Presente / part.4

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Sn

Encarei o teto do meu quarto e respirei fundo antes de negar, precisava me levantar ainda tinha que ir ao aniversário do meu pai. Tinha prometido que eu estaria lá e agora não queria quebrar minha promessa, meu pais já tinham até se acostumado a não ter eu presente nesses encontros da família e ele nem ligava mais, essa era a impressão que eu tinha. Mas a minha mãe se importava com isso e eu sabia que ela ficava triste quando eu não aparecia. Me levantei da cama e fui tomar meu banho, quando terminei me arrumei ali e sai do quarto. Ainda não tinha tomado meu café da manhã e minha barriguinha já estava doendo de fome, caminhei até a cozinha e comecei a preparar algo rápido. Não tinha muito talento na cozinha, mas eu me virava para fazer o mínimo. Preparei meu café e me sentei ali tomando meu café da manhã bem tranquilo como se não existisse problema nenhum para resolver, e eu também não estivesse um pouco estressada com esse aniversário. Estava terminando meu café quando meu celular começou a tocar, encarei a tela e era uma amiga minha que trabalhava na pizzaria como gerente de lá.
- Oi Laura, tudo bem? - Perguntei já que não era tão comum assim ela me ligar nesse horário até porque ela sabia que geralmente nesse momento eu estava na empresa, mas hoje eu só não estava em função do aniversário do meu pai.
- Ei Sn, estou sim. Tenho uma notícia para te contar. - Disse ela me deixando um pouco confusa.
- Notícia. - Falei confusa e ela riu concordando.
- Isso mesmo, você não vai acreditar mas Roberta esteve aqui hoje de manhã. - Comentou e eu fiquei em silêncio tentando entender se tinha escutado direito ou estava ouvindo coisas.
- Tem certeza que era ela Laura? - Perguntei já que na minha cabeça a mulher nem estava querendo me ver e muito menos ter algum tipo de contato comigo, e ela também não conhecia o lugar só se alguém tivesse levado ela até lá. - Ela estava sozinha? - Perguntei e Laura concordou.
- Sim, eu estava na cozinha e quando eu voltei ela tava aqui dentro observando todo o lugar. Era ela Sn, e eu fiz o que você disse que era para a gente fazer, deixar ela levar os chocolates. - Muito provável que alguém tivesse levado ela até lá, não é possível que ela ia achar o lugar assim do nada, ela nem mora aqui não tinha como isso acontecer.
- Achei que isso nunca fosse acontecer, não estou acreditando mesmo. - Falei e ela começou a rir.
- Bom, era só isso que eu tinha para te contar, vou voltar ao trabalho. - Disse isso e desligou me deixando ali ainda surpresa com essa última informação. Me levantei arrumando as coisas ali na cozinha, passei pela sala pegando minha mochila com algumas coisas do trabalho que sempre estão comigo em todos os lugares e então sai de casa já pegando a estrada em direção ao sítio, fazia um bom tempo que eu não passava o dia lá. Geralmente eu sempre ficava lá quando Roberta estava na cidade no período de férias, meus pais estavam sempre com a família dela e eu às vezes ia até o lugar passar o dia. Cheguei no lugar e como todas as outras vezes que eu vinha ali fiquei um bom tempo dentro do carro antes de criar coragem e descer, passei pela entrada do lugar e encarei o gramado, neguei e segui meu caminho para dentro de casa. Escutei risadas vindo da piscina e segui até lá, encontrando eles todos sentados ali conversando. Troquei um abraço rápido com todos e abracei minha mãe por um tempo e ela sorriu dando um beijo em meu rosto, tudo estava tranquilo até as pequenas chegarem ali para me abraçar foi nesse momento que elas falaram que estavam brincando com a tia rô. Levantei meu rosto em direção a piscina e ela estava sentada ali, por um momento eu acabei travando sempre achei que a gente nunca mais se encontraria já que nossa família fazia quase questão de fazer isso, talvez eles tivessem medo da gente acabar brigando e isso acabar com a amizade de anos deles. Acenei para ela que repetiu meu ato e sorriu, me virei e encarei meu pai que estava sorrindo, neguei encarando ele e caminhei até a mesa que tinha mais afastada e me sentei ali. Peguei minhas coisas do trabalho da mochila e larguei ali, começando a olhar algumas coisas que eu estava querendo melhorar. Minha mãe se aproximou de onde eu estava e sentou ao meu lado, parei o que estava fazendo e me virei ali abraçando ela de lado e dei um beijo em seu rosto.
- Tudo bem mãe? - Perguntei e ela concordou em silêncio.
- Você sabe que eu não gosto que se fique trabalhando quando a gente está assim todos juntos, ainda mais hoje que a família tá toda reunida. - Disse ela me olhando depois de um tempo e eu concordei, eu faria qualquer coisa por ela, minha mãe era a pessoa mais importante do mundo para mim.
- Tudo bem mãe, eu vou guardar as coisas. - Falei e ela sorriu, soltei ela e comecei a guardar minha coisas.
- Seu pai achou que seria bom vocês se encontrarem. - Comentou e eu neguei rindo, meu pai só queria fazer as vontades dele passou tempos querendo que eu não fosse nas saídas deles que a Roberta estava junta, e agora ele decidiu que é o momento da gente se encontrar, por favor não viaja.
- Eu só vim pela senhora mãe, não ligo para o que ele pensa. - Falei e ela concordou, sei que ela não queria escutar isso, mas era a mais pura verdade. Larguei minha mochila ali e comecei a prestar nos assuntos deles, era até triste pensar isso, mas fazia tempo que ali não era um lugar onde eu me sentia bem. A gente tinha que parar de fingir que um dia tudo voltaria a ser como era no passado, isso nunca mais ia acontecer. A família da Roberta ainda continua sendo a mesma, todos esses anos sempre deixavam claro quando Roberta estava de férias ali com eles e sempre deixavam claro que eu poderia estar junto com eles, mas meu pai sempre tentou impedir de eu estar com eles. No início ele sempre falou que era melhor eu me afastar para não sofrer, e acabou que foi isso que eu acabei fazendo, mas isso não me afastou deles, me afastou apenas dele. Às vezes eu até tentava ter um bom convívio com ele pela minha mãe que eu sabia que sentia falta de me ter ali perto deles, eu me esforçava para não deixar ela triste. Estava ali no meu canto prestando atenção nos assuntos, mas mexendo no meu celular não tinha muito o que fazer, ali não parecia ser mais meu lugar. Quando mais nova eu estava sempre fazendo brincadeiras e piadinhas para nunca deixar ninguém parado, mas agora eu já não me encaixava nesse papel e muito menos nesse lugar. Gostava muito dos pais da Roberta, assim como me dava muito bem com a irmã dela e a família dela, mas estar junto como no passado era estranho demais. Após longas horas ali em silêncio o almoço ficou pronto e eu pude finalmente aproveitar um pouco desse dia, me levantei para me servir e assim que fui pegar a colher para servir a Roberta estava ali ao lado assim que segurei o talher ela fez o mesmo juntando por um momento nossas mãos ali, mas eu rapidamente dei espaço para ela.
- Pode ficar a vontade. - Falei e ela sorriu me olhando, o sorriso mais lindo do mundo não tinha jeito. Ela podia até ter mudado, mas ela ainda parecia continuar sendo a mesma que era minha melhor amiga no passado. Me sentei com meu prato e fui almoçar, eles pareciam animados estavam todos bebendo a um tempo já, espero que eles não voltem dirigindo depois para casa.
- Não vai querer criança? - Perguntou o pai da Roberta e eu dei um sorrisinho negando.
Não tio obrigado, tô dirigindo. - Falei e ele concordou.
- Achei que você fosse ficar aqui também. - Comentou e eu neguei, não estava sabendo disso. - A gente vai ficar o final de semana aqui. - Me explicou e eu concordei, mas que lindo nem tinham me informado disso, que lindo essa família estava amando fazer parte dela. Terminei meu almoço e caminhei para a sala e me joguei no sofá e logo as pequenas se juntaram a mim. Liguei a tv para elas e as duas ficaram ali deitadas comigo, enquanto a gente conversava sobre os desenhos que passavam na telinha para a gente assistir.
- Filha a Roberta pode ficar em seu quarto? - Perguntou e eu apenas concordei. - Seu pai não te avisou sobre isso? - Virei meu rosto e encarei ela.
- Não mãe, ele não falou nada, mas fica tranquila, eu nem ligo mais. Pode deixar ela ficar no quarto não tem problema. - Sorri e ela se aproximou dando um beijo em minha cabeça.
- Ela esteve lá na pizzaria hoje. - Falou me olhando e eu desviei meu olhar do dela assim que uma das meninas me chamou para falar sobre o desenho, escutei ela e depois voltei a falar como minha mãe.
- A Laura me contou antes. - Comentei e ela concordou antes de seguir para a cozinha. Vi a movimentação delas trazendo todas as coisas usadas no almoço e me levantei indo para a cozinha e eu ia me prontificar de lavar as louças, já que eu não tinha ajudado em nada.
- Ei tia pode deixar que eu faço isso. - Falei chegando na cozinha e tia já estava se preparando para começar, mas eu neguei me aproximando.
- Não precisa minha filha pode deixar que eu faço isso, pode ir descansar. - Neguei e me aproximei abraçando a mais velha e afastei ela da cozinha.
- Pode deixar que eu faço isso, vai descansar tia. - Falei e ela sorriu antes de concordar. Me aproximei da pia e comecei a arrumar as coisas ali, estava quase na metade das coisas quando escutei passos entrando no lugar, virei meu rosto e encarei a pessoa por cima do meu ombro e Roberta estava entrando no lugar, voltei a fazer minhas coisas e ela se aproximou parando ao meu lado.
- Posso pegar um copo aqui? - Perguntou e eu apenas concordei dando espaço para ela fazer isso sem desviar minha atenção das louças que infelizmente não ia se lavar sozinhas. - Precisa de ajuda? - Perguntou e eu neguei, estava tudo sob controle, ela podia ir descansar também.
- Obrigada, mas não precisa se tá de férias precisa aproveitar com eles. - Falei e ela ficou ali me olhando por um tempo antes de se virar e então saiu. Terminei de lavar as louças e voltei para a sala mas as pequenas já não estavam mais ali, desliguei a tv e saí para a área de lazer e me joguei na rede e fiquei ali mexendo em meu celular. Não sei em que momento acabei pegando no sono e acordei depois com uma mãozinha brincando em meu rosto, abri meus olhos e a sobrinha da Roberta estava ali me olhando.
- Eles mandaram eu te chamar. - Falou sorrindo e se virou saindo correndo, me levantei meio sonolenta e encarei eles que estavam todos reunidos só me esperando para cantar o parabéns.
- Vou só lavar meu rosto, não precisa me esperar não. - Passei por eles e escutei meu pai falar.
- Eu faço questão de te esperar. - Parei de caminhar e me virei encarando ele e ri negando.
- Se fosse por você eu nem vinha. - Falei e ele fechou a cara e eu me virei e segui para dentro de casa, entrei no banheiro, lavei meu rosto e respirei fundo antes de sair de volta.
- A gente vai conversar mais tarde. - Disse ele parado ali na sala e eu neguei.
- Não, a gente não vai não, já passamos dessa fase de fingir que você se importa pai. Já cansei dessa sua palhaçada não era o senhor que não queria que eu visse ela? - Perguntei e ele me olhou sério. - O senhor tem sorte que eu realmente nunca ia ir atrás dela, até porque eu sempre achei que ela não queria me ver e não queria ficar forçando esse encontro. Mas agora pelo visto o senhor mudou de idéia né, achei isso bem interessante. - Falei e ele negou.
-Ela tava vivendo a vida dela, namorando e seguindo a vida não queria que você encontrasse ela nessa época porque eu não sabia qual seria sua reação. - Isso era uma piada tão engraçado, pelo amor de deus eu não sou criança não, sei que ela tava seguindo a vida dela assim como eu fiz também.
- Não sou criança pai, eu sabia que ela estaria seguindo a vida dela. Só achei desnecessário toda essa situação, vamos logo a mamãe vai ficar preocupada se a gente não voltar logo. - Passei por ele que segurou meu braço.
- Desculpa, não sabia que se pensava assim, você nunca falou muito sobre isso com a gente, ninguém nunca sabia o que fazer. - Concordei e puxei meu braço, já estava cansada dessas desculpinhas.
- Tá tudo bem pai. - Sai de casa e minha mãe me olhou me analisando e eu sorri e caminhei até ela dando um beijo em seu rosto e fiquei ali ao lado dela, só queria ir para casa dormir na minha cama, isso ia resolver muita coisa nesse momento.













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