei eles que me olhavam surpresos. - Eu escutei o papai falando, mas minha pergunta é a seguinte: em alguma dessas ligações ela perguntou por mim? - Perguntei e os quartos queridos apenas baixaram seus rostos para não me olhar, apenas a irmã da Roberta que me olhava, mas não falava. - Eu sei que deve estar sendo difícil para ela, estar em um lugar longe da família tendo que fazer novas amizades e tudo, mas assim depois que ela me contou ela simplesmente não falou mais comigo eu até tentei e vocês viram muito bem isso, mas ela não quis. A gente era amigas desde criança, a gente sempre estava juntas, e quando ela me contou eu super entendi, ela que se afastou. Então eu acho melhor parar com esse negócio de toda hora querer me fazer conversar, eu não quero e já estou ficando irritada com isso. Eu sempre respeitei muito vocês tios, e isso vai ser assim para sempre. E outra coisa eu não sei se em algum momento vou querer conversar sobre isso e falar tudo que eu sinto sobre isso mesmo, então não precisa ficar me dizendo que vocês estão aqui para escutar eu já sei disso e agradeço muito, mas não quero falar agora se algum dia eu quiser conversar eu vou chegar em vocês. - Falei e eles concordaram. - Ela não perguntou por mim né? - Perguntei novamente e a irmã dela me olhou e negou, pelo menos ela era sincera.
- Não filha ela não perguntou, está sendo difícil para ela também talvez no futuro ela pergunte. - Concordei e fiquei encarando minhas mãos ali em meu colo e acabei desviando meu olhar para o colar que a gente tinha trocado, respirei fundo negando e me levantei para ir ao meu quarto precisava ficar sozinha.
- Você não vai mesmo com a gente no sítio? - Perguntou minha mãe e eu parei de caminhar e virei meu rosto e olhei ela que estava quase chorando, me virei e me aproximei dela.
- Mãe não precisa chorar mãe, eu estou bem, eu prometo. - Falei e ela me abraçou apertado, me sentei ao lado dela ainda no abraço e deixei um beijo em seu rosto. - Eu vou mãe, eu vou com vocês. - Mesmo que fosse uma bosta ir naquele lugar agora sem a rô, eu não podia fazer minha mãe chorar por alguma decisão minha, eu faria qualquer coisa para não ver ela assim. Fiquei ali abraçada a ela por um bom tempo, estava pensando tanto nessa situação que esqueci das pessoas em minha volta e que eles ainda estavam ali e eu precisava aproveitar isso. Não podia ficar o resto da vida chorando porque ela me deixou sem ela mesmo nem se deu o trabalho de perguntar sobre como eu estava quando teve oportunidade, já eu sempre perguntava para os pais dela se elas estava gostando e se estava bem lá. As vezes é melhor a gente deixar ir, mesmo ela sendo sem dúvidas o amor da minha vida eu não podia fazer nada, talvez eu não fosse o amor da vida dela isso era triste, mas eu tinha que aceitar. - Isso tá sendo muito difícil aceitar que ela nem quis saber como eu estou mãe, mas eu vou superar e só que é difícil eu amava ela e agora tipo ela não quis nem falar comigo nos últimos dias que estava aqui. Não sei porque ela fez isso, eu sabia que isso acontecer em algum momento e eu continuo torcendo muito por ela, meio que não precisava fazer isso. - Soltei minha mãe e encarei eles que estavam me olhando atentos. - Eu vou junto com vocês eu prometo, agora vou me deitar um pouco. - Falei e me levantei indo para o meu quarto, entrei no lugar encarando as paredes que tinha algumas fotos da gente desde criança. Ainda tinha algumas coisas dela ali no meu quarto, me joguei ali na cama e meu único objetivo era dormir logo para evitar de ficar pensando em toda situação. Acordei no outro dia bem cedo, saí do meu quarto já de banho tomado e pronta para ir até esse sítio, caminhei até a cozinha e meus pais estavam ali conversando alguma coisa sobre a Roberta que minha mãe contava para o meu pai, mas parou assim que eu cheguei. - Não precisa ficar fazendo isso, pode continuar falando, eu não ligo e é chato ficar querendo esconder as coisas de mim. - Me sentei e eles voltaram a conversar enquanto eu tomava meu café da manhã. Assim que terminamos ali os pais da Roberta já estavam chamando meu pai para a gente ir para o sítio, o caminho que sempre era feito em muito alegria e conversas dessas vez foi silencioso. - Passei o caminho todo respondendo às perguntas dos meus pais sobre o que eu estava esperando para o início da faculdade que começava na próxima semana, e eu estava querendo isso para conseguir seguir minha vida. Assim que chegamos no lugar eles estacionaram o carro no lugar de sempre, desci do carro em silêncio e ainda era bem cedinho dava para ver o nascer do sol que estava começando. Caminhei até o gramado e me sentei ali onde sempre a gente se sentava juntas para ver o nascer e o pôr do sol, encarei o céu e ele não parecia nada bonito hoje, estava sem graça, mas mesmo assim fiquei ali deitada na grama até o sol nascer. Definitivamente não foi nada legal como sempre foi, eu realmente preferia fazer isso com rô ao meu lado. Me levantei e entrei na casa vendo meus pais e os pais da Roberta conversando ali, passei por eles e segui para o meu quarto, abri a porta e encarei o lugar onde eu pedi ela em namoro e a cesta com os doces que eu comprei para ela ainda estava ali. Fechei a porta e voltei para a sala passando por meus pais novamente, caminhei até o lado da minha mãe e me sentei ali ao lado dela. Se ela estivesse aqui a gente estaria na piscina ou no meu quarto conversando, mas ela não estava e também não queria mais saber de mim e eu precisava aceitar isso.










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