Passado / part. 6

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Roberta

- Filha você precisa contar para ela. - Escondi meu rosto em minhas mãos e fiquei ali deitada na cama tentando esconder meu choro. Tinha acabado de ficar sabendo que tinha chegado a oportunidade de jogar na base de um time conhecido de vôlei, e era uma baita oportunidade para a minha carreira de atleta. Mas para isso acontecer eu precisava ir para outro estado para jogar, e isso incluía deixar minha família ali e ir morar sozinha lá nas dependências do clube onde tinha toda uma estrutura para a base. Já tinha conversado com o pessoal do time e tinha falado com meus pais e a gente já tinha viajado até lá para conhecer o lugar. E além de ter que ficar longe da minha família ainda tinha a parte que seria a mais difícil que era ter que deixar Sn para trás. A gente estava namorando há cinco meses e esses foram os melhores meses da minha vida, era bom demais estar com ela agora como namoradas. Ela me entendia muito bem e me conhecia como ninguém, seria difícil demais deixar ela para trás. Não sabia como seria a reação dela assim que eu contasse para ela, eu sabia que ela sempre torcia muito por mim, mas acho que até a gente não estava esperando que isso aconteceria assim tão rápido. A gente sabia que em algum momento eu teria que sair do meu estado para ir para outro lugar para tentar meu sonho de ser uma grande jogadora de vôlei.
- Mãe eu sei que preciso contar só ainda não sei como vou fazer isso. - Falei tentando fazer ela parar de me cobrar por algo que eu sabia muito bem que estava errada. Precisava contar para Sn logo, já tinha acertado com o time e viajava daqui duas semanas.
- Como assim você ainda não contou para ela que vai embora. - Falou meu pai e eu me virei na cama encarando ele que estava entrando no quarto.
- Ainda não contei pai, mas eu prometo que vou fazer isso hoje mesmo, só preciso de um tempo para tentar me acalmar, isso é difícil para mim também gente. Eu também não queria ter que terminar com ela agora, a gente está super bem e estamos felizes, também dói em mim ter que ir embora, mas e o meu sonho que está em jogo. - Falei para ver se eles entendiam que eu também estava sofrendo neste momento, não era só a Sn que ia ficar mal, eu também ficaria e ainda estaria longe deles e longe da minha cidade.
-Não acredito que você não contou, isso que são amigas desde sempre imagina se não fosse. - Disse minha irmã e minha mãe encarou ela que só se virou e saiu do quarto, ela tinha razão eu  deixei para contar só agora eu devia ter contato desde o início quando surgiu a oportunidade. Talvez isso acabaria com nossa amizade para sempre, ia doer tanto perder ela assim.
- Como que eu vou contar isso mãe, ela vai ficar super triste comigo talvez a gente nem devia ter começado esse namoro. Eu não pensei nisso quando aceitei o pedido de namoro dela, eu vou ter que terminar com ela mãe eu não sei se estou pronta para fazer isso. Sempre achei que a gente ia passar o resto da vida juntas. - Comentei e meu pai se aproximou sentando ao meu lado na cama e me puxou para um abraço apertado.
- Você não precisa terminar com ela, você vai estar longe sim, mas mesmo assim vai voltar para visitar a gente em alguns momentos. - Isso era uma opção, mas ela não merecia ficar presa a mim assim. O melhor era terminar e se no futuro for para a gente ficar juntas o destino vai se encaminhar de me trazer para ela de volta.
- Eu sei pai, mas ela não merece ter que estar em um relacionamento com outra pessoa longe assim. - Minha mãe sentou ali na cama e eu me joguei nos braços dela, precisava do abraço da minha mãe e de muito carinho. Precisava pensar no que ia falar com a Sn, e pensar no melhor jeito de contar tudo isso para ela de um jeito que não magoe ela. Sem falar no fato que precisa pensar em como vou terminar com ela assim, sendo que é notório o quanto a gente se gosta e se ama. Ainda não tinha pensado em toda essa situação e nem imaginava que seria tão difícil assim.
- Tem certeza que vai terminar com ela? - Perguntou meu pai e eu concordei, em algum outro momento se fosse para a gente ficar juntas o universo daria um jeito de juntar a gente novamente.
- Você sabe que ela vai ficar bem feliz de saber dessa oportunidade, e que vai estar sempre torcendo por você independente do que acontecer com vocês depois dessa conversa. - Eu sabia de tudo isso, sabia que ela era a pessoa que mais torcia para minha carreira dar certo e eu realizar meu sonho. Sabia que ela ia ficar muito feliz de saber que eu passaria a jogar na base de um time grande, mas mesmo sabendo de tudo isso ainda assim a gente sabia que teria que terminar e isso ia acabar com a gente.
- Eu sei mãe, prometo que vou conversar com ela hoje de tarde assim que ela chegar em casa. - Falei e os dois ficaram ali fazendo carinho em mim por um longo tempo até eu conseguir parar de chorar. Me sentei na minha cama assim que meus pais saíram do meu quarto e finalmente estava sozinha e conseguiria pensar em como falar com a Sn. Eu amava ela e isso nunca ia mudar, nem se no futuro a gente fosse apenas duas pessoas que eram amigas no passado eu ainda teria esse sentimento por ela. Sn era muito especial para mim e era por esse motivo que eu queria conversar com ela do melhor jeito possível para não acabar machucando ela ou deixando ela ainda mais triste. Passei o dia todo remoendo isso, não tinha vontade nenhuma de sair do meu quarto só levantei para almoçar porque minha mãe insistiu. Estava deitada na minha cama quando minha mãe apareceu ali no quarto.
- A Sn chegou, o Vitor veio conversar com seu pai e perguntou se era verdade que você tinha conseguido essa chance, eles já sabem mas ainda não contaram para a Sn. Acho melhor você fazer isso logo. - Concordei e me levantei da cama já saindo do meu quarto para ir falar com a minha namorada, assim que saí de casa meu pai estava ali conversando com tio Vitor. Encarei ele que sorriu assim que me viu, ele também torcia muito por mim e sempre me levava nos treinos quando estava chovendo e meu pai ou a mãe não conseguia. Me aproximei dele que me abraçou apertado e deixou um beijo em minha testa, e eu voltei a chorar novamente.
- Tio Vitor desculpa, eu prometo que vou contar tudo para Sn agora mesmo. - Falei já me desculpando, não aguentaria ver eles bravos comigo.
- Ei Roberta nada de choro, isso vai ser ótimo para você criança é um passo a mais que você está dando em direção ao seu sonho. Eu sei que vai ser difícil deixar a gente para trás, mas vamos sempre estar torcendo muito por você independente de onde você estiver. Fica tranquila a gente não estava brava com você, e minha filha vai te entender você sabe ela sempre foi sua maior incentivadora e isso não vai mudar. - Disse ele e eu sabia disso, mas mesmo assim era triste.
- Tudo bem, obrigada tio e bom saber que vocês vão estar sempre torcendo por mim. - Falei e me afastei, encarei ele que sorriu a tia que tinha acabado de chegar ali se aproximou me abraçando de lado e deixou um beijo em meu rosto.
- Vai lá meu amor, ela está no quarto dela. - Me afastei e caminhei até a casa deles, entrei no lugar e tudo estava em silêncio. Caminhei até o quarto da Sn e entrei encontrando ela deitada na cama toda jogada ali enquanto assistia alguma coisa na tv. Sn me olhou assim que eu entrei e ficou me encarando antes de se levantar.
- Que foi rô, você tava chorando? - Eu passei o dia todo chorando, então sim era bem notório isso para quem quisesse ver. Me aproximei da cama e ela se levantou já vindo em minha direção e me abraçou. - O que aconteceu rô? - Perguntou novamente e eu respirei fundo me preparando para contar o que tinha acontecido.
- Eu preciso te contar uma coisa. - Falei e me afastei me sentando ali na cama dela puxando ela para se sentar ao meu lado.
- Tudo bem, pode falar rô. - Disse ela antes de se aproximar para me dar um selinho.
- Eu recebi uma chance de jogar na base de um time maior. - Falei e encarei ela que sorriu assim que eu terminei de falar.
- E porque você está chorando rô, isso é muito bom assim você vai ter mais chance de crescer ainda mais e vai conseguir realizar seu sonho. - Comentou toda feliz, eu sabia que ela teria essa reação, mas essa não era a parte ruim.
- E em outro estado Sn você não entendeu isso, eu vou precisar mudar para lá eu vou morar lá Sn. - Falei e ela levou sua mão e entrelaçou com a minha e desviou seu olhar do meu.
- A era por isso que você estava chorando. - Comentou e eu concordei. - Quando que você vai? - Perguntou me olhando e ela já não estava sorrindo.
- Daqui duas semanas. - Sn concordou e passou seu braço por minha cintura e me puxou para mais perto dela.
- A gente ainda tem duas semanas para aproveitar antes de você ir, depois vamos ter que dar outro jeito talvez você possa vir até aqui nas suas folgas e eu também posso ir até lá te ver rô. - A não ela ainda não tinha entendido que era melhor terminar.
- Não Sn, e melhor a gente terminar eu não quero ficar te prendendo e eu vou estar longe e você vai estar aqui isso não vai dar certo. - Sn se afastou me olhando e negou.
- Não rô a gente não precisa fazer isso, podemos fazer dar certo a gente pode se visitar quando você tiver folga não precisa terminar. - Falou e me olhou e eu neguei.
- Você sabe que isso é o melhor a se fazer, isso nunca vai dar certo Sn a gente ainda pode ser amigas, no futuro se for para a gente ficar juntas a gente vai ter essa oportunidade. - Comentei e ela ficou me olhando sem demostrar reação nenhuma por um logo tempo. - Sn eu não quero estragar tudo o que a gente viveu, foi lindo e vai continuar sendo a gente segue sendo amigas, mas não posso te prender em um relacionamento que a gente nem sabe quando vai conseguir estar juntas. - Sn me olhou e concordou antes de respirar fundo.
- Eu não sei se você lembrar rô, mas existe uma coisa chamada avião que leva a gente rapidinho de um lugar para o outro, mas tudo bem não vou ficar insistindo nisso se é assim que você quer tudo bem. - Falou e uma lágrima escorreu em seu rosto. - Eu vou sempre estar torcendo por você rô, independente se a gente continuar sendo amigas ou não sei que você vai conseguir realizar seu sonho e vai ser uma das melhores levantadoras, boa sorte rô espero que dê tudo certo. - Comentou e me olhou sorrindo com seus olhos vermelhos, abriu os braços e eu me joguei em seus braços, abracei ela apertado e voltei a chorar ali no seu ombro, algo me dizia que esse seria o último abraço que ela me daria. - Vai dar tudo certo rô, não se preocupe comigo você precisa se concentrar no seu sonho. - Falou e deixou um beijo em meu pescoço. - Bom, se algum dia você quiser me ver eu ainda vou estar aqui. - Afastei meu rosto e encarei ela que estava com os olhos fechados, dei um selinho nela e me afastei.
- Obrigada por entender espero que você consiga ter sua pizzaria e consiga assumir as empresas da sua família eu vou estar na torcida por você. E espero que se eu conseguir jogar em um time profissional, espero que você acompanhe. - Falei e ela concordou.
- E claro que eu vou fazer isso rô, vou ser sua fã número um. E quando você voltar e eu já tiver minha pizzaria você pode ir lá pegar seus docinhos, assim como eu te falei que você podia pegar. - Comentou e algumas lágrimas voltaram a rolar em seu rosto.
- Me desculpa por isso, Sn, vou sempre torcer por você. - Trocamos mais um abraço e eu então me afastei e me virei saindo do quarto dela deixando ela ali. Sai da casa deles me segurando para não chorar e caminhei entrando no portão e meus pais que estavam ali conversando com meus tios me olharam. Caminhei até minha mãe e ela prontamente me puxou para um abraço apertado já iniciando um carinho em minhas costas.
- Como foi meu amor? - Perguntou meu pai se aproximando e eu encarei ele.
- Bem, mas eu acho que ela deve estar me odiando agora. - Falei e elas começaram a rir. - Ela entendeu só ficou triste, ela também disse que vai continuar torcendo por mim isso que importa. - Comentei e me soltei da minha mãe, queria ficar um pouco sozinha. - Vou me deitar um pouco. - Falei e caminhei para o meu quarto me jogando em minha cama e ali fiquei chorando um pouco em silêncio.

















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