Presente / part. 1

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Roberta

Tranquei minha respiração no momento em que Gabi subiu para atacar, bola essa que podia se o ponto final do jogo dando a vitória e a medalha das olimpíadas de Paris para a gente, depois da prata em Tóquio a gente estava na final das olimpíadas de Paris e estávamos na frente só precisava de um ponta para acabar o jogo. Encarei o movimento completo de ataque da nossa capitã e segui a linha que a bola fez até cair na quadra adiversaria, a gente tinha conseguido depois de tanta cobrança de pessoas e até da gente mesmo conseguimos trazer essa medalha para o nosso país. E a gente merecia tanto essa medalha, muitas desse grupo estavam fazendo sua última participação em olimpíadas e outras fazendo talvez seu último jogo da carreira como ela mesmo tinha contado para a gente antes do jogo. Nosso equipe soube trabalhar muito bem sobre pressão e conseguimos fazer um ótimo campeonato e o resultado veio, trabalhamos muito para estar aqui e conseguimos realizar o sonho que era de muitas de nós. Era meu sonho desde quando eu iniciei no vôlei, queria muito conquistar uma olimpíada e eu tinha conseguido isso. Levei minha mão ao meu pescoço e puxei os colares que estavam ali, deixei um beijo neles e apertei forte em minha mão, sabia que independente de onde ela estava a mulher estava assistindo ao jogo nesse momento, foi isso que ela me prometeu antes deu ir embora aquele dia. Passei todos esses anos indo visitar meus pais nas férias, mas em nenhum momento encontrei ela, sabia que estava bem, estava fazendo faculdade e estudando para assumir as empresas da família dela, mas em momento nenhum vi ela. Tinha certeza que eles avisavam ela quando eu estava indo para lá e ela saía, até no sítio eu fui com os pais dela na esperança de reencontrar ela, mas não tive sorte ela não estava lá também. Depois de um tempo deixei de tentar encontrar ela, já tinha percebido que ela não queria isso então não ia forçar nada eu não tinha direito de querer fazer isso. Sempre mantive comigo os colares que ela me deu, um deles a gente tinha trocado e prometemos que só seria trocado após eu ser campeã das olimpíadas, e o outro era o que ela me deu no pedido de namoro. Sempre guardei eles comigo, não queria perder eles era de uma pessoa muito importante para mim, mesmo que agora a gente seja apenas duas desconhecidas. Levei minhas mãos ao rosto quando escutei a arbitra marcar nosso último ponto consagrando a gente campeãs, entrei em quadra ao lado das outras companheiras de equipe que estavam ali no banco. Fui puxada pelo braço para um abraço ali junto das meninas que estavam todas em um círculo abraçadas, entre muitos abraços e muitas lágrimas de felicidade e de dever cumprido, subimos ao pódio de mãos dadas assim como entramos em todos os jogos, sorrindo entre algumas lágrimas eu encarei a medalha de ouro sendo colocada em meu pescoço e segurei ela em minhas mãos trazendo até próximo ao meu rosto e sorri dando um beijo nela. Esse era o meu maior sonho e eu tinha acabado de realizar ele, a felicidade do momento era algo surreal. Realizar o sonho que a gente passou uma carreira toda se dedicando para chegar nesse momento, e hoje estava aqui comemorando esse momento. Após todas as comemorações feitas ali dentro da quadra, muitas fotos tiradas para sem dúvidas postar mais tarde, a gente finalmente saiu da quadra indo em direção ao vestiário. Enquanto as meninas gravavam algumas coisas ali e tiravam fofos eu caminhei até onde estava as minhas coisas e me sentei ali, levei minha mão até meu colar segurando eles e fechei meus olhos agradecendo por tudo, era como um filme que passava em minha cabeça nesse momento. Vários momentos que foram importantes para eu chegar até aqui nesse momento, quando comecei no vôlei, quando me mudei para começar a jogar na base do meu primeiro time, os títulos, as premiações, isso tudo vinha em minha cabeça nesse momento. Senti os braços em volta de mim e abri os olhos vendo Rosa me abraçar apertado, ela era uma das minhas melhores amigas que o vôlei me deu e a gente sempre estava juntas quando dava, uma sempre apoiando a outra nos momentos difíceis. Me virei abraçando ela e logo as meninas foram se juntando a esse abraço virando um grade círculo e logo já estava todo mundo comemorando de novo. Me sentei ali e peguei meu celular vendo algumas mensagens dos meus pais e da minha irmã me mandando os parabéns, a família da Sn também tinha me mandado mensagem falando que estavam todos reunidos na casa dos meus pais para assistir ao jogo, até recebi uma foto deles e por um momento eu tive esperança de que Sn estaria ali com eles, mas ela não estava. Achei que isso não ia me afetar tanto, mas acabou me dando um pequeno incômodo, mesmo não tendo feito as coisas muito certas eu ainda achei que ela estaria junto com eles. Era como se faltasse alguém ali, passei um bom tempo encarando meu celular na esperança de talvez receber mais fotos deles com ela junto, ou alguma mensagem dos meus pais dizendo que ela estava ali com eles, mas isso não aconteceu. Desliguei meu celular e deixei ele ali de lado, não podia ficar pensando nisso precisava aproveitar esses momento que era único. Dei um beijo ali no colar e larguei ele respirando fundo e comecei a tirar meu tênis e guardar as coisas que estavam espalhadas por ali.
- O Roberta sempre quis saber o porquê de você usar esses dois colares aí? - Levantei meu rosto e encarei Gattaz que me olhava curiosa.
- Quero saber também tá sempre usando eles. - Disse Rosa se metendo na conversa e eu apenas sorri.
- Eu ganhei de uma pessoa muito importante para mim. - Falei e elas começaram com suas piadinhas, mas eu nem dei bola e continuei fazendo minhas coisas ali. Voltamos para o hotel e as meninas já estavam combinando algo para fazer a noite e comemorar a medalha, a gente não podia ir até muito tarde porque no outro dia já estava todo mundo voltando para o Brasil. Não via a hora chegar no Brasil e ir direto encontrar minha família, assim que a gente chegasse no Brasil cada uma ia para a sua cidade encontrar sua família e depois a gente ainda tinha o sul americano, mas já tinham avisado que a gente ia ser poupadas. Essa tinha sido minha última temporada fora do Brasil, depois de alguns anos ali eu resolvi voltar para casa, aceitei uma proposta de um time do Brasil e nessa próxima temporada já jogo aqui. Já passei muitos anos longe da minha família e agora seria mais fácil eu conseguir ver eles nas folgas se eu quisesse. Embarquei para o Brasil no outro dia ao lado de todo o time e entre a gente era só festa, todos sorrindo, cantando e fazendo a festa. Assim que chegamos ao Brasil cada uma indo para o seu lado, nos despedimos ali antes de cada uma pegar seu próximo vôo para casa. Mandei mensagem para os meus pais avisando que já tinha chegado no Brasil e estava pegando o próximo vôo, deixei avisado a hora mais ou menos que eu ia chegar para eles me buscar e minha irmã ficou responsável de fazer isso. Quando desembarquei em casa minha querida irmã já tinha avisado que estava ali me esperando, rapidinho fiz o que precisava fazer ali, peguei minha mala e sai pelo lugar procurando os bonitos e encontrei eles ali de pé me esperando. Me aproximei trocando um abraço apertado com a minha irmã e com o marido dela, e já reclamei que minhas sobrinhas não estavam ali com eles, estava morrendo de saudade delas. Cheguei em casa minutos depois e estava nervosa dentro do carro, encarei a casa dos pais da Sn e tinha um carro diferente ali na frente, nunca tinha visto ele ali, talvez o tio que tinha trocado de carro.
- É da Sn. - Disse minha irmã e eu encarei ela. - O carro que você tá encarando e da Sn, ela veio trazer umas coisas para os pais dela. - Explicou e eu concordei, tinha vontade de falar com ela mas ia deixar isso para outro momento se eu tivesse oportunidade. Sai do carro da minha irmã e segui para dentro de casa, entrei no lugar e encontrei todo mundo reunido na sala de casa, meus pais, minhas sobrinhas e os pais da Sn. No momento em que eles me viram ali já se levantaram vindo me abraçar e dar os parabéns pela a conquista, todos eles sabiam que esse era o meu maior sonho. Conversei bastante com eles e me sentei ali no sofá, estava cansada de tantas viagens e estava quase morrendo de fome. Me levantei e fui até a cozinha onde minha mãe tinha deixado algumas coisas prontas para me receber, me sentei ali e fiquei comendo.
- Roberta, não sei se você vai estar aqui, mas na sexta vai ser meu aniversário e eu queria que você estivesse lá comemorando com a gente como nos velhos tempos. - Disse o pai da Sn e eu concordei eu ia estar aqui e eu com certeza estaria lá.
- Onde vai ser tio Vitor? - Perguntei olhando para ele que estava ali parado na entrada da cozinha.
- A gente vai fazer lá no sítio. - Falou e eu concordei sorrindo, não sei se estaria animada para isso, mas pelo menos eu encontraria Sn depois de anos.
- Pode deixar tio, eu vou ir sim. - Falei e ele sorriu antes de voltar para a sala. Terminei meu café e arrumei as coisas ali antes de ir para o meu quarto, minha mãe já tinha largado minha mala lá. Entrei no lugar e sem muita demora tomei um banho e me deitei, precisava de umas horas de descanso. Dormi umas três horas e foi ótimo, quando acordei já era início da tarde, saí do quarto e encontrei meus pais ali na sala.
- Oi filha, que bom que você acordou, tenho uma coisa para te entregar. - Disse minha mãe e eu encarei ela confusa porém muito curiosa.
- O que mãe? - Perguntei e ela me puxou até a entrada do quarto deles e me pediu para esperar ela ali.
- A Sn esteve aqui no domingo após o jogo e pediu para te entregar isso. - Falou e eu encarei ela ainda mais surpresa, a Sn tinha mandado me entregar isso. - Ela não me falou muito coisa, ela não fala mais muito coisa na verdade. Mas ela apenas disse que quando você estivesse aqui era para entregar para você, que você ia entender. - Explicou minha mãe quase tão confusa quando eu, a primeira coisa que eu lembrei foi a promessa de anos atrás quando a gente falou que ia trocar o colar de volta quando eu ganhasse a medalha de ouro nas olimpíadas. - Aliás filha eu e seu pai ficamos confusos, não sabíamos que vocês tinham conversado esses anos. - Disse ela e eu neguei, a gente nunca conversou em momento algum depois de tudo que aconteceu.
- A gente não conversou mãe, vou dar uma olhada nisso aqui depois eu volta para contar o que era. - Falei e ela sorriu concordando, me virei e voltei para o meu quarto largando a caixinha toda bonitinha ali em cima da cama. Abri a caixa e encarei dentro dela e neguei rindo, Sn tinha realmente lembrado da nossa promessa. Tinha deixado o colar ali no encaixe certinho na tampa da caixa onde ele ficava parado ali pendurado, embaixo dele tinha uma espécie de cartão dando os parabéns pela medalha de ouro e avisando que tinha cumprido sua promessa, e dizendo que eu podia deixar o colar dela com minha mãe que ela vinha buscar. E ainda deixou alguns dos meus chocolates preferidos ali com um recadinho super fofo falando que esperava que eu ainda gostasse deles, sorri encarando a caixinha e peguei o colar larguei na cama já indo tirar o colar dela que estava em meu pescoço e troquei eles, eu ia entregar esse colar para, nem que eu precisasse ir até a casa dela para fazer isso. Fechei a caixinha e saí do quarto com ela em mãos, caminhei até a cozinha onde meus pais estavam e mostrei para eles.
- A Sn fez isso? - Perguntou meu pai e eu concordei.
- A gente trocou antes de começar a namorar aquela época nossos colares que a gente ganhou de vocês quando criança, e a gente prometeu trocar quando eu ganhasse a medalha de ouro nas olimpíadas e agora eu ganhei, aí ela me mandou o colar e um recadinho com os chocolates. - Expliquei e os dois se olharam pareciam surpresos com essa atitude da mulher, eu não sabia como ela estava agora a única informação que eu tinha era que ela estava cuidando das empresas da família dela e que estava bem, mais nada. - Porque vocês estão surpresos? - Perguntei encarando eles que me olharam.
- A Sn não demonstra muita coisa sabe, ela costumava ser mais carinhosa agora ela ainda é, mas não tanto quanto antigamente. - Disse meu pai e eu concordei.
- Sem falar que agora ela está sempre focada naqueles trabalhos dela, isso é realmente surpreendente. - Falou minha mãe e meu pai concordou, me sentei ali e peguei um chocolate, eu estava de férias eu merecia.
- E como você vai entregar para ela? - Eu daria um jeito.
- No aniversário do tio Vitor. - Falei como se fosse óbvio.
- Isso se ela estiver lá. - Comentou meu pai e eu encarei ele, impossível que a Sn não estaria no aniversário do pai dela.
- Ela não vai faltar no aniversário do pai dela. - Falei mas fiquei ansioso querendo saber se ela estaria lá ou não.
- Ela esteve aqui hoje de manhã, se você tivesse chegado um pouco mais cedo tinha encontrado ela. - Disse minha mãe sorrindo eu realmente queria muito encontrar ela.
- E vocês acham que ela não está querendo me ver? - Perguntei e meu pai negou.
- Ela assiste seus jogos, eu fui lá na empresa uma vez e entrei na sala dela e ela estava assistindo ao jogo. Ela mudou bastante esses anos, mas eu acho que ela não faria nada para não te encontrar, e depois disso impossível ela fazer isso. - Falou e eu concordei, se ela não quisesse me ver não teria mandado isso para mim isso era um bom sinal. Deixaria isso para descobrir no final da semana no aniversário do pai dela, só torcia para que ela estivesse lá.

















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